Amanhã (18) começa, informalmente, a
Micareta de Feira de Santana. É que, embora a abertura oficial aconteça apenas
na quinta-feira à noite, muita gente já vai às ruas antecipar a folia feirense.
Blocos alternativos – como o Zero Hora, que reúne os profissionais da imprensa
–, puxados por bandas de sopro que tocam marchinhas de antigos carnavais,
costumam garantir a animação do feirense mais boêmio e ansioso, que prefere
antecipar o início da folia. Há menos gente na avenida, mas mesmo assim sobra
animação.
No domingo já houve uma prévia na rua
São Domingos, lá nos Capuchinhos – batizada como “esquenta” –, iniciativa
recente, que começa a se firmar no calendário pré-micaretesco. Outra iniciativa
interessante foram os ensaios realizados no Mercado de Arte Popular (MAP),
desde fevereiro, que atraíram muitos feirenses.
Eventos do gênero constituem
alternativa interessante – e gratuita – de lazer para o feirense nos finais de
semana e, ao mesmo tempo, ajudam na promoção dos artistas locais, que nem
sempre dispõem de oportunidades para mostrar seu talento. De quebra, resgatam
as prévias da Micareta. Esses shows, a propósito, deveriam se multiplicar no
período que antecede a festa.
Noutros tempos a Micareta era precedida
por uma série de eventos – bailes, festas, ensaios – que ajudavam a despertar
no feirense o apetite pela folia. A elite, evidentemente, frequentava os clubes
– o Feira Tênis Clube e, sobretudo, o Clube de Campo Cajueiro – e o povão, os
salões das filarmônicas, esbaldando-se em bailes célebres.
Calendário definhou
Nas últimas décadas o calendário que
antecedia a Micareta definhou: os clubes entraram em franca decadência e, hoje,
são pouco mais que lembranças dos que viveram aqueles tempos; Destino similar
esperava os salões das filarmônicas. Do brilho e do glamour dessas festas
restam as lembranças nos antigos jornais feirenses.
Isso contribuiu – embora,
evidentemente, não seja o único fator – para a decadência da folia feirense.
Micaretas se proliferaram Bahia e Brasil afora, retendo potenciais turistas que
poderiam até desembarcar por aqui e, engessada e burocrática, a primeira
Micareta do País perdeu aquele magnetismo de outros tempos.
Parece que está chegando a hora da
folia feirense se reinventar. Fenômeno similar vem acontecendo nas grandes
capitais brasileiras – com seus apoteóticos blocos de rua, que mobilizam
milhares de foliões – e até mesmo Salvador, com sua festa solidamente
consolidada, vive uma fase de mudanças intensas.
O “esquenta” e os ensaios no MAP são passos iniciais,
ainda tímidos. Mas já servem para mostrar que existe espaço para inovação. É
consenso que a Micareta atravessa uma fase em que não encanta sequer os
feirenses, pois muitos preferem viajar no período. Torna-se, portanto,
imprescindível ajustar a festa ao gosto da população, resgatando sua cultura,
suas tradições e valorizando as manifestações culturais que são essencialmente
feirenses.
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