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Mostrando postagens de julho, 2018

Um pouco da História da Catedral de Senhora Santana

Amanhã (26) os católicos feirenses celebram o dia consagrado a Senhora Santana. A devoção é antiga e, no passado, mobilizava toda a cidade, embora, ainda hoje, siga revestida de importância e represente uma das datas mais significativas no calendário do município. A Catedral de Senhora Santana – que fica na antiga Praça da Matriz – abriga parte importante dos festejos, inclusive a novena que antecede a festa. O monumento integra o patrimônio arquitetônico da Feira de Santana e também se destaca como um dos mais bem conservados. O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultura da Bahia – o IPAC – registra que, em 1732, o tenente Domingos Barbosa de Araújo e sua esposa, Ana Brandão, doaram “cem braças em quadra”, no terreno no Alto da Boa Vista, para que se erguesse uma capela a Santana e a São Domingos. A escritura pública foi lavrada em 28 de setembro daquele ano, em cartório do atual município de Cachoeira. Em 1833 uma nova igreja tinha sido erguida ao lado da então “igreja velha”.

Coreto da Froes da Motta vai completar 100 anos

Depois de construir o casarão que hoje abriga a Fundação Cultural Egberto Costa, em 1902, o intendente Agostinho Froes da Motta determinou, em 1919, a construção do coreto na atual praça Froes da Motta. Até hoje a construção subsiste, contracenando com as palmeiras imperiais que vão, aos poucos, morrendo, e com os oitizeiros frondosos que abrigam incontáveis pardais que chilreiam de maneira incessante nos inícios de manhã e fins de tarde. Ano que vem – vale ressaltar – o coreto completa um século. A descrição do equipamento está em publicação do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, o IPAC: “Coreto constituído de uma base de alvenaria de pedra da qual partem oito colunas metálicas que apoiam a cobertura do mesmo material”. No criterioso documento consta que o coreto original “foi prejudicado pela substituição de sua primitiva escada por outra, de concreto armado, modificando a volumetria do monumento”. A função original do monumento é essencialmente ligada à cultu

Casarão da Froes da Motta tem inspiração alemã

Daquilo que ainda resta do rico patrimônio arquitetônico da Feira de Santana se destaca o casarão do intendente Eduardo Froes da Motta. O imóvel fica na rua General Câmara, aquela que liga as praças Froes da Motta e Nordestino, no centro da cidade. A construção é antiga e imponente: quem transita ali, pela rua estreita, não deixa de se impressionar com o porte, com os detalhes caprichados, com o padrão difícil de se ver no município, mesmo na primeira metade do século passado. Não é para menos: quem teve a iniciativa da construção foi Agostinho Froes da Motta, em 1902. A ideia surgiu depois de uma viagem a Hamburgo, na Alemanha, quando decidiu fazer uma casa com planta equivalente. No ano seguinte o imóvel estava pronto. A responsabilidade pela construção ficou com o mestre de obras João Pascoal dos Santos. Em 1922 Agostinho morreu e o imóvel foi herdado pelo filho, Eduardo. No ano seguinte Eduardo e a família passaram a residir no imóvel. Data da época uma série de intervenções:

Três enredos paralelos na sucessão presidencial

Há muita novidade na praça aqui na Feira de Santana. Mas 2018 é ano eleitoral e, portanto, o noticiário nacional – sobretudo o político – às vezes se sobrepõe aos apelos provincianos. Logo, é inescapável mencionar as grandezas – e torpezas – que se processam na luta pelo Planalto Central. Examinando aqui da província, percebe-se que três enredos paralelos vão se desenvolvendo na sucessão presidencial. Nada impede que se entrelacem – se mesclem, até – e, quem sabe, produzam uma fusão, um amálgama que reduza a quantidade de cenários relevantes. O mais longevo e o mais pitoresco deles envolve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula (PT). Preso desde abril, segue sustentando uma candidatura que embaralha o pleito. Pelos imbróglios com a Justiça, é pouco provável que o líder petista confirme sua candidatura. De um lado, ele desperta uma comovente crença na sua imaculada honestidade; do outro, espanta pelo ódio que provoca naqueles que anseiam, até mesmo, o seu extermínio físico

Crise econômica provoca abandono e obas inacabadas em Feira

A crise econômica que os brasileiros – e feirenses – vêm enfrentando não deixa suas marcas apenas nas pessoas. É claro que a dimensão humana do drama tem mais apelo: quem pena com o desemprego e a compressão na renda enfrenta um cotidiano traumático, descartando tudo aquilo que não é essencial – sobretudo os pequenos confortos que tornam a vida menos áspera – e isso, indiscutivelmente, deixa sequelas, provoca choques, afeta a autoestima. Outros enfrentam realidade ainda pior, suprimindo sonhos e, muitas vezes, enfrentando o dia a dia sem o mínimo essencial para a subsistência. Isso é apenas uma das dimensões do drama da recessão. Ele possui outros recortes, às vezes muito mais visíveis. Um deles é o estado do patrimônio imobiliário. A observação, ampla, se estende às construções de toda natureza: desde os modestos casebres da periferia feirense às grandes empresas abalroadas pela crise, passando pelas residências de classe média e pelo comércio da cidade, incluindo-se aí aqueles do

O salto no escuro

Faltam, precisamente, 85 dias para as eleições presidenciais no Brasil. Desde a redemocratização que o País não vive sob tanta confusão política. Líder nas pesquisas, o ex-presidente Lula (PT) permanece preso em Curitiba: tudo indica que não vai concorrer. O segundo colocado, Jair Bolsonaro (PSL), investe em uma alarmante retórica beligerante. Segundo a análise convencional, ambos se situam nos extremos ideológicos, à esquerda e à direta, respectivamente. Para o bem do Brasil – alega-se – é necessário trilhar o “caminho do meio”, escolhendo um candidato mais alinhado com o suposto “centro” ideológico. Essa faixa está congestionada: Marina Silva (Rede), Álvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e vários nanicos acotovelam-se, apesar de repisarem a necessidade de união e convergência. Flutuando, Ciro Gomes (PDT) empenha-se para atrair o “Centrão” – aqueles empedernidos governistas, entusiastas do balcão, ex-liderados pelo atual presidiário Eduardo Cu

Degradação do Centro de Abastecimento favorece remoção

A degradação do Centro de Abastecimento vem se acentuando há algum tempo. Os visitantes mais atentos apontam a sujeira disseminada, a insegurança alarmante e a deterioração geral da infraestrutura como problemas crônicos que se acentuaram nos últimos tempos. Para completar, as obras do badalado shopping popular implicaram na colocação de tapumes metálicos que restringem a circulação e produzem poeira nos dias de sol e muita lama nos dias de chuva. Quem se locomove pelo entreposto vive assustado. Sobretudo naquele galpão intermediário aonde se amontoam os varejistas de verduras e legumes. Escuro, sujo e malcuidado, o espaço se tornou refúgio para a malandragem, que circula por ali sem maiores embaraços. Feirantes e consumidores exibem feições assustadas, porque os riscos de ações violentas, como roubos e agressões – e até assassinatos – são evidentes. É longo o histórico de descaso com o equipamento. As calçadas por onde circulavam os pedestres já não existem há muito tempo, destru

O encanto indescritível do Vale do Capão

O Vale do Capão começa a embriagar os olhos de quem se aventura pelo coração geográfico da Bahia ainda na BR 242, a que atravessa todo o estado no sentido Leste-Oeste, em direção ao Planalto Central do País. Pela rodovia sinuosa e íngreme vão se revelando os morros sucessivos com sua inconfundível coloração rochosa, recobertos pela espinhosa vegetação típica do semiárido. Mais além os chapadões se estendem, azuis em dias de sol radioso, misturando-se ao horizonte, confundindo-se também com o céu que assume uma coloração mais clara. A essas alturas o viajante já está imerso no espírito da Chapada Diamantina. Há, aí, o respeitoso espanto com o grandioso espetáculo da natureza, misturado a uma sensação de eternidade que a paisagem inspira. O sentimento se avoluma à medida que os olhos se embebedam com aquela beleza que revela uma nova perspectiva a cada curva, a cada ângulo, a cada efeito que o vento e a luz, combinados, produzem. Quando envereda pela BA 849 que dá acesso a Palmeiras

Vendedores de amendoim se multiplicam

Nos últimos meses basta circular um pouco pela Feira de Santana para perceber, pelos bairros populares, fogueiras à porta das casas para cozinhar amendoim. O preparo do produto exige imensas panelas que repousam sobre fogueiras rústicas, armadas com carvão e lenha, reforçada com tábuas e pedaços de madeira descartados. Quando as fogueiras improvisadas ardem, o amendoim ferve nos caldeirões e tiras tênues de fumaça desprendem-se, brancas, se diluindo no vento constante. Tradicionalmente, o bairro Queimadinha abriga a gente mais dedicada ao ofício, que perambula pelas ruas feirenses o ano inteiro, apregoando o produto, cativando clientela nos bares e nos pontos de ônibus, tornando-se referência na atividade. No bairro se produz também amendoim torrado e aquele que se mistura ao camarão seco e que faz sucesso como tira-gosto. Lá foi instalada, há anos, uma cozinha comunitária para a preparação do produto. E é comum se ver levas de trabalhadores, com músculos retesados, impulsionando

O falso dilema entre educação e segurança pública

Feira de Santana está atravessando a década mais violenta de sua História. Já faz tempo que o número de assassinatos superou o do decênio passado, que tinha sido o mais sangrento até então. Não é à toa que o município se sobressai nesses tristes rankings da violência, divulgados por instituições governamentais e por organismos internacionais. O Brasil enfrenta epidemia similar – ano passado aconteceram mais de 60 mil assassinatos, um recorde mundial – e, o que é mais desolador, o debate sobre o tema é pouco alentador. Há, inclusive, sinais inquietantes de que a Segurança Pública se tornou objeto de ações espetaculosas, demagógicas. É o caso da intervenção federal no Rio de Janeiro que, quatro meses depois, apresenta resultados pífios, conforme era facilmente previsível. Movido pela ilusão de uma candidatura presidencial, Michel Temer (MDB-SP), o mandatário de Tietê, adotou a medida, pensando nos eventuais bônus eleitorais. Há poucos dias, às pressas, o Congresso Nacional aprovou o

Composições eleitorais na Bahia caminham para definições

No início da semana finalmente foi divulgado aquilo que todo mundo já sabia: Ângelo Coronel (PSD) vai ser um dos candidatos ao Senado na chapa do governador Rui Costa (PT). Completam o time – virou moda as referências futebolísticas no cenário político – o vice-governador João Leão (PP) e o ex-governador e ex-ministro Jaques Wagner (PT), que também é candidato ao Senado. Todos homens, brancos e ricos. Em tempos de valorização da diversidade – inclusive de gênero – a composição soa muito tradicional, conservadora até, por mais que os petistas recusem o rótulo. A atual senadora Lídice da Mata (PSB) foi rifada e o PC do B – tradicional aliado petista – também. Não foi à toa que dirigentes das duas legendas fizeram críticas públicas, expondo o descontentamento com o perfil da chapa e com modus operandi adotado na definição dos indicados. Mas, romper com o petismo – pelo menos formalmente – ninguém se dispôs. Pelo menos até aqui. Do imbróglio, quem emergiu como eminência parda da comp

Após chacinas, tensão dominou a segunda-feira

A noite foi tensa ontem (18) na Feira de Santana. Aquele foguetório que acompanha as celebrações juninas não se ouviu, contrastando com as noites anteriores. Foi reduzido e espaçado o espocar dos fogos, que deixaram de iluminar o céu feirense. Luz, mesmo, só a do holofote do helicóptero da Polícia Militar, que sobrevoou a cidade durante parte da noite, sob o teto avermelhado do céu com nuvens carregadas, baixas. Na Queimadinha, a aeronave sobrevoou três vezes aquela conturbada região em que se veem resquícios de lagoa e a densa vegetação de taboas. Do alto, lançava fachos de luz sobre as vielas. Embaixo e nas cercanias, reinava um silêncio denso, incomum nessa época do ano. A quietude tornava ainda mais monótona a luz das lâmpadas de iluminação pública, que feriam fragilmente a penumbra citadina, sob a cortina d’água. Pela cidade também se viu a circulação mais intensa de viaturas, com os giroflexes ligados, projetando luzes vermelhas e azuis sobre o asfalto umedecido pela chuva.

Final de semana mais sangrento da História de Feira

Enquanto o feirense vivia a tensão da estreia do Brasil na Copa do Mundo de 2018 – e se decepcionava porque a aguardada vitória contra a Suíça não veio – a cidade viveu o mais sangrento dos finais de semana de sua História. Foram 19 mortos entre o sábado e o domingo, incluindo um latrocínio. A carnificina começou com a morte de uma policial militar na saída de uma casa de shows – quando ele tentava evitar um assalto –, logo no final da madrugada de sábado, e se estendeu até a noite de domingo. Tragédia comparável só aconteceu em maio de 2010. No primeiro final de semana daquele ano, foram 12 assassinatos registrados. Aquele, a propósito, foi o ano mais sangrento da História do município. Pior que esse final de semana só o motim da Polícia Militar, em 2014, que provocou mais de 40 mortes num único dia. Pelo que registrou a atenta imprensa feirense, houve de tudo: triplo homicídio, dois duplos homicídios e assassinatos em série. Todos os mortos eram jovens, incluindo quatro menores,