Semana
passada houve um festivo balanço sobre o desempenho da economia brasileira nos
oito primeiros meses do ano. Em meio aos confetes, às auto-congratulações, ao
otimismo acerca do futuro redentor, alguém ponderou que é precoce assegurar que
o pior já passou para o mercado de trabalho. Mas a advertência se perdeu em
meio à algazarra que busca sufocar os vexatórios escândalos de corrupção que, a
cada semana, ganham um novo capítulo, envolvendo Michel Temer (PMDB-SP), o
mandatário de Tietê, e sua retaguarda palaciana.
O
raciocínio é oportuno, conforme uma análise superficial sobre os números mais
recentes atesta. Embora registre tênue saldo positivo nas demais regiões, o
desemprego segue crescendo no Nordeste. Feira de Santana, que experimentou um
robusto ciclo de expansão do emprego a partir do boom do mercado imobiliário, segue exibindo desempenho pífio até
aqui.
Em
agosto foram geradas, no saldo, 70 vagas. No ano, o acumulado segue negativo
nos primeiros oito meses: -919 postos de trabalho. Esses números tratam de
empregos formais, com registro em carteira e são oficiais, disponibilizados
pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Pode-se
afirmar que a velocidade da retração vem declinando: no trimestre entre junho e
agosto foram extintas 60 vagas, no saldo; no bimestre julho/agosto registrou-se
-35 postos. Caminha-se, portanto, para estabilidade até o final do ano, caso a
tendência se mantenha.
Informalidade
Ressalte-se
que o balanço se refere aos postos formais, aqueles regidos pela Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT). O famoso “bico” e o trabalho informal não figuram
nessa contabilidade. Como o brasileiro – e o feirense – teve que se adaptar às
agruras dos novos tempos, é possível que o fôlego da informalidade – com suas
limitações e precariedade – esteja maior, até pela ausência de outras
alternativas.
Falta
um trimestre até o final do ano. É justamente a época em que cresce a oferta de
postos temporários, em função das vendas do Natal e do Ano-Novo. Para, pelo
menos, zerar o saldo negativo até lá, vai ser necessário gerar, em média, mais
de 300 empregos por mês, no saldo. Isso desconsiderando setembro, claro, cujos
números ainda não estão disponíveis.
Nos
anos de bonança, saldos do gênero se alcançavam com relativa facilidade. Porém,
em meio às intermináveis crises política e econômica, o número significa um
desafio robusto. Simbolicamente, seria desejável encerrar o ano com saldo
positivo no mercado formal de trabalho. Afinal, o balanço anual está no
vermelho desde 2014, quando a recessão começou.
Esse seria um primeiro
passo numa longa jornada que se delineia para os próximos anos. O estrago
legado pela crise é extenso: desde 2014 e até agosto de 2017, o saldo foi
negativo em precisamente 14.070 empregos. É muita coisa: tudo indica que serão
necessários vários anos até que a Feira de Santana alcance, novamente, o
patamar de 2013.
Comentários
Postar um comentário