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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

Pacotes de obras podem ser vitrine ou vidraça

Ano de eleição é período bom para se tentar discutir questões estruturais que envolvem a vida dos municípios. Incluindo aí, óbvio, as da Feira de Santana. Quem acompanha com atenção o noticiário político percebe que as “grandes obras” dominarão, mais uma vez, a agenda eleitoral. O atual prefeito, Colbert Filho (MDB) – candidato à reeleição – saiu na frente, anunciando um amplo pacote. As intervenções incluem a duplicação de dois viadutos – os das avenidas Maria Quitéria e João Durval – e a requalificação do centro comercial, que vai começar depois da controversa remoção dos camelôs e ambulantes para o Shopping Popular, ali na área do Centro de Abastecimento. O início da operação do BRT – Bus Rapid Transit – é outra promessa. Como a obra se arrasta há muitos anos, também figura no rol das polêmicas. Os sucessivos adiamentos na inauguração do Shopping Popular, a rejeição manifesta de muitos trabalhadores à remoção e a excessiva proximidade do calendário eleitoral – que amplifica os

George Américo e a ocupação do antigo campo de aviação

Provavelmente nenhum bairro de Feira de Santana nasceu como o conjunto George Américo: cercado de polêmicas, disputas judiciais e alvo da atenção até da imprensa nacional. O começo de tudo tem data precisa: madrugada de 28 de novembro de 1987, quando cerca de cinco mil pessoas – a estimativa é da imprensa, à época – ocuparam o antigo aeroporto da cidade que os mais antigos denominavam “campo de aviação”, contíguo ao bairro Campo Limpo. À frente do grupo estava o intrépido líder dos sem-teto, George Américo Mascarenhas, então com 26 anos, conhecido como “rei das invasões”. O Jornal do Brasil - diário carioca que foi o principal jornal impresso do País durante muito tempo – registrou, na edição de 5 de dezembro daquele ano, que o terreno “foi ocupado numa ação programada pelos sem-teto, em que não faltaram o hasteamento da Bandeira do Brasil e o canto do Hino Nacional”. A publicação também registrou o cenário inicial daquilo que lembrava muito um acampamento ou um campo de refugiado

No ritmo atual, Feira vai levar décadas para resgatar nível de emprego

Jair Bolsonaro, o “mito”, passou a campanha eleitoral de 2018 vendendo facilidades na economia. Matreiro, esquivava-se do debate, alegando que não entendia do tema.  Mas assegurava que Paulo Guedes – o que posteriormente foi chamado de “Tchutchuca” em uma audiência no Congresso Nacional – tinha soluções ultraliberais mágicas, cujos efeitos logo se fariam sentir. Bastaria alguém com coragem na presidência da República – ele, com seu repertório de impropérios – para que, em pouco tempo, o maná se desprendesse dos céus. Lá se vai mais de um ano. É ocioso mencionar o amplo leque de absurdos que se vomita a partir do Planalto. Mas não é reconhecer que, até agora, o “mito” e sua trupe tem poucos resultados para brandir. Basta cotejar números, sem o espírito de gincana que domina o País há um bom tempo. Aqui na Feira de Santana foram gerados, no ano passado, 729 postos formais de trabalho. Os números são do Ministério da Economia. Registraram-se 34,3 mil admissões e 33,5 mil demissões. N

Bolsa Família encolhe e Legislativo feirense silencia

Os acólitos do “mito” podem argumentar que ele não se comprometeu com assistência social, nem com a erradicação da pobreza na campanha presidencial. E estão certos: Jair Bolsonaro se limitou – num arroubo populista – a pagar uma parcela adicional do Bolsa Família em 2019. E se encerrou aí qualquer compromisso. No Brasil, a fila de um milhão de famílias à espera do benefício, desde o ano passado, não espanta os mais atentos. Afinal, a turma que está no Planalto nunca se comprometeu com pobre. Em diversos textos anteriores mencionamos a queda contínua no número de beneficiários na Feira de Santana, desde o início de 2015, quando a crise econômica que se arrasta, infindável, estava apenas começando. Naquela época, 42,8 mil famílias eram atendidas pelo Bolsa Família. No ápice da iniciativa foram 51,5 mil, em abril de 2012. No relatório mais recente do afamado Ministério da Cidadania, de novembro do ano passado, restavam 30,2 mil famílias beneficiárias. Mesmo na áspera era Michel Temer

5,3 mil homicídios em Feira no século XXI

Faltam, ainda, onze meses para a década terminar. Mesmo assim, desde já, pode-se afirmar que este é o decênio mais violento da história da Feira de Santana. Somando tudo desde 2011 – os dados são oficiais, da Secretaria da Segurança Pública – até 2019, são exatas 3.134 mortes contabilizadas. Na década anterior somaram-se precisas 2.159 mortes. Um salto de 45,15%. Aqueles que apertam o gatilho – e que nem sempre são identificados – seguem atuando com desenvoltura: só em janeiro foram mais de 30 mortes. Em fevereiro, que apenas começou, a estatística macabra segue se ampliando, com mais cadáveres contabilizados. “Todo dia morre um em Feira de Santana” comenta o povo, pelas esquinas, com ar de espanto, todos os dias. Desde 2001 e até 2019 foram assassinadas 5.293 pessoas no município. Somados ao estoque de 2020, já se ultrapassou a marca dos 5,3 mil homicídios. É quantidade suficiente para um conflito de grandes proporções, a exemplo daquelas guerras sangrentas que rebentam em remota

Petismo está “endireitando”?

O petê resolveu surfar na onda militar que fez tanto sucesso nas eleições de 2018. Em Salvador, a legenda pretende lançar uma major da Polícia Militar, Denice Santiago, como candidata à prefeitura, numa concertação dos cardeais da legenda. O arranjo, pelo jeito,ejetará quatro pré-candidaturas do partido. É o que noticia a imprensa soteropolitana. Por enquanto, nenhum dirigente do PT desmente as articulações. Além de não ser filiada à legenda, a militar não tem experiência político-partidária anterior. Noutros tempos, a costura causaria espanto. Afinal, o festejado Partido dos Trabalhadores não tinha – até agora, ressalte-se – nenhum laço mais forte com os quarteis. Subitamente, o partido resolveu cogitar a policial, que ano retrasado chegou a ser sondada para ser candidata a vice-governadora na chapa de José Ronaldo de Carvalho (DEM), o ex-prefeito feirense. O repertório militar nesta fase pré-eleitoral não se esgota aí. Afinal, faz tempo que o deputado federal Pastor Sargento Isi

Surpresas climáticas do imprevisível verão de 2020

O clima voltou a ser tema obrigatório nas conversas entre os feirenses. Nos janeiros tórridos o calor implacável é o mote mais comum. As ruas, esvaziadas pelo período de férias, costumam ficar ainda mais desertas com a temperatura escaldante. É mês de pouca novidade, mesmo em relação ao clima. Em 2020, porém, escancaram-se surpresas que vão muito além do habitual sol a pino. Os aguaceiros que se precipitam desde o início do ano ocupam os papos e, também, o noticiário nas tevês, nas emissoras de rádio, nos sites noticiosos. Domingo (26) foi dos dias mais agitados. Hoje a tecnologia permite que o próprio cidadão registre suas agruras, encarnando o repórter amador. Dezenas de vídeos exibindo enxurradas e alagamentos circularam pelas mídias sociais. Nalgumas ruas formaram-se ondas indóceis, que ameaçavam os imprudentes. Noutras, gente modesta perdeu as magras posses, danificadas pelas torrentes que invadiram residências. Vias tradicionais se tornaram intransitáveis, com espessas lâmin

Uma crônica de Aloísio Resende sobre o cinema

Há quase 100 anos o poeta feirense Aloísio Resende publicou uma crônica bem-humorada sobre o sucesso arrebatador do cinema mundo afora e, também, aqui na Feira de Santana. Saiu na edição de 7 de agosto de 1921 do extinto jornal feirense A Flor: “No decorrer destes últimos tempos o cinema tem seduzido a humanidade, tornando-se a sua distração favorita, a sua paixão predominante”. Segundo ele, raros eram os jornalistas, poetas e “rabiscadores de croniquetas e rodapés” que não suspiravam por uma estrela americana em ação nas telas. Mais adiante ele diagnostica a epidemia no município: “Aqui na Feira mesmo, é muitíssimo resumido o número dos que não conhecem o arrojado Eddie Polo, o famoso Elmo Lincoln , o cínico conquistador Eric Von Stroheim , o irrisório Carlito , a destemida Mary Walcamp , a genial Virgínia e a debochada Priscilla ”. Segundo ele, muitos cinéfilos passaram a nutrir paixões secretas pelas atrizes que desfilavam nas telas. Sentimento que custava pouco, conforme sua

Novo regime celebra, mas Bolsa Família definha

Começou o pagamento da 13ª parcela do Programa Bolsa Família (PBF). A promessa de Jair Bolsonaro, o “mito”, foi feita num arroubo durante a campanha eleitoral do ano passado. A medida vale apenas para 2019. Para o ano que vem, os beneficiários da iniciativa devem aguardar mudanças. É o que promete o governo, que pelo visto vai se enfronhar numa batalha com a Câmara dos Deputados por protagonismo na área social. O que vai sobrar disso para o beneficiário ainda é uma incógnita. É visível o pouco apreço dos novos donos do poder pelos beneficiários do PBF. Em inúmeras declarações cultivam preconceitos contra os pobres que, por escassez de oportunidades no mercado de trabalho, dependem dessas transferências. Eles não se limitam, porém, às palavras. Pouco fizeram ao longo do ano e Feira de Santana é uma excelente referência para a constatação. Em outubro, exatas 31.076 famílias foram contempladas com o repasse de R$ 3,953 milhões. Há, no valor, uma discreta melhora em relação ao montant

Preços de alimentos sobem e penalizam os mais pobres

Os preços dos itens que compõem a cesta básica deram um salto no mês de novembro em Feira de Santana: 1,73% de aumento em relação a outubro. Adquirir os 12 produtos para uma família de quatro pessoas exigiu o desembolso de R$ 297,63. As informações são do Projeto Cesta Básica, desenvolvido pelo Departamento de Ciências Sociais Aplicadas (DCIS) da Universidade Estadual de Feira de Santana, a Uefs. Desde junho, quando o levantamento começou a ser feito, é a primeira vez que se registra oscilação positiva. O preço da carne – que se tornou o grande tema nacional nos últimos dias – subiu 7,08% em novembro. Mas houve itens que subiram bem mais: o feijão registrou elevação de 11,21% e a prosaica farinha de mandioca, indispensável na dieta do nordestino noutros tempos, experimentou aumento ainda mais significativo: 14,86%. O arroz, que completa os pratos mais tradicionais, também subiu, mas em percentual mais modesto: 1,8%. Seis itens registraram decréscimo, destacando-se a banana-prata (

Economia feirense precisa de empregos de qualidade

O movimento no comércio feirense agora em dezembro tem sido mais intenso que nos anos anteriores. Pelas calçadas, vê-se gente se acotovelando, conduzindo embrulhos, retardando o passo para examinar produtos, ocupando restaurantes e lanchonetes nos horários de refeição.  Mesmo com o indescritível calor que atormenta os consumidores – a sensação térmica vem superando os 40 graus com relativa facilidade – pode se concluir que, desde pelo menos 2014, não havia tanto ânimo às vésperas do Natal. Liberar parte do FGTS – muita gente sacou os R$ 500 que contribuíram para o aquecimento das compras no período – impulsionou o movimento. Principalmente porque muitos devedores quitaram débitos antigos e puderam, finalmente, destinar algum recurso para consumo. O pagamento do décimo terceiro salário – que beneficia, sobretudo, quem atua de maneira formal – também produziu impacto positivo. Não é à toa que muitos estão aí celebrando a “retomada” do crescimento econômico. Alguns precipitados já vê