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Mostrando postagens de 2019

A peleja da imprensa em Cachoeira pela abolição da escravidão

“José Theodoro Pamponet offerece seus serviços ao abolicionismo d’esta comarca. Os ‘escravisados’ que se julgarem com direito à sua liberdade, quer por effeito da lei de 7 de novembro de 1831, quer por outra lei, podem procurá-lo n’esta cidade, no escriptorio d’este Jornal”. A oferta está nas páginas d’O Asteróide, “orgam da propaganda abolicionista”, conforme grafia da época. Saiu na edição de 6 de dezembro de 1887, às vésperas da abolição formal da escravidão, que ocorreu no ano seguinte. A sede da publicação era na vizinha cidade de Cachoeira.  O “redactor” de O Asteróide era o próprio José Theodoro Pamponet. Navegando pela Internet descubro que, anos antes, em 1871, ele se aventurara na Guerra do Paraguai. Contra os defensores da escravidão, o arrojado redator não poupou adjetivos. Inclusive contra os poderosos do Recôncavo, quando celebrou a alforria concedida pelo proprietário Affonso Pedreira de Cirqueira a um grupo de escravos: “Sirva essa acção honrosa de luz ao ‘feudal

Crônica do pesadelo da noite infinita

Saiu. Era noite. Nunca andara em noite como aquela, não conhecia a sensação. Mas f oi. Dobrou à direita, enveredou por vias tortuosas. Logo adiante se deparou com um tumulto. Curiosos examinavam a cena do crime. No chão, incontáveis cápsulas de diversos calibres de armamento sofisticado. Sangue respingado manchava a parede áspera e uma poça coagulara na poeira sobre o calçamento. –  Esse é o destino dos ímpios, daqueles que cultivam a sabedoria dos homens – vociferava um pardo de camisa social devidamente abotoada, calça vincada e impecáveis sapatos lustrosos. Empunhava o Velho Testamento. – Mataram um comunista – murmuravam aqueles que examinavam, mórbidos, a cena do crime. O corpo já fora recolhido: não convinha que ficasse exposto ali. Mas esqueceram a prova do crime: a mochila coalhada de literatura subversiva. “Filosofia ou sociologia”, cochichavam, alarmados, os retardatários que teimavam na esquina trágica. O vento quente espalhava as páginas daquelas publicações sacríl

O fim do planejamento governamental

Qualquer empresário médio ou executivo de grandes corporações privadas conhece bem a importância do planejamento. Algumas empresas delegam a atividade para setores inteiros. Muitas contratam consultorias; e o que há de mais moderno em planejamento estratégico é tema familiar nas corporações de vanguarda. Afinal, é imprescindível traçar cenários, saber se posicionar em relação aos desafios futuros, entender como se comportam fornecedores, concorrentes, consumidores. E, sobretudo, dimensionar as próprias potencialidades. Se já é indispensável na esfera privada, o planejamento é ainda mais essencial no setor público. Nele, revelam-se múltiplos conflitos que exigem resolução mediante o planejamento; impõe-se o uso adequado dos recursos escassos, sobretudo em contexto de crise, como agora; e coloca-se como indispensável a definição de prioridades e a devida comunicação à população, desde o período eleitoral, quando se fazem as escolhas. Pois bem: passou despercebido, mas o festejado pa

Hegemonia ronaldista completa duas décadas em 2020

Ano que vem completam-se 20 anos que José Ronaldo de Carvalho (DEM) foi eleito prefeito da Feira de Santana pela primeira vez. Foram quatro vitórias sem grandes embaraços: todas as aconteceram no primeiro turno, com expressiva vantagem sobre os concorrentes. Isso em 2000 e 2004 – na primeira sequência de dois mandatos – e em 2012 e 2016, noutra sequência de dois mandatos. De quebra, elegeu Tarcízio Pimenta, então no DEM, também no primeiro turno, em 2008. Nenhum grande município brasileiro ostenta hegemonia tão longa de um único partido. Mais ainda: na prática, de uma única liderança política. Afinal, em 2008, Tarcízio Pimenta se elegeu com o bordão do “terceiro mandato”, o que apenas reforçou o papel do ex-prefeito como grande fiador daquele pleito. Embora popular, dificilmente o então deputado estadual prevaleceria nas urnas com tanta facilidade. O total de votos e o percentual no universo de votos válidos do ex-prefeito vêm crescendo. Em 2000 – quando se habilitava para suceder

Há quase um século, Feira vencia torneio Intermunicipal

Pouca gente deve saber, mas há quase um século a Feira de Santana sagrava-se campeã de um torneio de futebol intermunicipal. As páginas do Jornal A Flor – que circulou na primeira metade do século passado aqui no município – registraram a façanha da seleção local, lá nos primórdios do futebol na Bahia. A Fundação Senhor dos Passos resgatou a publicação, que ganhou versão impressa recentemente. O texto sobre o troféu está nas páginas dois e três da edição 33, do domingo, 18 de dezembro de 1921. São quase 98 anos, portanto. A matéria realça que a equipe foi recebida com festa: “Da capital, chegaram aqui em o regular das 9 horas, na segunda-feira, a nossa embaixada com os denodados campeões, que tão brilhantemente souberam pelejar, no campo da Graça, para conquistar a victoria entre nove adversários”. O campo da Graça foi o primeiro estádio da capital. Por lá, passou até a Seleção Brasileira. No torneio que consagrou os feirenses, Ilhéus, Castro Alves e Cachoeira eliminaram Santo Ama

Recursos para Assistência Social também estão em declínio em Feira

Os repasses para a Feira de Santana não encolheram só na Saúde e na Educação em 2019. A Assistência Social foi duramente alvejada também. É o que mostra consulta ao Portal da Transparência, que discrimina os valores encaminhados aos municípios. Os dados analisados referem-se ao período de janeiro a setembro, período do novo governo. O montante repassado em anos anteriores foi atualizado com base no Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE). Os valores não consideram repasses para beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família ou o Benefício de Prestação Continuada, o BPC. Nos primeiros nove meses de 2019, na gestão de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o “mito”, foram repassados R$ 6,179 milhões. É até mais que o montante enviado pela União ano passado, que não foi além de R$ 6,118 milhões, atualizados até agosto. Mas já foi menos que em 2017, quando o valor aportado totalizou R$ 6,215 milhões, também

Repasses para a Educação caem ao menor nível desde 2014

Existem muitas formas de mensurar o desapreço do novo regime pela Educação. A pretensão de controlar professores, a militarização das unidades escolares, a simpatia pelo famigerado projeto Escola sem Partido, tudo isso reflete, em termos subjetivos, o desdém pelo tema. Há, porém, formas mais concretas – e mensuráveis – de entender o que está se passando com a Educação no Brasil. Uma delas é avaliar as transferências de recursos para os municípios. A Feira de Santana constitui um caso exemplar. A partir de janeiro e até setembro do ano atual foram transferidos R$ 39,239 milhões para o Ensino Fundamental no município, sob a gestão de Jair Bolsonaro, o “mito”.  É o menor repasse real desde 2014, conforme consulta ao Portal da Transparência, do Governo Federal. Para a comparação, foram considerados apenas os períodos de janeiro a setembro. Os valores foram corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA. Até meados de 2014 a crise ainda não havia eclodido. Naquele ano, fo

A “meia década” perdida da Saúde em Feira

Os repasses para a Saúde em Feira de Santana tiveram leve elevação em relação aos anos anteriores, nos primeiros nove meses de 2019. O problema é que a base anterior é modesta, decorrente da prolongada crise econômica que abalroou o País – e as contas públicas – a partir de meados de 2014. Desde janeiro, foram aportados R$ 144,5 milhões em transferências obrigatórias e voluntárias. Os dados são do Portal da Transparência e referem-se, em toda a análise, aos nove primeiros meses de cada ano. A correção ocorreu com base no Índice de Preço ao Consumidor Amplo, o IPCA. Ano passado, nos estertores da controversa gestão de Michel Temer (MDB-SP), foram repassados R$ 137,9 milhões. Corrigido, o valor alcança R$ 142,7 milhões.  A diferença, em valores reais, corresponde a 1,26%. Os otimistas dirão que o novo regime está apenas começando e que os valores devem crescer. Os pessimistas lembrarão que, ano passado, prometeram-se maravilhas com o fim da “mamata” e da corrupção. Haveria, então, din

Caem repasses da União para Feira em 2019

Feira de Santana desfruta de pouco prestígio junto ao governo de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o “mito”. Pelo menos é o que sinaliza a queda nos repasses da União para o município nos primeiros nove meses do ano, em comparação com o mesmo intervalo dos dois anos anteriores. Os números são oficiais, do Portal da Transparência. É bom ressaltar o detalhe, numa época em que muita gente não hesita em duelar com os números para defender suas fantasias. O valor total transferido, entre janeiro e setembro, cravou R$ 274 milhões. No mesmo período de 2018, foram R$ 287,1 milhões. No ano anterior, 2017, o valor nominal foi inferior: R$ 273,7 milhões. Só que, corrigido pela inflação – o IPCA entre setembro de 2017 e agosto de 2019 foi 7,7% - totaliza R$ 294,9 milhões. Em nove meses, portanto, foram R$ 13,1 milhões a menos na comparação com o ano passado: algo próximo de R$ 1,45 milhão todo mês. O número é bem mais desfavorável quando a comparação é com o ano anterior, 2017: R$ 2,32 milhões por mês

O dia em que o Flu de Feira enfrentou Gana

Em novembro de 1969 a Seleção de Gana desembarcou no Brasil para uma série de amistosos. A equipe se preparava para a fase final da Copa da África, que aconteceu em fevereiro do ano seguinte, em Cartum, capital do Sudão.O périplo dos africanos – conhecidos como Black Stars , à época – envolveu uma partida contra o Fluminense de Feira. O Jornal do Brasil registrou: foi a primeira vez que uma equipe africana jogou em solo baiano. A notícia foi sintética: “Chegaram ontem ao Aeroporto Dois de Julho os jogadores da seleção de Gana, que enfrentarão, hoje, o Fluminense de Feira de Santana, campeão baiano deste ano. É a primeira vez na história de seu futebol que a Bahia recebe uma equipe africana”. O Fluminense ostentava o título de campeão baiano, conquistado pouco antes. O jogo terminou 0 a 0.O amistoso aconteceu no dia 23 de novembro de 1969, um domingo. Apesar de buscas intensas, não encontrei maiores referências à partida na Internet, provavelmente realizada no Joia da Princesa. N

Touro era campeão baiano há 50 anos

Está passando meio despercebido, mas outubro marca os 50 anos do último título de campeão baiano do Fluminense de Feira. Poucos que acompanharam – como testemunhas – aquelas memoráveis jornadas ainda estão vivos. Notícias da época apontam o Touro do Sertão como protagonista de uma campanha brilhante, sob a inspirada condução do atacante Freitas, que marcou o gol do título do tricolor feirense. Vice-campeão no ano anterior, o Fluminense atropelou Bahia e Vitória e se sagrou vencedor por antecipação. No dia 5 de outubro de 1969 houve rodada dupla na Fonte Nova: o Touro encarou o Vitória e o Bahia, na preliminar, foi pra cima do Flamengo de Ilhéus. Com três pontos de vantagem sobre o tricolor da capital, bastava ao Fluminense vencer o Vitória para assegurar a taça. Como sempre, a partida foi antecedida por polêmicas. É o que registra o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, naquela mesma data: “Durante toda a semana que passou os torcedores baianos viveram dias de tensão, principalment

Desemprego permanece assombrando Feira

Nos oito primeiros meses de 2019 a Feira de Santana continuou perdendo postos formais de trabalho. Isso quando se considera o saldo entre contratações e dispensas. No intervalo entre janeiro e agosto houve 23.221 admissões e 23.573 demissões. No saldo, esfumaçaram-se mais 352 postos. Os dados são oficiais, do Ministério da Economia. Não dá, portanto, para contestarem a veracidade das informações, conforme virou moda nos últimos meses. A construção civil segue reduzindo seu estoque de mão-de-obra. No período, foram dispensados, no saldo, 134 serventes, o popular ajudante de pedreiro. Os pedreiros propriamente ditos foram um pouco menos afetados: perderam, também no saldo, 121 postos. Foi monumental a redução de pessoal no setor desde 2015, mas, mesmo assim, as demissões continuam. Houve, porém, profissões que foram ainda mais afetadas em 2019. É o caso do operador de telemarketing. No período, o saldo entre admissões e demissões resultou em 302 empregos a menos. Note-se que o ramo

O fulgurante Shopping da Cidade em Teresina

Em Teresina existe um imponente Shopping da Cidade. É um centro de comércio popular no qual se mercadeja, sobretudo, produtos importados da China. Dispõe de três pisos, praças, dezenas de corredores e quase dois mil boxes que abrigam uma variedade ampla de produtos. Fica muito bem localizado, na Praça da Bandeira, que abriga um terminal de ônibus e uma estação de trem. Basta atravessar a avenida Maranhão para se alcançar a orla do rio Parnaíba, encoberto por uma vegetação densa. Caso pretenda visitar o entreposto, o turista desatento não vai enfrentar dificuldade: qualquer cidadão indica – com a amabilidade habitual do piauiense – a localização. Sob as árvores altas e esguias da Praça da Bandeira o visitante pressente a lufa-lufa habitual de centros comerciais do gênero. Do lado do Shopping da Cidade fica a estação do VLT, inaugurada recentemente, que conecta o centro à periferia da capital. Quem está acostumado a frequentar centros de comércio popular – sobretudo em capitais como

A fábrica de medalhas do Legislativo feirense

Que a Câmara Municipal se especializou na distribuição de comendas e medalhas não é novidade. Boa parte da população, inclusive, sabe da prática. Antigamente a concessão era mais avara, havia algum critério, resquícios de pudor. Hoje se desavergonhou: pelo plenário desfilam ilustres desconhecidos saudados com discursos chochos, enfatiotados em paletós pouco habituais, gaguejando as virtudes da Feira de Santana. Exaltar as virtudes é manobra esperta: a maioria se resumiu a cuidar da própria vida e, contribuição efetiva à cidade, deram nenhuma. Mas é necessário fingir, manter o mistério, justificar a honraria. Muita gente se diverte pelos bastidores com essa fábrica de homenagens. Debocham, farejam intenções ocultas no agrado. Aqui ou ali, jocosamente, há quem se refira a um vereador ou outro como “Zé das Medalhas”. “Zé das Medalhas” foi uma personagem de uma novela de muito sucesso na década de 1980. Tomaram o apelido emprestado, porque traduz com rara felicidade o sentido da pilhéri

R$ 3 milhões a menos na economia feirense todo mês

Depois da ascensão do novo regime, qualquer crítica se tornou coisa de esquerdista, comunista, socialista, entusiasta do ex-credo de Moscou. Temos aí, de plantão, abnegados patriotas que tentam nos impulsionar para os píncaros do desenvolvimento, embora tudo o que se veja, à volta, seja o fundo do poço e suas ásperas paredes. Não é controvérsia de desocupado de mídia social, não: números oficiais colocam o País em situação delicada. Talvez seja necessário suprimir as estatísticas para que o Brasil fique melhor, mas, por enquanto, vamos a alguns números. Em países civilizados as políticas de proteção social são acionadas nos momentos de crise, quando a renda cai e o desemprego se eleva. Nessa Pátria altaneira, porém, tudo ocorre ao contrário: com a crise econômica avassaladora, benefícios sociais começaram a ser cortados – sobretudo o Bolsa Família – sob a égide de três exímios gerentes: Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e, agora, Jair Bolsonaro (PSL), o “mito”. A Feira de Sa

Vexame à vista lá na Assembleia da ONU

A imprensa brasileira noticia que amanhã (24), na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, Jair Bolsonaro, o “mito”, vai fazer um discurso para tentar mudar a imagem do Brasil lá fora. O noticiário insinua que as palavras vão produzir um efeito mágico: diluirão a fumaça das queimadas, as ações de desmonte dos órgãos ambientais, o descaso e o desrespeito com o meio ambiente, uma das marcas da desastrosa gestão iniciada em janeiro. A questão é que, lá, na plateia, não estará um crédulo magote de piraquaras brazucas. O “mito” passou décadas arrotando macheza. Na campanha eleitoral, esbravejava aqui ou ali, cercado da tradicional claque. Só que acabou salvo dos debates por uma facada providencial. Mas, quando assumiu a presidência da República, os brasileiros tiveram noção exata de suas constrangedoras limitações. Bastaram uns poucos dias para se perceber que o ex-capitão não tem credenciais nem para despachar certificado de reservista em Tiro de Guerra

Novo ato pela Educação na sexta-feira (20)

Na próxima sexta-feira (20) haverá mais uma greve geral na Educação contra o governo de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o “mito”, segundo seus acólitos. As manifestações se sucedem desde o primeiro semestre do ano. Ganharam muita musculatura entre maio e junho – quando, basicamente, eram os estudantes que estavam à frente – mas perderam força à medida que o “Lula Livre” foi sendo imposto pelo petismo. Mas, como o descalabro não concede trégua, razões para ir às ruas não faltam. O ato vem logo depois da “Semana da Pátria” – uma patética tentativa do “mito” de botar sua turma na rua trajando verde e amarelo – o que resultou num fiasco. Numa licença de trabalho, pude acompanhar o 7 de Setembro em São Paulo: nos metrôs, nos badalados bares da Vila Madalena, no elegante bairro de Pinheiros – recantos da turba que, iracunda, babava pelo impeachment – não havia nenhum patriota empedernido. Pelo contrário: alguns ostentavam camisetas com uma provocação jocosa: “Eu avisei”. Noutras, havia uma bi

Comércio se reanima com o Dia dos Pais

O sábado foi movimentado no comércio da Feira de Santana. Tudo por conta da comemoração do Dia dos Pais. A garoa fina, feito poeira d’água, as poças de lama, o vento frio, nada disso desanimou o feirense que foi em busca do presente para o pai. As lojas de confecções da Sales Barbosa, as modernas lojas de departamento da Senhor dos Passos e as sapatarias envidraçadas fervilhavam de gente inquieta, em busca da lembrança que coubesse no orçamento. Mãos ágeis remexiam prateleiras buscando camisas da cor desejada e no número adequado; nas vitrines, cada detalhe do calçado era examinado para caprichar na escolha; naquelas barracas espalhadas pelo calçadão da Sales Barbosa também não faltaram clientes que, nos intervalos das compras, recuperavam as energias devorando lanches expostos em mostruários de vidro. As lojas do centro da Feira de Santana – sobretudo aquelas da Sales Barbosa – lembram o Brás paulistano, com suas dezenas de ruas que se espalham a partir do largo da Concórdia. As

Zoeira do “mito” repercutiu lá fora

Todo dia o “mito” produz uma polêmica nova. É o seu método: sem preparo ou projeto, vai empurrando o governo aos trombaços e encontrões, torcendo para que a plateia não perceba. Metódico, não deixa de fornecer sua porção de ódio para as matilhas digitais que o reverenciam, ensandecidas. Também não descuida de favorecer a própria família, nem abdica da claque que o saúde aos gritos histéricos de “mito, mito”, nessas solenidades à qual só comparecem seus acólitos. É o roteiro de um governante mesquinho e de um governo medíocre. Até aqui, a galhofa leviana de quem considera as atrocidades q ue ele vomita nos microfones como “zoeira” o tem ajudado. A própria imprensa brasileira atenua essas barbaridades, como se não tivessem consequências. Mas tem. Os incêndios crescentes na Amazônia decorrem não apenas das ações hostis ao meio ambiente, mas também das declarações aberrantes. Isso funcionou como senha para o avanço do desmatamento. Os acólitos do “mito”, obviamente, recorrem a firulas

A interminável peleja dos camelôs e ambulantes feirenses

Na segunda-feira (26), a Feira de Santana viveu um dos momentos mais polêmicos do prolongado épico que envolve o festejado Shopping Popular, que está sendo construído ali na área do malcuidado Centro de Abastecimento. Inconformados com taxas e valor de aluguel, um grupo de camelôs e ambulantes marchou pelas ruas do centro da cidade, levando sua insatisfação para a Câmara Municipal. Foram recebidos pelos vereadores que, desta vez, não puderam ignorar o quiproquó cujo desfecho está longe do fim. Pelo contrário: tudo indica que, mesmo depois da entrega formal, as altercações vão prosseguir. Quem sobrevive há décadas pelo calçadão da Sales Barbosa, pela praça Bernardino Bahia, pela fervilhante Marechal Deodoro, pelos estreitos becos de gastas pedras portuguesas provavelmente não tem como arcar com os custos estabelecidos para quem vai se instalar no afamado entreposto. Principalmente porque a economia brasileira não deslancha, apesar e todas as promessas dos empertigados ministros de pl