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Absolvição de Temer é mau agouro para trabalhador

Michel Temer (PMDB-SP), o mandatário de Tietê, segue firme no poder.  Quarta-feira (25) ganhou mais uma no Congresso Nacional: aquela Casa idônea arquivou o segundo pedido de investigação feito pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra ele. Entende, portanto, que ele não é o chefe do “quadrilhão” aludido na denúncia. Mas a interpretação não foi assim, gratuita. Houve estímulos. Muitos estímulos: até a escravidão foi revogada numa polêmica decisão para agradar a bancada ruralista. Isso para não mencionar o balcão – onde se mercadeja cargo, verba, obra, apoio, voto – que segue funcionando a toda.
Enquanto isso, o mandatário de Tietê segue recorrendo à retórica de rábula de século XIX para reafirmar que o Brasil está voltando aos trilhos do desenvolvimento, conforme sua metáfora desgastada. E tome anunciar avanço, que o brasileiro médio – aquele que não tem acesso às afamadas malas e pastas de dinheiro – continua sem perceber.
Botar a comida no fogo, por exemplo, está ficando complicado. Todo mês o preço do botijão sobe. Festivamente, o governo anunciou que a política de preços dos combustíveis – o que inclui o gás de cozinha – seguiria as cotações internacionais. Esqueceram-se de avisar a dona-de-casa que isso implica em aumento todo mês. É o que acontece desde junho.
Mas não ficou só nisso. A “verdade” tarifária da energia elétrica vergasta o brasileiro há um bom tempo. As reduções são ocasionais – simples trégua numa sucessão de aumentos – e, lá adiante, os preços sobem novamente. Manter os eletrodomésticos de casa funcionando vem implicando em custos crescentes. Não sai barato desfrutar do mínimo de conforto no Brasil.
A tarifa de água é estadual, mas também sobe todos os anos – e bem acima da inflação – pelo menos na Bahia. Porém, assim que expurgou o petismo, Michel Temer e sua turma até se arvoraram a privatizar as empresas estaduais de água e saneamento, vendendo as maravilhas da medida, mas o surto privatista arrefeceu. Por enquanto.

Espoliação

Esse é a dimensão inflacionária do salseiro no qual o emedebismo mergulhou o País. E que – justiça seja feita – ganhou impulso formidável a partir de 2015, quando Dilma Rousseff (PT) resolveu desdizer o que dissera antes das eleições. Mas não ficou nisso aí. É que o mandatário de Tietê sacou da algibeira um receituário que não passou pelo crivo das urnas, com novos atentados ao bolso do brasileiro pobre.
Um deles, exaustivamente discutido nesse espaço, foi a lipoaspiração do Bolsa Família. Milhões de beneficiários foram excluídos, sob a controversa alegação de fraudes, desligamentos voluntários e documentação irregular. A investida desconsiderou até o garrote da crise sobre o brasileiro humilde, mais necessitado do benefício durante a recessão.
A contrarreforma trabalhista e a aprovação da terceirização ampla, geral e irrestrita, também atingem impiedosamente o bolso do trabalhador. Com elas, até o salário mínimo obrigatório vai ser revogado, a partir da compressão da jornada de trabalho. Os efeitos ainda não se fizeram sentir, mas haverá menos dinheiro no bolso e, consequentemente, circulando na economia.
A última rasteira – isso para mencionar só as que circunscrevem à seara econômica e que atingem mais frontalmente o trabalhador – foi a decisão de não fazer o pagamento do PIS – um salário mínimo – àqueles assalariados que recebem até o teto de dois mínimos mensais. Sem rumo e sem repertório, o governo recorre à chantagem como estratégia de convencimento. Alega que, sem reforma da Previdência, foi forçado a isso.
Politicamente, o mandatário de Tietê desidrata a olhos vistos. Mas como capitaneia um governo que não tem qualquer escrúpulo na hora de alvejar pobre e trabalhador, é provável que outras desgraças sobrevenham até meados de 2018. Para isso, conta com um Congresso colaborativo e uma grande imprensa conivente.

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