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Mostrando postagens de março, 2014

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada feira-livre que mobilizava comerciantes e consumidores da região. Isso na época em que não existia a figura do chefe do Executivo, quando as questões administrativas eram resolvidas e encaminhadas pela Câmara Municipal.           

Uma apreciação estética da Feira de Santana

                     Dizem vários feirenses, sem grande apreço pela cidade, que a Feira de Santana é feia. Aqui, já de cara, largamos com ampla desvantagem: não temos a poesia e o canto azul do mar para embalar os finais de tarde, nem as manhãs de domingo. Falta-nos, portanto, uma orla que atenda os padrões de beleza aos quais os brasileiros estão acostumados. O patrimônio arquitetônico aqui também é escasso: descontando uns poucos prédios antigos que servem de amostra de uma belle époque frustrada, os atrativos são raros. Isso para não mencionar muita coisa que foi demolida.                 No aspecto estético, a geografia também foi madrasta: as belezas naturais são igualmente raras. As tradicionais lagoas, que inspiram e estão na essência dessa civilização sertaneja, foram tragadas pela especulação imobiliária ou pelos esgotos, restando poucos – e mal preservados – exemplos. As extensas planícies, que por um lado nos poupam penosas subidas, inviabilizam essa estética geogr

Feira e o Golpe Militar de 1964

                                Segunda-feira (31) o Golpe Militar de 1964 completa, oficialmente, 50 anos. Na prática, a quartelada ocorreu na madrugada de 1º de abril, mas os militares distorceram a História para evitar que o golpe fosse associado ao Dia da Mentira. Essa parece ter sido a primeira violação dos fatos legada pelo regime que se iniciava. Nessa semana turbulenta que aviva tantas lembranças desagradáveis, o fato mais pitoresco foi uma série de marchas em diversas cidades brasileiras, reunindo meia-dúzia de nostálgicos lastimosos, pregando um novo golpe e a implantação de uma nova ditadura.                 O grande argumento é que só os militares podem salvar o Brasil da corrupção. Como se, à época, não existisse corrupção. Ou como se as fortunas amealhadas pelos coronéis civis da política brasileira não tivessem crescido, despudoradamente, exatamente naquele período, à sombra da cumplicidade criminosa de quem apoiava a Ditadura. Isso para não mencionar muito mi

A reconfiguração do Centro Comercial II

                Em artigo anterior discutimos a reconfiguração do centro comercial da Feira de Santana. Nessa discussão, apontamos dois fatores responsáveis por essa reconfiguração:   inicialmente, ainda na década de 1970, a inauguração do Centro de Abastecimento desconcentrou as atividades comerciais – formais e informais – do centro da cidade, levando-as para o Parque Manoel Matias, nas imediações da Barroquinha e da avenida Canal. Outro movimento, já na década de 1990, originou o “Feiraguai”, que ao longo dos anos se consolidou como novo espaço dinâmico da economia feirense.                 Ambos, conforme indicamos, foram motivados por razões distintas, até antagônicas: no primeiro, foi o planejamento governamental e o esforço pela reorganização urbana que orientaram as ações. No segundo, o impulso foi dado pelo comércio de rua, que ocupou uma área degradada e imprimiu uma vertiginosa dinamização comercial numa praça abandonada nos fundos da Igreja Matriz.