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Mostrando postagens de setembro, 2018

Só abstenção pode produzir surpresas nas eleições proporcionais

A campanha eleitoral está sendo diferente em 2018. E não é só porque o líder das pesquisas na corrida presidencial está preso e inelegível – Lula (PT) permanece na carceragem da Polícia Federal em Curitiba – nem porque o segundo colocado, Jair Bolsonaro (PSL), amedronta aqueles que alimentam apreço pela democracia e pelas instituições democráticas. É que as mudanças tocadas por Eduardo Cunha (MDB-RJ) – também preso – na pretensa reforma política realizada em 2015 engendrou um cenário novo. Uma mudança foi o encurtamento do tempo de campanha: passou de dois meses para apenas 45 dias, cerca de 30 deles de tempo de tevê. Outra foi o financiamento público como fonte exclusiva, o que reduziu o volume de dinheiro à disposição dos postulantes. Quem é rico, porém, pode se doar dinheiro à farta, o que a legislação permite. É, portanto, uma disputa fria, com vantagem inequívoca para os candidatos endinheirados. Aqueles muros multicoloridos, o mosaico de cartazes com semblantes rejuvenescido

Certeza da “Década perdida” compõe cenário eleitoral

É duro o cenário de crise econômica que o Brasil vive nessa década. Conforme havíamos apostado – isso há uns três anos, quando a crise se desenhava muito mais terrível do que aquilo que os discursos oficiais admitiam – trata-se, na prática, de mais “uma década perdida” para a economia brasileira. A expressão foi consagrada nos anos 1980, quando as taxas de crescimento declinaram, no caos que marcou o epílogo da ditadura militar. Naquela época, porém, havia muita esperança: o País emergia do tenebroso regime autoritário e, nas ruas, nas praças e nos corações, havia a fé num futuro melhor. Bem diferente do que se vive hoje. Projeções indicam que, entre 2011 e 2020, o Brasil deve crescer ínfimo 1%. Isso se a expectativa de um crescimento de 2,5% se confirmar nos próximos dois anos, que arrematam o decênio. Dado o conturbado cenário político essa previsão pode, inclusive, não se confirmar. É menos do que se expandiu o Produto Interno Bruto – PIB nos anos 1980: 1,6%. Embora a trágica g

A vacuidade de projetos nas eleições presidenciais

Insisto em batucar a mesma tecla sobre as eleições presidenciais – ainda que sob o risco de irritar o leitor –, mas é necessário saber o que os candidatos pretendem fazer para tirar o Brasil da profunda crise econômica que se arrasta há três anos. Há, à espera de uma oportunidade, 13 milhões de brasileiros, que perderam seu emprego a partir da crise. Também há milhões que trabalham menos do que gostariam ou que desistiram de procurar trabalho e, agora, figuram na categoria dos “desalentados”, acerca dos quais a imprensa repisa sucessivas matérias. O pior é que, examinando o cardápio eleitoral, não há muitos motivos para projetar esperanças no médio pr azo. O leque de opções incluiu um candidato preso – Lula (PT) permanece recluso em Curitiba –, que lidera as pesquisas, e o segundo colocado não vai além dos elogios ao regime militar e à defesa do armamento da população como medida para conter a violência. Ambos se situam em polos ideológicos opostos, mas compartilham algo em comum:

Conjunto Penal de Feira tem o maior número de presos da Bahia

O Conjunto Penal de Feira de Santana é a unidade carcerária com o maior número de presos atualmente na Bahia. Os dados são de agosto e foram disponibilizados pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que divulga o balanço mensalmente. Segundo esse levantamento, são exatamente 1.818 presos sob a custódia da Justiça na Feira de Santana. A unidade penal que mais se aproxima dessa quantidade é a Penitenciária Lemos Brito, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, com 1.545 internos. Porém, somadas, as unidades em funcionamento na Mata Escura superam a população carcerária da Feira de Santana. O presídio feirense tem o terceiro maior déficit de vagas do sistema: há 462 presos além das 1.356 vagas disponíveis. O cenário é mais funesto na Penitenciária Lemos Brito (764), que abriga somente presos em regime fechado, e no Conjunto Penal de Itabuna, que requer 644 vagas adicionais. A situação mais confortável está no Conjunto Penal de Serrinha, que dispõe de 476 va

Clima eleitoral ainda é morno em Feira

O clima eleitoral ainda é morno na Feira de Santana, mesmo com a candidatura do ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho (DEM) a governador da Bahia, encabeçando a oposição. No passado, em duas ocasiões, o município viveu a experiência de um político local postulando o Palácio de Ondina, com o ex-governador e ex-prefeito feirense João Durval Carneiro, candidato em 1982 e, posteriormente, em 1994. Venceu a primeira e perdeu na segunda. Mas eram outros tempos, quando a população não vivia o desencanto atual com a política. A expectativa é que a partir dessa semana haja maior engajamento do eleitor, pois começa o horário eleitoral no rádio e na televisão. Muita gente não se incorpora no acirrado debate virtual, nem garimpa candidato pela Internet, optando pelo horário eleitoral na tevê. É o que afirmam analistas, em que pese reconheceram o impacto crescente das novas mídias. É claro que, com a proibição do financiamento privado, o dinheiro disponível diminuiu e as campanhas tendem a ser

O fiasco da intervenção militar e das soluções pela força

Três militares morreram no início da semana passada em uma operação da intervenção federal no Rio de Janeiro. A ação ocorreu em um complexo de favelas na zona norte, mas o episódio repercutiu em outras regiões da cidade. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), militares montavam guarda na Estação do BRT, exatamente em frente à instituição. Portavam fuzis e perscrutavam com olhares assustados os arredores. Afinal, no início da tarde, um ônibus foi incendiado por ordem de traficantes. Mesmo com todo o aparato, o caos permanece, imperturbável. Uma pesquisa recente indicou que 59% da população carioca julga que a intervenção – festejada com arroubos impudentes por seus artífices, em fevereiro – tornou-se inócua. A percepção é compreensível: tiroteios, mortes e pânico seguem frequentes, maculando a indescritível beleza dos dias ensolarados de inverno na afamada Cidade Maravilhosa. Na segunda-feira (20), em Niterói, morreram seis em um confronto que interrompeu o trânsito pela p

A Procissão de Nossa Senhora da Boa Morte em Cachoeira

Ontem (14) aconteceu a procissão de Nossa Senhora da Boa Morte, em Cachoeira, um dos pontos altos das celebrações que se estendem por uma semana. Até a sexta-feira (17) o município vai continuar mobilizado pelos festejos seculares, que harmonizam a ancestral cultura religiosa de matriz africana com os ritos católicos legados pelos colonizadores portugueses. Transbordante de cultura, densa em História, palco de memoráveis mobilizações nas jornadas da Independência da Bahia, dotada de rico patrimônio arquitetônico, Cachoeira vive no mês de agosto uma das suas mais intensas semanas. Uma chuva miúda – uma quase imperceptível garoa – ameaçou encorpar, mas se dissipou no início da noite, para alívio da multidão que aguardava a procissão. E o cortejo saiu da sede da Irmandade da Boa Morte, após a missa, percorrendo algumas das principais ruas de Cachoeira – a rua Treze de Maio, com seus casarões solenes de dois pavimentos, muitas janelas e sacadas estreitas, o largo da 25 de Março, fervilh

A aridez de ideias nas eleições 2018

A reforma da Previdência sumiu do noticiário desde fevereiro. É curioso: até então, havia a mais completa histeria sobre o tema. Parecia que, caso se retardasse o desfecho por mais um punhado de meses, o País mergulharia num caos irreversível. Sem dispor de votos para aprovar sua proposta polêmica, Michel Temer (MDB-SP), o mandatário de Tietê, sacou a intervenção federal no Rio de Janeiro da algibeira para disfarçar sobre o fracasso iminente na votação. E todo mundo – sobretudo a imprensa – que antes gritava, silenciou. É evidente que o Brasil precisa reformar seu sistema previdenciário para torná-lo sustentável no longo prazo. Só que é preciso respeitar direitos, revogar privilégios injustificáveis de determinados segmentos e facilitar que mais brasileiros contribuam e tenham acesso ao sistema. Exatamente o que não prevê a atabalhoada – e pouco debatida – reforma concebida pelo emedebismo. Mas o que pensam os postulantes à presidência da República sobre o tema? Até aqui, limitam-