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Mostrando postagens de maio, 2009

A interminável “novela” do aumento das passagens

O cerco ao carro do prefeito Tarcízio Pimenta semana passada, na avenida Getúlio Vargas, foi apenas mais um capítulo na interminável novela sobre o sistema de transporte coletivo em Feira de Santana. Em 2009, a propósito, a novela tem sido muito mais agitada que nos anos anteriores. Afinal, antes um conselho anódino reunia-se para reajustar os valores com base em uma planilha esotérica e o prefeito limitava-se a sancionar, ante uma população que, passiva, acomodava-se à situação. Esse ano, no entanto, o enredo não se repetiu. Afinal, enquanto a população requebrava atrás do trio elétrico, em plena Micareta, o Conselho Municipal de Transportes (CMT) reunia-se para aprovar, sem queixas, uma proposta de reajuste acatada pelo Executivo sem maiores questionamentos. Quando se recuperou da ressaca momesca, o feirense descobriu que teria de desembolsar R$ 0,15 a mais por cada passagem nos ônibus da velha frota que o transporta pela cidade. A rasteira aplicada em todos se refletiu com maior

Viagem à Feira de Santana de 1960

A Feira de Santana da década de 1960 preparava o grande salto que a levou de maior feira de gado do Nordeste à condição de centro urbano com diversificação comercial e de serviços, presença de unidades industriais de porte e rápida urbanização, que incluía obras de infraestrutura como extensão da rede de energia elétrica e oferta de água encanada. Tudo isso pude ver no sábado, na exibição de alguns filmes que retratam a Feira de Santana daquela década. Foi no antigo casarão da família Froes da Mota, através de convite do professor e secretário do Planejamento, Carlos Brito. Em algumas imagens do alto, veem-se as barracas da feira livre estendendo-se pelas ruas centrais da cidade. As torres das igrejas, que tanto marcaram a formação da Feira de Santana e da Bahia. Ruas largas, livres do trânsito e dos engarrafamentos. Suntuosas residências na Getúlio Vargas, que aos poucos foram desaparecendo para dar lugar a estabelecimentos comerciais. Es

O melhor antídoto contra as secas

As chuvas que caem na Bahia neste mês de maio lançam esperanças de que, nos próximos meses, os agricultores consigam colher o que vem sendo plantado nos últimos dias. Essas chuvas, impiedosas no Maranhão e no Piauí, tormentosas em Salvador e Região Metropolitana, chegam em boa hora para os municípios baianos que sofrem com a estiagem desde meados do ano passado. E afastam o fantasma de uma seca prolongada, que tornaria ainda mais difícil a vida de quem depende da lavoura e da pecuária no sempre imprevisível semiárido. Todavia, as chuvas de 2009 apenas adiam o enfrentamento de um problema que desafia os governos há séculos e que ainda não teve, na prática, uma abordagem adequada. As secas e as longas estiagens são um fenômeno natural na região: as chuvas são irregulares em intensidade e dispersas espacialmente, além de escassas, alcançando uma média anual de apenas 800 mm. Normalmente, caem entre fevereiro e maio. Antigamente se pensava que

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da

A “Mão de Farinha”

Curta e talvez incompreensível para alguns, a expressão “mão de farinha” explica muito da realidade social e política do Brasil, de hoje e de ontem. No folclore político, a “mão de farinha” é a concessão ou sinecura ofertada à figura politicamente pouco expressiva, mas que contribuiu para o êxito eleitoral de um determinado candidato. Esse, em sinal de retribuição e de reconhecimento pelo esforço do correligionário, concede-lhe a função menor remunerada no mosaico de siglas que compõem a estrutura funcional do Estado. Em outras palavras, é uma esmola institucionalizada. É provável que a “mão de farinha” tenha chegado ao Brasil com Tomé de Souza nas caravelas em 1549. Afinal, os portugueses pobres recusavam-se a desempenhar atividades manuais na Colônia, o que os igualaria aos índios e negros escravos e aos mulatos que iam nascendo com a miscigenação racial. Para permanecer na Colônia, portanto, exigiam função remunerada na estrutura administr

Revolução Cubana completa 50 anos e esperanças se voltam para o fim do embargo

A primeira impressão do visitante sobre a natureza singular de Cuba provém do sobrevoo noturno sobre Havana, momentos antes da aterrissagem no Aeroporto Internacional José Martí: ao invés da profusão de luzes alaranjadas que cobrem as grandes metrópoles capitalistas, a capital cubana é menos profusamente iluminada. É o primeiro indício das dificuldades que a ilha enfrenta, decorrente do embargo comercial imposto pelos Estados Unidos há quase cinco décadas. Na fila da imigração, nas esteiras para o recolhimento de bagagens e no saguão do aeroporto novas impressões: vozes, gritos e a alegre agitação que moldam o temperamento do povo que, a exemplo dos brasileiros, foi objeto de intensa miscigenação. O primeiro choque cultural provocado por uma sociedade que promoveu uma revolução que socializou os meios de produção é prosaica: a total ausência de outdoors anunciando quaisquer produtos ou serviços. Há, todavia, uma mensagem celebrizada num cartaz ainda nas imediações do aeroporto José

Conferência de Segurança Pública é oportuna

Entre os dias 25 e 27 de maio acontece em Feira de Santana a 1ª Conferência Municipal de Segurança Pública, na Uefs. Conforme anuncia a prefeitura em seu site, a conferência constitui parte do esforço de desenvolver um novo modelo de segurança pública para o país através da estruturação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e do Programa Nacional de Segurança e Cidadania (Pronasci). Ainda conforme o site, a segurança pública é a única vertente na área de direitos sociais onde não se estruturou a participação social, mesmo passados 20 anos da Constituição de 1988. Das 400 vagas programadas, 40% são destinadas a representantes da sociedade civil. As demais se dividem entre gestores públicos (30%) e profissionais do setor (30%). Até o dia 15 de maio estão abertas as inscrições. Os participantes deverão discutir uma série de temas relacionados à questão da segurança pública. Com o aumento da criminalidade na Bahia nos últimos anos, particularmente em relaç

A Crise Mundial e o 1º de Maio

No dia 1º de Maio de 1886, trabalhadores norteamericanos saíram às ruas de Chicago para reivindicar a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias, em nome do direito ao descanso, ao convívio com a família e às oportunidades de estudo e lazer. À época, os trabalhadores cumpriam jornadas de 13 horas de trabalho e sofriam com as pressões patronais e com a perseguição da polícia. Essa situação motivou a marcha de 500 mil trabalhadores pelas ruas da cidade. Em confronto com a polícia, alguns manifestantes foram assassinados e a data tornou-se símbolo internacional da luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho. Cinco anos depois, um novo massacre ocorreu, desta vez no norte da França, com dez trabalhadores mortos. Reforçava-se, assim, o simbolismo do 1º de Maio como dia Internacional do Trabalho. Uma deliberação da Internacional Socialista, em 20 de junho de 1891, determinou que a data seria reconhecida como Dia do Trabalho em todo o mundo. E assim foi s

As “trapalhadas” do reajuste da passagem

Enquanto o feirense paga R$ 2,00 para sacolejar em velhos ônibus empoeirados, o prefeito e o Conselho Municipal de Transportes (CMT) esgrimam para se eximir da responsabilidade pelo reajuste, conforme atesta o noticiário dos últimos dias. Afinal, o CMT alega que apenas “recomenda” e o prefeito se justificou afirmando que se limitou a “acatar” a recomendação dos membros do conselho. Enfim, parece que a responsabilidade pelo reajuste se dilui nos tortuosos caminhos da burocracia. Talvez o aumento se deva a uma “tradição” de dez ou doze anos, como o próprio prefeito aludiu. Tradição ou não, o fato é que o Conselho Municipal de Transportes sempre constituiu um colegiado opaco que aparece na imprensa somente quando se trata de discutir sobre aumento na passagem de ônibus e que se empenha apenas em perpetuar a “tradição” de recomendar reajustes anuais. A “tradição”, contudo, não se repete em outras cidades brasileiras. Em Fortaleza, por exemplo, desde 200