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Mostrando postagens de janeiro, 2013

Lembranças de Havana (XII)

Domingo é o dia mais recomendável para se descobrir como vive um povo. Como se divertem, como são os momentos de descontração, como se relacionam com amigos e familiares. Domingo em Havana surpreende o desavisado viajante de País capitalista: as pessoas se dedicam ao ócio de maneira muito similar àquilo que se vê nos arredores latino-americanos. Ao longo do Malecón bebem-se generosas doses de rum, passeia-se com crianças endiabradas, adolescentes flertam com intenso alarido, casais de mãos dadas inspiram-se sob o sol cálido e o mar tranqüilo. No final da tarde, um intenso burburinho toma conta das imediações do Hotel Nacional: formam-se filas, fala-se aos berros e extravasa-se a alegria do encontro, dali a instantes, com a exibição de um filme de Batman. Contenho a marcha, examino atentamente o cartaz exposto na entrada: Batman, de fato. Os bêbados cubanos são tão chatos quanto seus similares brasileiros: à beira-mar um deles, entupido de rum, vocifera, esbraveja, baba e d

Risco de homicídio é dobrado para quem mora na periferia

                  O tema foi muito discutido no noticiário nos últimos dias e vem, com razoável freqüência, sendo abordado neste espaço. Mas, mesmo sob o risco da redundância ou da aparente falta de assunto, somos forçados, mais uma vez, a nos reportar à questão da violência na Feira de Santana. Afinal, os dados oficiais divulgados há uns poucos dias indicam que foram assassinadas 412 pessoas no município nos 365 dias de 2012. De imediato, percebe-se que a assustadora média de um homicídio diário já ficou pra trás: ano passado houve 1,1 assassinato a cada 24 horas.             Todo mundo sabe que andar pelas ruas da Feira de Santana é muito perigoso. Com números, no entanto, é possível dimensionar melhor o nível de insegurança: ano passado, de cada 1.349 feirenses, um foi assassinado. Isso quando se consideram os 556 mil habitantes contabilizados pelo Censo 2010 do IBGE. Com o crescimento da população, talvez essa proporção seja um pouco maior.             Alguns bairros se s

O espetáculo do futebol amador

            Numa cidade com poucas alternativas de lazer como a Feira de Santana, o futebol amador dos finais de semana cumpre a função de divertir, entreter e congregar um número de pessoas difícil de ser mensurado. Enquanto centenas de atletas correm atrás da bola em dezenas de campos espalhados pelos diversos bairros da cidade nas manhãs de domingo, milhares de expectadores acompanham atentos, vibrando e torcendo por suas equipes. Essa atividade se desenvolve em praças esportivas razoavelmente estruturadas – como na Vila Olímpica dos Amadores ou no Beira-Riacho, ali ao lado do Centro de Abastecimento – ou em campos duros de terra batida, nos quais a boa-vontade dos apaixonados por futebol ajuda a superar inúmeras deficiências. Um exemplo do que a paixão pelo futebol pode produzir é o próprio Campeonato Feirense de Amadores, que há décadas reúne equipes de bairros diversos, que se enfrentam em partidas aguardadas com imensa expectativa ao longo da semana. Organizada sob a