O
triênio de 2015 a 2017 foi extremamente danoso para o mercado de trabalho
formal na Feira de Santana. No intervalo, foram extintos, no saldo, 12.208
postos. Quando se considera que 2014 também não foi nada auspicioso – 914 vagas
evaporaram, no saldo – chega-se a uma cifra impressionante: 13.122 vagas
extintas, no saldo. A catástrofe reflete a mais aguda crise econômica
enfrentada pelo País em décadas, com forte efeito sobre o município, conforme
atestam as estatísticas.
Mas
parece que, de fato, a crise começa a arrefecer por aqui. É o que mostram os
números mais recentes sobre o desempenho do mercado de trabalho. A recuperação
vem sendo consistente: em 2017, o saldo final foi positivo em apenas 389
postos. Mas isso graças ao desempenho do último trimestre do ano, quando foram
criados 1.076 empregos, no saldo.
A
arrancada prosseguiu no primeiro bimestre de 2018: em janeiro e fevereiro foram
gerados, no saldo, 703 empregos. Janeiro foi o mês com resultado mais
favorável: 502 novos postos. Desde outubro – são cinco meses contabilizados – o
único mês com queda foi dezembro, com menos 56 vagas. E os dois primeiros meses
do ano, tradicionalmente áridos para o mercado de trabalho, surpreenderam
positivamente.
Em
circunstâncias normais, haveria razões para indicar que a crise econômica,
finalmente, findou. O interminável quiproquó político, porém, exige cautela: é
difícil apostar nas eleições que podem, simplesmente, produzir mais
instabilidade. Isso retardaria a retomada da produção, com efeitos danosos
sobre o emprego.
Construção Civil
Os
números sobre a Feira de Santana trazem um alento para os profissionais da construção
civil: é que, no bimestre, os serventes de obra – os ajudantes de pedreiro – contaram
com a abertura de 101 vagas, no saldo; os pedreiros, por sua vez, foram
contemplados com 86 oportunidades, também no saldo. O desempenho representa um
alento para os profissionais duramente castigados pela crise econômica.
No
fatídico triênio 2015/2017 só os serventes de pedreiro testemunharam o
encolhimento de 2.123 postos de trabalho; os pedreiros, mais 1.429 oportunidades
a menos. O desastre decorreu da exaustão do boom
imobiliário que absorveu quantidade significativa de mão de obra e que era
sustentado, sobretudo, pelos investimentos públicos em habitação popular.
É
óbvio que enxergar a retomada daqueles níveis de investimentos é ilusão,
sobretudo em função da situação das contas públicas. Mas é possível que, após a
suspensão de novos lançamentos por longo intervalo, a demanda reflita algum consumo
que se restabelece. É pouco em relação àquilo que foi perdido, mas é um alento.
Demais setores
Quem
também impulsionou a geração de postos de trabalho foi o telemarketing. No
total, foram gerados 303 postos no saldo, entre o atendimento ativo e o
receptivo. É o setor que, na Feira de Santana, vem passando ao largo da crise,
com a geração contínua de oportunidades. Os salários é que não são nada
atraentes: R$ 784,21, na média, para as funções ativa e receptiva; e R$ 888,56
para o telemarketing ativo.
Note-se
que as mudanças trabalhistas promovidas por Michel Temer (MDB), o mandatário de
Tietê, ainda não surtem efeito pleno. A redução salarial, por exemplo, não foi
sentida em sua plenitude. É algo que futuras investigações vão desnudar melhor.
Não deixa de ser
alvissareiro – depois de uma tenebrosa recessão – constatar que, finalmente, a
Feira de Santana começa a sair do atoleiro econômico. Isso, claro, se as
incertezas políticas se desfizerem, o que não parece garantido. Vai ser
necessário apurar, também, a qualidade dos postos de trabalho que estão sendo
gerados.
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