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Mostrando postagens de março, 2017

Santiago do Iguape apresenta diversos atrativos

Aqueles que desejam conhecer uma típica comunidade de pescadores e, sobretudo, encantar-se com as belezas naturais do Recôncavo baiano, não podem deixar de conhecer Santiago do Iguape. Distrito de Cachoeira, a localidade fica no quilômetro 20 da BA 880, rodovia que se articula com a BA 420, que liga as emblemáticas Cachoeira e Santo Amaro. Ali, a natureza caprichosa que teceu a Baía de Todos os Santos provoca uma irreprimível sensação de êxtase nos visitantes. Tudo é majestoso, divino. A entrada de Santiago do Iguape fica num aclive suave da BA 880. A partir dali o visitante envereda por uma rua estreita, empoeirada, calçada com paralelepípedos luzidios e repleta de moradores à janela. É o cenário típico da comunidade numa ensolarada tarde de sábado. Ao longo da rua veem-se mercadinhos, muitos bares e pequenas lojas. Depois de serpentear por algumas curvas, o visitante chega à praça principal da comunidade. Ali os espaços são mais amplos e, no entorno, há quadra de esportes, bar

Belezas e encantos de São Francisco do Paraguaçu

O viajante que segue pela BA 420 – a que liga Santo Amaro a Cachoeira – e se depara com a entrada da BA 880 não imagina as belezas que a rodovia reserva ao longo dos seus 25 quilômetros. Ali se vê uma placa indicando três destinos: Opalma, logo adiante, a sete quilômetros; o distrito de Santiago do Iguape, a 20 quilômetros; e, no fim do percurso, a vila de São Francisco do Paraguaçu. As três comunidades integram o município de Cachoeira. No trecho inicial nada promete uma paisagem exuberante: longas planícies desmatadas sinalizam que, por ali, já se plantou muita cana-de-açúcar. Hoje, não existem cultivos aparentes e ervas daninhas se multiplicam. O gado escasso consome o pasto exíguo, sob um sol implacável. As raras árvores daqueles ermos são insuficientes para afastar o calor rijo. À medida que envereda pela BA 088, o viajante vai percebendo mudanças graduais na paisagem: para além da planície devastada, surgem morros recobertos pela Mata Atlântica, que se sucedem numa arredonda

A rica diversidade da rodovia Feira-Santo Amaro

Feira de Santana é um município que exibe a peculiaridade de seu território abrigar dois biomas: a Caatinga, que se irradia a partir daqui sertões afora, alcançando lonjuras no Piauí e no Ceará; e a Mata Atlântica, que caracteriza o Recôncavo próximo e se insinua em direção ao Sudeste, estreitando-se pelo litoral infindável. Biomas tão distintos produziram, ao longo do tempo, formas de organização da atividade agropecuária muito específicas. Essa realidade é visível até mesmo numa despreocupada viagem de passeio. No sertão semiárido, a vocação econômica mais evidente é a pecuária bovina. Ela se distribui por largas extensões de terra, privilegiando espaços onde as fontes hídricas são mais abundantes. Eventuais roças de mandioca, feijão e milho se insinuam na paisagem, aonde predomina o som dos chocalhos dos animais que pastam em extensas planícies. Aqueles que se deslocam em direção ao Recôncavo, ao sul, se deparam com cenário bem diverso. É o caso de quem se aventura em direção a

Funcionário público é espécie em extinção

Pouca gente comenta, mas o serviço público no Brasil vive um momento de inflexão radical. Talvez as transformações sejam as mais drásticas desde a década de 1930, quando as reformas tocadas pelo então presidente Getúlio Vargas ajudaram a configurar muito do que se conhece do serviço público atualmente. De qualquer forma, as mudanças são as mais intensas desde a Constituição de 1988, quando o Brasil aspirava ares democráticos e renovadores. Recentemente, o primeiro impulso transformador foi dado pela demonização dos funcionários públicos. Pelo visto, esta etapa está quase concluída. Incompetência, salários vultosos, vantagens nababescas, ineficiência e inépcia são rótulos que, incessantemente, são colados no funcionalismo público. Note-se que o conjunto dos servidores públicos, nessas vituperações, paga pelos privilegiados concedidos a castas específicas. Mas, obviamente, não se trata de desinformação: o movimento é deliberado. O passo seguinte, conforme já se percebe, é avançar so

Os números do Ensino Médio em Feira

O Ensino Médio se tornou destaque no noticiário a partir da polêmica proposta de reforma aprovada no Congresso Nacional. O governo alardeia que, com a reforma, o ensino vai melhorar. Muita gente acha que não, inclusive profissionais da educação. Não há dúvidas que o Ensino Médio precisa melhorar muito no Brasil. E, aqui na Feira de Santana, essa realidade não é diferente. Dados do Censo Escolar, realizado pelo Ministério da Educação, ajudam a dimensionar o drama. Os números utilizados na comparação referem-se aos anos de 2005 e 2015 e estão disponíveis no site do IBGE. Qualquer análise superficial permite inferir que a situação, de fato, precisa mudar. Logo de imediato, percebe-se que o número de matrículas encolhe no município: eram 27,3 mil em 2005 e recuaram para pouco mais de 22 mil dez anos depois. No ensino privado, houve leve elevação: foi de 3,1 mil para 3,2 mil. A redução mais sensível, pra variar, aconteceu na rede estadual, responsável exclusiva pela oferta desse serv

Números do Ensino Fundamental em declínio

A quantidade de estudantes, de profissionais da educação e de escolas do Ensino Fundamental está em queda na Feira de Santana. Ist o nas redes pública e privada. A constatação decorre da comparação dos levantamentos de 2005 e 2015 do Censo Escolar, realizado pelo Ministério da Educação. As informações estão disponíveis no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Em tese, o recuo se deve à drástica redução da população na faixa etária até os 14 anos, verificável nos últimos censos populacionais. A quantidade de matrículas no Ensino Fundamental, por exemplo, recuou de 93,9 mil em 2005 para 74,1 mil dez anos depois. Só cresceram as matrículas na rede privada: passaram de 16,9 mil para 19,1 mil. A oscilação positiva é compreensível: a bonança econômica do período permitiu a muitos pais matricularem os filhos em escolas privadas, na tentativa de fugir da precariedade da rede pública. Essa rede pública, a propósito, registrou quedas expressivas. A mais drástica f

Barafunda ideológica se aprofunda mundo afora

Pouca gente comentou até agora, mas 2017 é ano emblemático. Marca o centenário do triunfo da Revolução Russa, que instituiu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). É certo que, décadas adiante – mais precisamente, em 1991 – a pioneira experiência socialista ruiu, deixando órfãos milhões de comunistas mundo afora. Naquele momento parecia que o capitalismo triunfaria, hegemônico, prevalecendo como única alternativa de organização da produção. Os mais entusiasmados previam um futuro venturoso, com capitalismo e democracia entrelaçando-se em simbiose perfeita. Não foi o que aconteceu até agora. Ao contrário: uma intensa crise econômica arrasta-se desde 2008. Com ela, bilhões de pessoas foram afetadas pelo planeta. Incluindo aí, claro, milhões de trabalhadores das nações desenvolvidas, barrados no baile da globalização. Foram eles que elegeram Donald Trump nos Estados Unidos e, meses antes, avalizaram a saída da Inglaterra da União Europeia. São eles também que ameaçam al

A estreia dos ônibus “seminovos”

Terminal Central, terça-feira (14), 14h15. Os passageiros já estão acomodados aguardando a partida do ônibus número 13504 da empresa Rosa, linha Uefs Direta, após uma espera de, pelo menos, 20 minutos. Subitamente, os passageiros são convidados a desembarcar. Motivo: a buzina está sem funcionar. Todos descem e embarcam no veículo à frente, número 13502, cujo itinerário é diferente: Uefs via S obradinho. Avenida Maria Quitéria, quarta-feira (15) pela manhã. Quem aguarda o ônibus com destino à mesma Uefs precisa prestar muita atenção. É que mal se veem as luzes do painel eletrônico que indica o destino do veículo. À distância, não se vê nada. O ônibus pertence à mesma empresa, Rosa, só que o número de ordem é 4062. Esses são os ônibus que agora levam os feirenses para suas atividades diárias. Quem se dá ao trabalho de examinar a origem destes veículos identifica placas de Tatuí e de Itapetininga, por exemplo, cidades do interior paulista. Com uma porta na frente e uma única no meio,

Apesar do Carnaval, reforma da Previdência avança sem discussão

A essas alturas, muitos feirenses estão pensando em viajar para aproveitar o feriadão de Carnaval, seja se esbaldando nos circuitos da folia, seja descansando nalguma praia ou desfrutando das belezas da Chapada Diamantina, por exemplo. Há quem defenda que o ano, efetivamente, só começa depois do Carnaval. O fato é que ao longo dessa semana o brasileiro esquece as agruras e entrega-se, sôfrego, à trégua que só vai findar na Quarta-feira de Cinzas. Em 2017, porém, a trégua é relativa. É que segue andando a toda, na Câmara dos Deputados, a famigerada reforma da Previdência que deve, nas próximas décadas, tornar o acesso à aposentadoria privilégio de poucos. Espinhosa e complexa, a reforma avança célere para atender aos anseios do “deus mercado” e, mais especificamente, dos fundos de Previdência privados. Ninguém se iluda: a empulhação veiculada como propaganda na tevê não tem o propósito de garantir aposentadoria de ninguém lá no futuro. O objetivo é tornar o acesso à Previdência púb

A reconfiguração do Carnaval da Bahia

O tom do noticiário sobre o Carnaval mudou em 2017. Antes, tudo girava em torno da folia soteropolitana, com seus blocos, seus camarotes, seus famosos, sua badalação, sua superficialidade. A alegria, a irreverência e a densidade cultural dos baianos figuravam num plano secundário no jornalismo de entretenimento. E a segregação e a exclusão, quando apareciam, brotavam como pauta marginal de algum jornalista excêntrico. Isso quando surgiam, o que costumava não ser a regra. Esse ano, a folia em Salvador ficou menor no noticiário. Tudo por conta da crise de identidade que impõe uma difícil transição ao Carnaval baiano, cujas estrelas tradicionais decaem. E, também, por conta do vertiginoso crescimento da festa em metrópoles como Belo Horizonte e, sobretudo, São Paulo, com milhões de foliões espalhados pelos diversos circuitos da megalópole. Em parte, a crise explica a reconfiguração: sem dinheiro, muitos dos que vinham para a Bahia desistiram, curtindo a folia em suas próprias cidades

A variada fauna dos baleiros de Salvador

“Bom dia pessoal !!! Desculpe interromper o silêncio e a tranquilidade da viagem de vocês. Estamos aqui trazendo os deliciosos...”. Quem circula de ônibus costuma ouvir a mesma frase que, mais adiante, vai se traduzir na oferta do produto que o ambulante exibe. A frase curta foi se tornando comum em Salvador, na primeira metade da década passada; depois, transpôs fronteiras, chegou à Feira de Santana, mas não parou por aí. Até em São Paulo, naqueles ônibus articulados que trafegam pela avenida Santo Amaro, já ouvi a frase familiar, com ligeiras alterações. Salvador, cujo drama desemprego é endêmico, hospeda uma fauna admirável de ambulantes. Descontando a tragédia pessoal do trabalho precário, muitos renderiam matérias anedóticas do jornalismo de entretenimento. Os “deliciosos” produtos apregoados costumam variar bastante. Nos dias quentes – sobretudo nos verões incandescentes – ofertam-se água, picolés, sucos artificiais, refrigerantes e até cerveja. As tradicionais caixas de iso