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Mostrando postagens de novembro, 2011

A educação à sombra dos viadutos

-->                                    Inicialmente causou estranheza o silêncio com que foi recebida a notícia que a educação básica na Feira de Santana está entre as piores do Brasil, num ranking divulgado por uma revista de circulação nacional. O levantamento, que levou em consideração apenas as maiores cidades do país, baseia-se em dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Depois se notou que, por banal, a notícia não provocaria grande repercussão: afinal, apenas se constatou de fato de uma situação amplamente percebida há muitos anos.             Atribuiu-se o desempenho ao calamitoso estado físico das escolas públicas. Muito ágil, a prefeitura divulgou nota esclarecendo que a avaliação se referia ao período do mandato anterior, encerrado em 2008. E afirmou que investimentos foram realizados desde então, transformando a realidade escolar a partir da época do levantamento.             Para além das disputas eleitorais entre o atual prefeito e seu a

A Feira, a ponte e a reconfiguração logística

                       Há quase duas semanas o Governo do Estado publicou decreto declarando de utilidade pública algumas áreas na Ilha de Itaparica. A iniciativa representa mais um passo para a construção da ponte entre Salvador e a ilha, que integra o projeto do Sistema Viário Oeste. Objeto de inúmeras controvérsias durante a campanha eleitoral de 2010, a proposta suplantou a condição de devaneio, passou pela etapa de obra faraônica para, por fim, delinear-se como um projeto factível no longo prazo. Estima-se que, por volta de 2018, a ponte esteja pronta.             Em função das inúmeras dificuldades para a concretização do projeto, talvez a obra só esteja finalizada no início da próxima década. O intenso debate sobre a necessidade da construção da ponte, no entanto, serviu para evidenciar a sua importância como vetor de desenvolvimento econômico para a Bahia. Muitos, que resistiam, aos poucos se convencem da importância da iniciativa.             Mais do que servir aos i

Um pouco da simetria do centro feirense

                       Uma das maiores virtudes da Feira de Santana é o seu traçado urbano. As ruas largas e os quarteirões bem organizados transmitem uma sensação de planejamento que é realçada por um feliz fator geográfico: a escassez de ladeiras e a ausência de declives acentuados, como as encostas que tornam Salvador mais feia. Essa condição atenua os efeitos da ocupação desordenada de certos espaços urbanos e impede a ocorrência de grandes tragédias, como os deslizamentos de encostas que acontecem em períodos chuvosos.             A cidade deve o traçado organizado, além do próprio planejamento bem elaborado, ao seu desenvolvimento tardio: somente a partir dos anos 1960 é que a zona urbana começou a se expandir de forma mais acelerada. Até então, a população majoritariamente rural afetava pouco a paisagem citadina com fluxos migratórios mais intensos.               Naquela época a Feira de Santana se limitava aos tímidos arruamentos que se irradiavam a partir da Praça da