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Mostrando postagens de dezembro, 2009

Calor e conferência de Copenhague

Nos últimos anos tem sido constante a sensação de que a temperatura da Feira de Santana vem se elevando, particularmente nos meses de verão, entre dezembro e fevereiro. Nos dias escaldantes que antecedem as festas de final de ano, quando o centro comercial atrai milhares de consumidores diariamente e as ruas se transformam em verdadeiros fornos, a única sensação de frescor fica por conta do Papai Noel e da neve imaginária que circunda o bom velhinho nas vitrines. O calor que assola a Feira de Santana talvez não decorra do temido aquecimento global, que retornou ao noticiário com a fracassada conferência climática realizada em Copenhague, na Dinamarca, neste mês de dezembro. É possível que seus efeitos sejam localizados, decorrentes da ação humana sobre a cidade e seus arredores. Respostas a essa hipótese, contudo, somente os especialistas podem oferecer. Boa parte das cidades brasileiras – e nordestinas, em particular – foi se expandindo ao longo dos anos sem maiores preocupações c

O mito da desconcentração econômica

Parece prematura a afirmação de que está havendo desconcentração econômica na Bahia, com atividades econômicas migrando para os municípios do interior. Afirmações dessa natureza dependem de séries estatísticas razoavelmente longas, contínuas e, portanto, mais confiáveis. Basear-se em dois pontos extremos em um intervalo temporal é pouco recomendável. Não se trata, evidentemente, de negar que o peso relativo dos municípios economicamente mais dinâmicos diminuiu. Mas é mais arriscado generalizar uma observação pontual, transformando-a em tendência. Entre 1999 e 2007 a economia baiana sofreu algumas mudanças. A instalação de empresas do setor calçadista em municípios do interior sem dúvida contribuiu para reduzir o peso relativo da Região Metropolitana de Salvador no setor industrial. Essas unidades fabris, contudo, chegam à Bahia movidas por dois fatores fundamentais: mão-de-obra barata e incentivos fiscais. Com o Governo Lula o salário-mínimo foi alvo de uma valorização real inédita

Tapando buracos no Jóia

Parece pirraça, mas a prefeitura resolveu fazer a licitação para recuperar gramado do Jóia da Princesa exatamente às vésperas de começar o Campeonato Baiano de 2010, quando a Feira de Santana vai ter, pela primeira vez, três times disputando a competição. Em anos anteriores já havia acontecido: o estádio passava seis meses às traças e, às vésperas da competição, começavam a recuperar o gramado. Mesmo com a realização da Taça Governador do Estado, o processo licitatório podia estar em andamento e a reforma ocorrer justamente no intervalo das férias. Não foi o que aconteceu. E, mais uma vez, os times feirenses vão começar a competição jogando longe da torcida. Num campeonato curto como o próximo “Baianão” – em junho começa a Copa do Mundo e o calendário esportivo local vai ter que ser encurtado – os prejuízos para as equipes locais serão inevitáveis. Talvez falte maior diálogo entre a prefeitura e os times feirenses. Afinal, embora não possa ser considerado uma prioridade para o

Os “Mensalões” e seus efeitos

Depois que o esgoto do “Mensalão” transbordou mais uma vez, já tem gente falando que é “impossível” fazer campanha eleitoral sem “Caixa 2”. Trocando em miúdos, isso significa admitir que a corrupção é endêmica no sistema eleitoral brasileiro e que a população deve se habituar a esses escândalos, já que nossos abnegados representantes políticos não conseguem tocar suas onerosas campanhas sem receber o dinheirinho que o empreiteiro repassa sem segundas intenções ou sem a despretensiosa doação de empresas que, adiante, vão prestar serviços à gestão do candidato vencedor. Esse raciocínio teria sentido se tudo ficasse no plano da abstração teórica ou na especulação filosófica. Todavia, os efeitos da corrupção institucionalizada são reais e afligem, sobretudo, os brasileiros mais pobres e que precisam mais dos precários serviços prestados pelo poder público. “Caixa 2” aparenta ser um investimento feito pelos empresários seduzidos pelos belos olhos dos candidatos, mas que não pretendem a

O Mensalão do “Pefelão”

Os recursos disponíveis com o desenvolvimento tecnológico facilitaram em muito a vida das pessoas. É possível, por exemplo, fotografar-se ou fazer fotografias em momentos especiais da vida com relativa facilidade: já não é necessário recorrer ao fotógrafo de plantão. Imagens também se tornaram banais, inundando a Internet e registrando o cotidiano, o lúdico, o grotesco ou o deplorável que vão parar nos programas sensacionalistas da tevê. O desenvolvimento – tecnológico, econômico, social – é assim: mostra-se sempre em duas faces. O “Mensalão do DEM” ou “Mensalão do Pefelão”, como preferem alguns, exibe ambas as dimensões: a novíssima tecnologia que flagra a antiquíssima corrupção; os modernos equipamentos multimídia que atestam o naufrágio de desgovernantes salafrários, corruptos e – sobretudo – cínicos ao extremo de tentar negar o que imagens atestam de maneira irrefutável. A propósito, Zé Arruda, o governador candango, é marinheiro de longo curso no mar de lama da política b

O silêncio dos indiferentes

É lamentável que no Brasil o planejamento ainda seja um processo negligenciado pelos governantes, mesmo depois da estabilidade monetária alcançada a partir de 1994 com a redução da inflação e dos instrumentos legados pela Constituição de 1988, como o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Complementar a esse processo, no Brasil há um crescente engajamento da sociedade nas decisões orçamentárias, no processo conhecido como Orçamento Participativo e que, em 2009, ganhou a adesão de um número maior de prefeituras na Bahia. Em Feira de Santana orçamento e planejamento nunca foram objetos de maior atenção da sociedade. Afinal, nunca se viu mobilização social buscando influir nas decisões orçamentárias – que definem onde serão aplicados os recursos públicos – e os governantes também jamais se interessaram em fomentá-la. Paradoxalmente, o mais importante político da história feirense – Francisco Pinto – foi quem, pela primeira ve