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Mostrando postagens de outubro, 2009

O “Bicho do Tomba” faz propaganda na tevê

Nos dias atuais basta o cidadão ligar a televisão para ser bombardeado por uma enxurrada de propagandas prometendo melhores preços, maiores prazos e garantia de cobertura das ofertas dos concorrentes no ramo de eletrodomésticos. Tudo isso no tom enfático e no frenesi de quem precisa convencer o consumidor primeiro para impedir a reflexão do cidadão depois. De tão comuns, essas propagandas incorporaram-se à rotina do telespectador e já nem chamam a atenção. Na tela da tevê, a velocidade de quem narra os anúncios só não é maior que o turbilhão de pequenas letras, que formam palavras e frases que, provavelmente, reservam armadilhas imprevisíveis até para os consumidores menos cautelosos. Não é raro, também, quem burle o Código de Defesa do Consumidor anunciando o valor das prestações e omitindo o prazo de pagamento. O que também já se tornou chato é a rotina das promoções. Antes reservadas aos meses posteriores às grandes vendas de junho e dezembro, essas ofertas tornaram-se semanais

A visita de Albert Camus à Bahia

No dia 23 de julho de 1949, desembarcou em Salvador, de um vôo procedente do Recife, o escritor franco-argelino Albert Camus. Jornalista, militante político, dramaturgo, ensaísta, mas sobretudo escritor já consagrado, Camus está entre as mais célebres personalidades literárias a conhecer a Bahia e registrar suas observações que posteriormente, deram origem a um livro, “Diário de Viagem”. À época Camus já havia lançado dois dos seus mais importantes livros: os romances “O Estrangeiro” e “A Peste”, que contribuíram para que obtivesse o Nobel de literatura em 1957. Ei-lo em suas primeiras impressões sobre a Bahia: “Três horas de vôo, e depois vêem-se surgir, sobre uma imensidão, colinas curtas cobertas de neve. Ao menos, é a impressão que me dá essa areia branca, muito freqüente aqui”. Após o desembarque e a viagem até o centro da cidade, através da atual Estrada Velha do Aeroporto, o autor continua o registro de suas impressões: “A terra é totalmente vermelha. Bahia, onde só se vêem ne

A sopinha dos desvalidos

Os programas de transferência de renda no Brasil têm sido objeto de ataques sistemáticos desde que foram implementados pelo ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Alguns dos adversários mais ferrenhos estão entre os políticos do Nordeste, lastimosos pela oportunidade perdida de garantir mais votos, mostrando-se como benfeitores privados do que é feito com recursos públicos. Nos últimos meses, no entanto, o discurso mudou porque as eleições se aproximam e os partidos mais conservadores encolhem a cada pleito. Engraçado é que a indignação contra o uso do “rico dinheirinho” do povo, que poderia ir para as empreiteiras, os bancos privados ou o caixa dois das campanhas eleitorais, não se vê contra o assistencialismo oficial ou oficialesco, existente desde que o Brasil era um país de gente séria, quando a Casa Grande e a Senzala conviviam em perfeita harmonia. A explicação é muito simples e tem raízes antigas. Naqueles idos, os açoites dos capatazes, a espoliação furiosa

130 anos de adesismo na Bahia

A História da Bahia é farta em exemplos de que os políticos locais dificilmente conseguem se manter na oposição. Na era republicana, o primeiro exemplo foi a própria Proclamação da República: de monarquistas convictos em 14 de novembro, os deputados baianos converteram-se em destemidos republicanos apenas três dias depois, quando se deram conta de que a extinção da monarquia era irreversível. Depois simularam uma eleição para a nova assembléia e elegeram-se, mantendo o status quo monárquico, só que vestindo a camisa adversária. A disposição dos políticos baianos em defender o novo regime e preservar seus interesses, porém, era sincera. Tanto que, em 1897, alarmados com o crescimento do Arraial de Canudos e com os boatos de que lá era um núcleo monarquista, empenharam-se vivamente em promover o massacre, só para atestar fidelidade aos republicanos. Mais adiante, com a Revolução de 1930, os herdeiros dessa tradição reavivaram-na, apoiando Getúlio Vargas e acomodando-se à nova ordem p

O futuro que se desenha para a Feira de Santana

Anuncia-se a construção de um novo hotel em Feira de Santana onde existe hoje o Shopping Boulevard. Ao mesmo tempo, fala-se na venda do Clube de Campo Cajueiro para um grupo de empresários de São Paulo que, ali, pretendem construir uma espécie de shopping popular, conforme noticiou a imprensa feirense nos últimos dias. As duas notícias confirmam perspectivas de longo prazo para a Feira de Santana, que é a reconfiguração de seu espaço urbano. As grandes e mais antigas metrópoles têm centros antigos, repletos de casarões e impregnados de história, bem preservada ou não. Possuem uma lógica urbana evidentemente formulada à época em que essas cidades surgiram e se expandiam. Daí os engarrafamentos em ruas estreitas, a pouca funcionalidade de prédios antigos e a necessidade de expansão dos espaços urbanos. Salvador é das cidades antigas que viveram essa experiência: o centro antigo aos poucos foi sendo abandonado e negócios e serviços foram se acomodar em arranha-céus espaçosos, cortados

A necessidade de concursos públicos

A Bahia tem uma das estruturas administrativas mais arcaicas entre os principais estados brasileiros, apesar de todas as afirmações em contrário ao longo de tantos anos. Segundo a versão oficial, vendida em propagandas institucionais e de partidos que governaram o estado nas últimas décadas, competentes técnicos governamentais se esmeram na elaboração de políticas e na gestão do Estado, colaborando para reduzir as desigualdades sociais que – não se responde por quê – colocam a Bahia na rabeira, junto com os estados mais pobres do país. É claro que sempre sobram elogios para os políticos em exercício de mandato: pela tenacidade, competência administrativa, abnegação e visão de futuro. São esses homens que sempre tocaram, como brilhantes maestros, a afinada orquestra social dos técnicos em seus gabinetes com ar refrigerado. Essa martelar é tão renitente que, aos poucos, as pessoas foram se afogando nesse “mar de ilusões” elaboradas pelos marqueteiros. E aí se diluiu a capacidade crít