Publicado originalmente em Junho/2020
Que
dizer do avanço do novo coronavírus na Feira de Santana? Só ontem (12) foram
confirmadas mais seis mortes. Outros 110 casos se somaram às notificações
anteriores e, agora, o município totaliza 1.416 casos. A quantidade de óbitos
começa a inquietar: com os seis de ontem, já são 28 contabilizados. É bom
lembrar que, no começo da pandemia, as mortes eram raras, mas, nas últimas
semanas, se aceleraram.
O
pior de tudo é que o País está distante do pico de casos e mortes e do
aguardado declínio da pandemia. As previsões mais otimistas – projeções se
sucedem vertiginosamente no noticiário, à medida que novos números são
computados – empurram para agosto o pico. Só a partir de então, apostam os mais
confiantes, é que os registros tendem a declinar.
Começa
a ser fastidioso recordar que o isolamento social e as medidas preventivas
estão sendo abandonadas por parcela significativa da população. A culpa – no
senso comum –, como se sabe, é sempre do poder público, que não reprime, não
fiscaliza, não pune, não enquadra os recalcitrantes. Nessa leitura torta da
realidade, ninguém tem responsabilidades – nem consciência – e cabe ao Estado o
papel punitivo.
O
curioso é que, quanto mais se desrespeita o isolamento, mais se retarda o final
da pandemia. Quem quer ser esperto no miúdo hoje – manter suas atividades,
inclusive as econômicas, como se nada estivesse acontecendo – acaba prejudicado
também no atacado, porque retarda a retomada lá na frente. E atrapalha todo
mundo, penalizando sobretudo os disciplinados.
No
meio do caos, é necessário reconhecer sempre os esforços das autoridades locais
– prefeitos e governadores – para conter a Covid-19. Principalmente porque, no
Planalto Central, não há uma estratégia, um plano, um conjunto de ações, nada.
No fundo, os mais atentos já perceberam que não há nem governo. Pior ainda: o
que há é um desgoverno, que boicota ostensivamente as ações contra a pandemia.
A
clássica expressão – tempestade perfeita – ajusta-se ao Brasil atual. De um
lado a população revoga sem cerimônia as medidas de contenção da pandemia,
expondo-se e expondo até os mais cautelosos. Do outro lado, o governo em
Brasília minimiza o novo coronavírus, tenta esconder números, alardeia remédios
milagrosos com frequência. E há até tresloucados farejando burla na quantidade
de óbitos, pregando recontagem, num flagrante desrespeito às famílias das
vítimas.
É
tão trágica a situação brasileira que vem à memória, sempre, um trecho da
canção “Sereníssima”, da banda Legião Urbana – sucesso do rock nacional nos
anos 1980/1990 – imortalizada na voz de Renato Russo: o caos segue em frente
com toda calma do mundo...
Lançada
há 30 anos, é mais atual hoje que naqueles tempos.
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