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Mostrando postagens de julho, 2010

O papel da Internet nas eleições 2010

Uma das agradáveis novidades nesse período eleitoral de 2010 no Brasil é, sem dúvida, a capilaridade e a velocidade com que circulam informações sobre os candidatos na Internet. Parece que o mundo virtual veio suprir uma terrível lacuna no cenário político brasileiro, quando os que se aboletavam no Estado podiam tudo, inclusive transformar os cofres públicos num mero apêndice de seu patrimônio pessoal. Ou falsear informações relevantes para o eleitor e – pior ainda – enfiar no bolso o que o contribuinte suou para conquistar e repassar ao Estado na forma de impostos. Embora ainda muito abundantes, pelos menos certos excessos começam a ser contidos e a divulgação dos fatos causa, no mínimo, constrangimento. Com meia-dúzia de cliques pode se descobrir, por exemplo, que a turma do dinheiro nas meias já se rearticula em Brasília, tentando retomar o poder. Certamente para, no fim do ano, comprar panetones com as “sobras” do caixa dois. É possível descobrir também que o candidato a vice

“Fulanismo” e idéias de ontem em ano de Copa...

No Brasil, ano de Copa do Mundo se confunde com as eleições mais importantes do País, quando são eleitos o presidente da República e os governadores dos Estados. As metáforas comparativas são, portanto, inevitáveis. E, em ano de naufrágio da Seleção Brasileira na competição mais importante do futebol mundial, uma comparação com o processo eleitoral que se aproxima torna-se previsível, pelo menos em 2010: a pouca renovação que se vê tanto no futebol quanto na política. No futebol, nunca o Brasil ousou tão pouco: em 2014, somente dois jogadores da equipe que foi à África do Sul (Ramires e Robinho) terão menos de 30 anos. A grande maioria que terá o desafio de disputar uma Copa do Mundo no Brasil, portanto, será composta por estreantes. Assim, além de uma postura defensiva, Dunga “inovou” convocando gente medíocre que, no futebol, está próxima do fim da carreira. Na política, o repertório eleitoral parece bastante similar, embora menos capaz de entusiasmar a população e é, evidentemente

Oportunidades que a Copa 2014 nos dá

A partir do próximo final de semana o Brasil passa à condição de “bola da vez” no futebol mundial, mesmo com a eliminação precoce na Copa do Mundo da África do Sul há apenas alguns dias. Afinal, além do desafio de mostrar um futebol menos chato e previsível que o apresentado na competição que se encerra, o país assumiu o encargo de sediar a Copa de 2014 com jogos em 12 cidades, conforme se noticiou amplamente. E, mesmo antes de iniciadas as obras, já surgem especulações de todo tipo e os mais precipitados já temem que a Inglaterra arrebate a Copa do Mundo. Com base na experiência da África do Sul – país que também deve ter outras prioridades além da construção de estádios, como se viu – os brasileiros deveriam refletir em relação à competição que vão organizar. Afinal, por mais que se dissesse o contrário quando o país era apenas mais um candidato, muito dinheiro público deve ser empregado para organizar o evento. O que alguns órgãos de imprensa noticiaram sobre a África do Sul é qu

Buenos Aires em dia de Copa do Mundo

Atipicamente, essa semana escrevo para a Tribuna Feirense da Argentina, onde ocorre até esta quinta-feira um congresso internacional sobre desenvolvimento local. Visitar o país durante o período de Copa do Mundo é uma experiência fascinante, que permite visualizar muitas semelhanças e diferenças do comportamento dos hermanos em relação aos brasileiros. A principal constatação é que o futebol é um grande negócio na Argentina, mas nada se comparado com o Brasil. Aqui também proliferam as bandeirinhas com suporte tremulando nos carros, o azul celeste e o branco enfeitam ruas, praças e avenidas e muitos ostentam, orgulhosos, agasalhos com as cores de seleção argentina para enfrentar o rigoroso inverno que se anuncia, mesmo com o sol brilhando no céu de azul imaculado. Contudo, nada se compara com a febre verde e amarela que toma conta do Brasil. O nacionalismo exacerbado, típico do brasileiro em ano de Copa do Mundo, é mais passional e ostensivo do que o argentino. No Brasil respira-se f

A infância perdida nas ruas

Em pequenos grupos ou sozinhas, muitas vezes vestidas com roupas sujas e gastas, diversas crianças perambulam pelas ruas e bares da Feira de Santana vendendo doces, amendoim ou oferecendo pequenos serviços, como o fazem alguns engraxates precoces. Entre um gole e outro de cerveja, no rápido intervalo entre duas garfadas é possível ser abordado por meninos e meninas que oferecem pastilhas, doces ou – caso mais incomum – se dispõem a desenhar os clientes, apresentando lápis e folhas de papel ofício. Nos diversos bares e restaurantes do centro da cidade e em bairros centrais como a Kalilândia se veem esses trabalhadores precoces, oferecendo seus produtos ou serviços de forma súplice. Entre uma abordagem e outra brincam, riem e às vezes até correm, resgatando retalhos de uma infância que vai se perdendo pelas ruas violentas da Feira de Santana. Aparentemente se viram sozinhas: interpelam os fregueses, vendem, ouvem recusas e prosseguem em sua jornada. Um olhar mais atento, porém, permite