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Mostrando postagens de junho, 2019

Duplicação da BA-502 é imperativo para conter mortes

A BA-502, rodovia que liga a Feira de Santana a São Gonçalo dos Campos e Conceição da Feira voltou às manchetes durante o São João, em função do trágico acidente que matou oito trabalhadores numa de suas curvas. São comuns os acidentes naquela estrada e sabe Deus quantas pessoas já morreram em suas curvas sinuosas e arriscadas. Nos períodos chuvosos os riscos são ainda maiores. Cobra-se a duplicação das estradas federais que cortam a região, mas estranhamente fala-se pouco daquela complicada rodovia. No passado remoto – décadas atrás – quem se deslocava da Feira de Santana em direção a São Gonçalo dos Campos se extasiava com o bucólico cenário rural às margens da BA-502. Sítios, chácaras, propriedades miúdas e pequenas fazendas maravilhavam os olhos com o verde frondoso das jaqueiras, das mangueiras e cajueiros que pontuavam a paisagem. Naquela época a frota era menor, e o trânsito, menos intenso. Depois do Centro Industrial do Subaé, o CIS, havia poucas empresas. O povoado de Mag

Apesar da crise, salário de políticos sobe acima da inflação em Feira

Nenhum político feirense se manifestou contra o bojudo reajuste que a Câmara Municipal se concedeu e concedeu aos secretários municipais e ao prefeito. A medida, aprovada em definitivo ontem (25), por unanimidade dos vereadores presentes, vale a partir de 2021. Em janeiro daquele ano, o chefe do Executivo vai beliscar um contracheque de R$ 26 mil – o salário atual é de R$ 18 mil – e vereadores e secretários mordiscarão holerites mais modestos, mas muito apetitosos: R$ 18,9 mil, frente aos atuais R$ 15 mil. Até dezembro de 2012 um vereador feirense ganhava exatos R$ 9.280. Naquele ano veio um grande rompante de generosidade: o salário das excelências na legislatura seguinte saltou para R$ 15.031,76. Reajuste generoso: 61,9%, maior que qualquer reposição inflacionária sensata. Trabalhador nenhum costuma ser agraciado com aumento do gênero. Não é preciso ser nenhum gênio das finanças para descobrir que, mesmo em plena crise econômica, ser vereador em Feira de Santana é ofício rendoso

Feirense improvisou para lucrar com festejos juninos

Foi grande a luta do feirense desempregado para garantir uns trocados no aguardado recesso junino. O movimento nos dias que antecederam os festejos foi vertiginoso. Quem prestou atenção viu de tudo: enxames de homens, mulheres, idosos, adolescentes, até crianças – quase todos, invariavelmente, negros ou pardos – se esforçando para vender qualquer coisa em qualquer lugar. As opções foram vastas: o milho assado, vermelho e fumegante nos fogareiros; licores multicoloridos sobre bancas engenhosas; montes imensos de amendoim caprichosamente equilibrados sobre carrinhos de mão; os fogos que fazem a alegria de crianças e adultos e que tornam belas as noites juninas; os bolos típicos da época; lenha para as fogueiras e adereços como balões coloridos. Essa gente se espalhou pela cidade: estavam nos caminhos enlameados do Centro de Abastecimento, disputando os espaços exíguos do centro da cidade, nas fervilhantes feiras-livres dos bairros, nas calçadas das vias comerciais dos bairros popula

Vereadores feirenses se presenteiam com aumento de salário

A Câmara Municipal acaba de se dar um tremendo presente: os salários dos vereadores, dos secretários municipais e do prefeito vão ser reajustados a partir de 2021. A medida foi votada às vésperas de um extenso feriado, justamente para atenuar as críticas dos inconformados. Todo mundo votou a favor: o projeto foi aprovado por unanimidade. Haverá a segunda e última votação semana que vem. Com o reajuste, vereadores e secretários mordiscarão um contracheque mais vitaminado, que passa de R$ 15 mil para R$ 18,9 mil. A generosidade com o chefe do Executivo foi bem maior: o valor grafado no holerite vai saltar de R$ 18 mil para R$ 26 mil. O último reajuste aconteceu em 2012 e não em 2008, como se noticiou: a mordida dos edis passou de R$ 9,2 mil, à época, para generosos R$ 15 mil. Naquela ocasião, o salário do prefeito saltou para R$ 26 mil – mais até que o recebido pelo presidente da República naquele ano – e, depois de alguma polêmica, o valor encolheu para os atuais R$ 18 mil. Tudo

Rearmamento sofre revés temporário

- ...Vou aproveitar e comprar logo, porque vão proibir lá adiante. Essa frase eu ouvi num ônibus em São Paulo, no início de janeiro. Foi quando Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o mandatário do Vale do Ribeira, anunciou a liberação da posse de armas. O sujeito, ao telefone, estava entusiasmado: migrante nordestino, pretendia comprar uma arma também para defender sua propriedade num remoto rincão no espinhoso sertão pernambucano. Além, claro, do trabuco que pretendia manter em sua casa na periferia remota da capital paulista. Meses antes, aqui na Feira de Santana mesmo, ouvi um sujeito planejando comprar “uma ponto quarenta” para emoldurar sua cintura. Isso foi logo depois da eleição que sacramentou a ascensão da extrema-direita ao poder no Brasil. E outro dia um magote de malandros, numa esquina feirense, trajando roupas puídas, debatia a hipótese de circular com uma “ponto quarenta” pelas ruas. Só que ontem (18) Jair Bolsonaro sofreu um primeiro revés no Senado: os decretos que flexibi

Feriadão junino vai dinamizar economia feirense

Começa na quinta-feira (20) o aguardado recesso junino. Em 2019 serão cinco dias de folga para muita gente, já que o feriado de Corpus Christi vai se emendar à celebração do São João. Para dinamizar o consumo, o governo do Estado anunciou que vai antecipar o pagamento de 40% do salário dos servidores estaduais. E prefeituras – a da Feira de Santana inclusive – vão antecipar os salários. Sem dúvida, a medida vai contribuir para aquecer as vendas, sobretudo em segmentos como calçados, confecções, bebidas e alimentos. Tradicionalmente Salvador se esvazia durante o período. Com o recesso longo, a diáspora tende a ser ainda mais intensa. A disposição para o consumo e o dinheiro antecipado no bolso tendem a favorecer a economia dos municípios do interior, sobretudo aqueles que costumam organizar grandes festas. É o caso de diversas cidades do Recôncavo aqui vizinho. O movimento já é mais intenso nos terminais rodoviários de Salvador e Feira de Santana desde o final de semana. Afinal, mu

A informalidade em tempos de “Teatro dos Vampiros”

O rapaz atravessou a Rua Andaraí, lá no Jardim Cruzeiro, e estacionou defronte ao açougue, na calçada. Pilotava uma daquelas bicicletas adaptadas para transportar mercadoria. Examinou por alguns instantes os mostruários que exibiam postas bojudas de carne bovina, suína e caprina; frangos graúdos de tez amarelada; e a variedade de miúdos e vísceras que ficavam num canto do mostruário. Por fim, espichou o olhar para refrigeradores vazios num canto. Então indagou, sem descer da bicicleta: - Quanto é que está o quilo do fígado? Veio uma resposta qualquer lá de dentro, da moça no caixa que se enfastiava à espera de fregueses. Ele hesitou por um segundo e voltou à carga: - E a carne de sol? Colheu a resposta e foi fazendo uma curva larga, sobre a calçada de pedras portuguesas, para tomar a direção oposta. Na bicicleta, equilibrava uma caixa grande e outra média de isopor. Em ambas, pregado em papel ofício, o anúncio: “Quentinha R$ 5,00”. Depois da manobra, seguiu em direção à Avenid

Lembranças da Biblioteca Municipal

Nas sempre ensolaradas manhãs de domingo às vezes passo defronte à Biblioteca Municipal, ali na Rua Geminiano Costa. Ouvindo os pios álacres dos pardais, percebo que o espaço está sempre fechado: veem-se os portões cerrados e, lá dentro, pelos vidros transparentes, nota-se uma macambúzia meia-penumbra. De imediato, o silêncio e a quietude ao redor abrem as portas da memória, que me transporta para décadas atrás, na primeira metade dos anos 1990. Ali, aos domingos, as mesas eram ocupadas por trabalhadores – principalmente comerciários – que estudavam à noite, na rede pública. Com tempo escasso, sacrificavam o lazer e o descanso do domingo para concluir suas tarefas escolares. Muitos bordejavam os trinta anos, mas persistiam debruçados sobre os livros, garimpando um futuro melhor. Gente mais calejada frequentava o espaço para ler os jornais, entabular conversa com conhecidos, mostrar-se ilustrados. Era quando o A Tarde, a Folha do Norte e, sobretudo, o extinto Feira Hoje eram disput

Festejos juninos mobilizam economia feirense

Apesar de toda a apreensão em relação à situação do País, a economia da Feira de Santana já se mobiliza para os festejos juninos. Na televisão já se veem propagandas de lojas de calçados, de roupas e até de atacadistas do setor de alimentos. As ofertas imperdíveis são lançadas entre bandeirolas no vídeo e sob o som inconfundível de forrós antigos: o calçado e a roupa novos e os produtos típicos da época são indispensáveis para quem deseja aproveitar os festejos atendendo às tradições. Pelas rodovias que cortam as cercanias são anunciadas as atrações das festas tradicionais da região, sobretudo em municípios do Recôncavo, como Cruz das Almas, Amargosa e Santo Antônio de Jesus. Os out doors tentam convencer os festeiros de plantão, mas não faltam anúncios de artistas desconhecidos, tentando sensibilizar os prefeitos. Em 2019 o apelo é maior em função de uma feliz coincidência: o feriado de Corpus Christi cai em 20 de junho, uma quinta-feira. Assim, muita gente deve “enforcar” o exp

Direita e esquerda não entendem manifestações juvenis

As mobilizações juvenis em defesa da educação vêm gerando polêmica Brasil afora. O discurso oficial defende que os jovens são “idiotas úteis” e que servem de “massa de manobra” para a oposição de plantão. Esta, por sua vez, sustenta que o “Lula Livre” integra o discurso de quem vai às ruas se opor aos cortes em todos os níveis da educação, à exceção das escolas militares. É evidente que os dois lados puxam a sardinha para a própria brasa, ignorando a realidade. Postura, aliás, muito normal nesses tempos de fake news e de interpretações rasas. Os novos donos do poder só consideram válidas as manifestações “a favor”. Quem discorda dos mandatários de plantão é “ruim”, não é “patriota” ou está a serviço do “comunismo”. Algumas frases soam até infantis, mas são, no fundo, alarmantes. Refletem o baixo apreço que certas figuras dispensam à democracia. No mérito da total ausência de propostas para a educação eles, obviamente, não tocam. Esse raciocínio reverbera: na imprensa, não falta q

Cinco meses de autoritarismo, incompetência e trapalhadas

Abraham – “Dançando na chuva” – Weintraub, o patético ministro da Educação, pretende proibir estudantes, professores e pais de estudantes de divulgar atos contra o governo. A decisão foi anunciada depois das manifestações de ontem (30) que levaram, mais uma vez, centenas de milhares de estudantes às ruas Brasil afora. O absurdo passa despercebido para muita gente num País de democracia enferma, mas escandaliza os segmentos mais esclarecidos. O flerte com o totalitarismo é apenas mais um na já longa fieira de bizarrices que o novo regime acumula. Na Economia, o ultraliberalismo recorre a um expediente bem profano para arrancar suas controversas reformas: a chantagem. Caso isso ou aquilo não seja aprovado, faltará dinheiro para benefício social, para a prestação de serviços à população, para o pagamento de salários de servidores. Enquanto isso, os perdões companheiros de dívidas correm à larga... É visível que faltam credenciais intelectuais ao ministro Paulo – “Tchutchuca” – Guedes

Juventude volta às ruas contra cortes na Educação

- Ô Bolsonaro, seu imbecil, eu quero livro não preciso de fuzil... A frase foi repetida em coro e com frequência na manifestação que reuniu hoje (30), mais uma vez, milhares de jovens nas ruas da Feira de Santana, contra os cortes de recursos realizado pelo Ministério da Educação. Quem esperava adesão mais modesta se enganou: além do público, havia a energia intensa da juventude, que eletrizou as avenidas Getúlio Vargas e Senhor dos Passos, além das ruas Visconde do Rio Branco e Carlos Gomes, por onde a marcha passou. Aos jovens, somaram-se os professores da rede pública, servidores da educação e os professores da Universidade Estadual de Feira de Santana, em greve há mais de um mês. Pelas calçadas, sorrisos e uma simpatia crescente pelas manifestações: além da franca perseguição contra a educação e seus profissionais, pesa contra o novo regime a ameaça de mais uma recessão, já que o Produto Interno Bruto, o PIB, encolheu 0,2% no primeiro trimestre. Há, porém, outras frentes de ba

As meias-verdades da reforma da Previdência

Mais uma vez o governo de plantão recorre a uma série de meias-verdades para defender sua draconiana proposta de reforma da Previdência. A empulhação mais reluzente é a de que a reforma será “justa” e que “todos” receberão apenas o teto vigente no regime geral da Previdência. Porta-voz da austeridade, a classe política vai ficar de fora: quem está no exercício do mandato livrará o próprio contracheque de qualquer constrangimento, já que não ficará emparedado pelo teto dos mortais comuns. A regra só vai valer para os futuros eleitos, que nunca exerceram mandato. Os militares das Forças Armadas também se manterão como casta privilegiada: não precisarão se aposentar aos 65 anos – muitos, hoje, se aposentam com menos de 50 anos – e embolsarão o valor integral da aposentadoria. O “mimo corporativista” foi concedido pelo ex-capitão no exercício da presidência da República. A enganação mais cruel, porém, está reservada para os mais pobres, como sempre. Ninguém comenta, mas o tempo mínimo

Manifestações abrem novo flanco de instabilidades

Os acólitos do bolsonarismo podem até negar, mas o Legislativo e o Judiciário figuraram como alvos das manifestações realizadas pelo grupo no domingo (26). Determinados integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), o famigerado “Centrão” e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estavam entre os vergastados nos atos. Até um boneco inflável representando o político carioca apareceu, sinalizando que Lula e o PT já não figuram como únicos alvos dos entusiastas do controverso presidente da República. Algumas estimativas apontaram que, no conjunto, cerca de 100 mil pessoas compareceram aos atos. É pouco para quem incentivou a mobilização – mesmo adotando postura ambígua –, principalmente porque o novo regime está na praça há menos de cinco meses. Por outro lado, não dá para afirmar que Jair Bolsonaro dialoga apenas com meia-dúzia de convertidos. Objetivamente, a afluência de público foi insuficiente para emparedar o Congresso, conforme pretendiam alguns mais radic

O delicado ofício de lecionar no Brasil

Dar aula está se tornando uma profissão perigosa no Brasil. E não apenas porque os professores correm o risco de sofrer agressões de alunos iracundos num desses acessos de violência que, às vezes, alguém filma. Os professores também estão sendo filmados por alunos hostis que farejam “ideologia de gênero”, “marxismo cultural” ou “comunismo” em qualquer frase. Às vezes, essas imagens originam denúncias, mas, na média, provocam mesmo é balbúrdia nas efervescentes mídias sociais. Todo dia gente que não entende de educação saca da algibeira medidas que visam “endireitar” a formação de crianças e jovens brasileiros. Na média, trata-se apenas de tentativas de cercear a liberdade do professor em sala de aula. Há quem enxergue bruxaria ou pedofilia num simples conto infantil. Até a anacrônica “educação domiciliar” resolveram desenterrar. Temperando tudo, existem as tiradas patrioteiras. Há quem acredite que educação se resume a cantar hinos patrióticos, decorar datas marcantes, recitar loc

Sob o caos, Brasil não atrairá investimentos

Dizem os oráculos econômicos do novo regime que, quando as cabalísticas reformas forem aprovadas, os investimentos fluirão num fluxo incessante. O Brasil vai se tornar uma espécie de paraíso celestial no plano terreno mesmo. Se brincar, dos céus se desprenderá o maná. Sobretudo porque, à frente do País, há um cidadão ungido pelo próprio Todo-Poderoso. Pelo menos foi o que assegurou um pastor congolês no final de semana. Essa fantasia talvez enleve os acólitos mais fanatizados do novo regime. Só que funciona pouco no convencimento dos financistas estrangeiros, os donos do capital que tanto se deseja atrair. No início do governo, por exemplo, eles não se entusiasmaram com o discurso do controverso Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que empolgou os mais desavisados. As razões para a cautela estão se avolumando. Domingo (26), simpatizantes pretendem fazer uma manifestação de apoio ao novo regime. A pauta rendeu uma balbúrdia dos diabos: uns defendem uma extensa agenda propositiva – reforma da P

Semana tensa para a democracia no Brasil

A semana começou com o País vivendo uma situação singular: há décadas não se vê convocação para uma manifestação defendendo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). É o que noticia a imprensa. O pior é que o chamado vem de gente que apoia o atual presidente da República, o polêmico Jair Bolsonaro (PSL-RJ). O ato está previsto para o próximo domingo, 26. Se não insufla, a família aboletada no poder não desencoraja suas milícias digitais contra o Legislativo e o Judiciário. Pelo jeito, os Bolsonaro querem replicar o ato de 15 de maio, que mobilizou pelo menos um milhão de pessoas em todo o Brasil, contra os cortes na educação e em repúdio à reforma da Previdência. Só que, atacando poderes constituídos, não se trata só de uma reação, de um esforço para demonstrar apoio popular. Trata-se de uma aposta contra a própria democracia. Ano passado, no período eleitoral, conversei com dezenas de pessoas sobre a situação política brasileira. Praticamente todo mundo apost