Pular para o conteúdo principal

Calor escaldante influi nos hábitos do feirense

As temperaturas crescentes, registradas praticamente todos os anos, já dão sinais de que começam a influenciar os hábitos da população feirense. Isso principalmente ao longo do verão. Segunda-feira (05) os termômetros registraram inacreditáveis 38 graus; na terça-feira, a máxima alcançou impressionantes 36 graus. O problema é que as temperaturas mínimas também não são nada refrescantes: nos últimos dias, vêm oscilando entre 28 e 29 graus, o que não permite sequer aquela aragem agradável da madrugada.
Quem sai às ruas sente a pele arder, ressecada, sobretudo a partir dos finais de manhã e até depois do meio da tarde. O horizonte próximo – mesmo o fim da rua – tremula em ondas de calor. E a luminosidade intensa ofusca a vista, impõe óculos e boné para os mais sensíveis.
As árvores escassas, nessas canículas intensas, projetam sombras mesquinhas, sobretudo ao meio-dia. A trégua que oferecerem é precária: venta pouco e o bafo quente, ardido, dilui o efeito do resguardo passageiro do sol. O asfalto, o concreto e o vidro – constantes imutáveis na paisagem feirense – amplificam a sensação de calor.
No céu, o azul contracena com punhados de nuvens miúdas, encardidas, que vão se arrastando pela amplidão. Aqui ou ali uma delas encobre o sol, ofertando uma trégua breve. Mas as nuvens, nos últimos dias, têm sido raras e logo cedo é possível perceber, pela luminosidade do céu, que o dia vai ser escaldante.

Hábitos

Hoje se vê pouca gente circulando pela cidade nas horas de sol mais intenso. Quem se arrisca, empunha acessório que, antes, só era visível nas garoas do inverno ou sob as trovoadas do verão: a sombrinha ou o guarda-chuva; quem perambula como ambulante e é mais prudente resguarda-se com aquelas malhas que protegem dos raios ultravioletas. Bonés ou chapéus são indispensáveis também.
É provável que, nesses meses de estio intenso, comércio e serviços registrem alteração no fluxo de clientes: mais cedo, com o sol ainda morno – como diz o tabaréu – talvez o fluxo de consumidores seja maior; mas, à medida que o astro dourado escala o alto do céu, o feirense desaparece, para só voltar a circular lá quase no fim da tarde, quando o horizonte começa a ficar alaranjado.
Rotina do gênero lembra as povoações longínquas, miúdas, do sertão agreste. Só que o desmatamento, o aterramento das lagoas e o excesso de vidro, concreto e asfalto na paisagem urbana aproximaram Feira de Santana dessa realidade. Justamente aqui, cujas temperaturas eram mais apenas porque a cidade desfrutava do privilégio de integrar o “Sertão Atlântico”, para se recorrer a uma licença poética.
A previsão do tempo indica que, nos próximos dias, a temperatura média vai cair um pouco: as máximas se reduzirão a até 33 graus e, as mínimas, bordejarão os 27 graus. Noutras palavras, o sufoco das máximas vai declinar um pouco, mas as mínimas vão permanecer desconfortavelmente altas. Bonés, chapéus, sombrinhas, guarda-chuvas e outros acessórios vão, portanto, seguir pontuando na paisagem feirense.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada fei...

Placas de inauguração contam parte da História do MAP

  Aprendi que a História pode ser contada sob diversas perspectivas. Uma delas, particularmente, desperta minha atenção. É a da Administração Pública. Mais ainda: a dos prédios públicos – sejam eles quais forem – espalhados por aí, Brasil afora. As placas de inauguração, de reinauguração, comemorativas – enfim, todas elas – ajudam a entender os vaivéns dos governos e do próprio País. Sempre que as vejo, me aproximo, leio-as, conectando-me com fragmentos da História, – oficial, vá lá – mas ricos em detalhes para quem busca visualizar em perspectiva. Na manhã do sábado passado caíram chuvas intermitentes sobre a Feira de Santana. Circulando pelo centro da cidade, resolvi esperar a garoa se dispersar no Mercado de Arte Popular, o MAP. Muita gente fazia o mesmo. Lá havia os cheiros habituais – da maniçoba e do sarapatel, dos livros e cordeis, do couro das sandálias e apetrechos sertanejos – mas o que me chamou a atenção, naquele dia, foram quatro placas. Três delas solenes, bem antig...

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da...