Publicado originalmente em Maio/2020
Todo
dia a Covid-19 está matando alguém em Feira de Santana. É a nova realidade que
começou a se impor desde o começo da semana. O boletim, até ontem (29), indicou
12 mortos e 531 infectados no total. Só ontem foram mais 35 casos e dois
mortos. Nas últimas semanas houve uma inflexão assustadora: o número de casos
passou do patamar de pouco mais de 10 ocorrências para mais de 20 e, já na
última semana, ficou sempre acima de 30 casos.
Mesmo
com todas as restrições às atividades comerciais, o índice de isolamento social
vem ficando, sempre, abaixo de 50%. Nem a antecipação de feriado ou a
decretação de ponto facultativo vem esvaziando as ruas. Ao longo da semana,
foram comuns os engarrafamentos no centro da cidade. Parece que o feirense
desdenha das mortes, mantendo-se pelas ruas só de pirraça.
Pior
é que não falta quem circule sem máscara. Grávidas, idosos, obesos – só para
mencionar aqueles segmentos mais suscetíveis à doença – transitam sossegados,
talvez se fiando na leviandade de Jair Bolsonaro, o “mito”, de que se trata só
de uma “gripezinha”. Isso para não mencionar quem bebe em bar, aglomera-se
pelas calçadas ou em estabelecimentos comerciais.
O
cenário, funesto, não arrefece o ímpeto de quem quer o comércio reaberto, as
lojas funcionando, o povo circulando pelas artérias estreitas do centro da
cidade. Muitos acham – isso mesmo: acham –, doutoralmente, que o comércio
aberto não contribui para a disseminação do Covid-19. Baseiam-se, apenas, na
própria opinião, em suas sábias sentenças.
O
precário isolamento – aqui só houve mais recolhimento na segunda quinzena de
março – traduz-se nos números que se veem aí e na preocupante tendência de
elevação da mortalidade. Imaginem se tudo funcionasse, sem qualquer freio,
conforme alguns lunáticos querem? Hospitais e unidades de saúde estariam
superlotados, com gente morrendo pelos corredores, às dezenas.
Curioso
é que nas mídias sociais, nas emissoras de rádio, nas esquinas e nas imprudentes
aglomerações desfiam-se diagnósticos e fórmulas para enfrentar a pandemia do
novo coronavírus. Um quer mais fiscalização, outro reclama do povo, um terceiro
não vê problema em loja aberta, um quarto ataca as autoridades, um fanático
defende o “mito” e assim vai.
Apesar
de tanta sabedoria destilada, menos da metade dos feirenses vem adotando a mais
correta das medidas: ficar em casa. Nas próximas semanas, a solução simples –
mas a única eficiente até aqui – terá que ser mais acatada. Sob a incontornável
pena do número de mortes diárias dar um salto abrupto...
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