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Mostrando postagens de janeiro, 2010

A nova-velha novela das tarifas de ônibus

Nem bem começou 2010 e os baianos já sentem no bolso os efeitos de mais um aumento no valor das passagens. Em Salvador, o prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) concedeu um reajuste que foi anunciado na véspera de entrar em vigor, surpreendendo a população. Curiosamente o anúncio ocorreu um dia depois da Lavagem do Bonfim. Provavelmente o calendário foi ajustado para que o prefeito não fosse vaiado durante a maior festa religiosa da Bahia, como ocorreu ano passado. Evitou as vaias, mas não conseguiu impedir os protestos estudantis que se seguiram. As surpresas desagradáveis, no entanto, não param por aí. Os ônibus que fazem as linhas da região metropolitana também tiveram as tarifas reajustadas, nivelando-se por cima com o valor de R$ 2,30 cobrado na capital. Para completar, o governo estadual também elevou os preços das passagens dos ônibus intermunicipais. Em ano eleitoral antecipam-se ao máximo os reajustes para que a população esqueça até outubro, quando acontecem as eleições.

A tragédia no Haiti

Pobre e esquecido, o Haiti só começou a freqüentar o noticiário no Brasil depois que contingentes do Exército foram deslocados para aquele país em 2004, para assumir o comando de uma suposta força de paz da Organização das Nações Unidas. Durante muito tempo, somente as reportagens com familiares de soldados em missão traziam aos brasileiros referências ao Haiti. Depois houve uma comentada partida de futebol entre as seleções dos dois países. Semana passada o Haiti voltou ao noticiário de forma trágica, através do terrível terremoto que arrasou o país e expôs, mais uma vez, as profundas chagas sociais que afligem a população. Cumprindo o script de sempre, lideranças políticas do mundo inteiro vieram a público prometendo uma ajuda que aos poucos será esquecida. Brasil e Haiti guardam semelhanças em relação às suas histórias. Se o plantio da cana-de-açúcar para produzir açúcar começou por aqui, ainda no século XVI, foi lá que o monopólio brasileiro foi quebrado, através de investime

Transferência de renda e eleições presidenciais

Desde que os programas de transferência de renda no Brasil foram unificados no Bolsa Família, em 2003, e os recursos repassados às famílias mais pobres deixaram de ser meramente simbólicos e ganharam alguma musculatura que o tema retorna ao noticiário com bastante frequência. Até 2006 dizia-se que o programa não passava de uma medida assistencialista com o propósito de render votos para o presidente candidato à reeleição, Luís Inácio Lula da Silva. O programa sofreu pesadas críticas de praticamente todos os postulantes ao Palácio do Planalto naquele ano – do PSDB e do ex-PFL até legendas que abrigavam ex-petistas, como o PDT e o PSOL –, o que acabou se transformando numa estratégia suicida. Como sempre deslocados da realidade, os candidatos esqueceram de perguntar aos brasileiros se concordavam ou não com a existência dos programas de transferência de renda. Muito tarde descobriram que os brasileiros, majoritariamente, apóiam a iniciativa. Daí, já na reta final da campanha, surgi

Violência sem fim

O número de homicídios registrados em Feira de Santana em 2009 é de estarrecer. Conforme dados divulgados por diversos órgãos de imprensa, quase trezentas e cinquenta pessoas – 342 – foram assassinadas em 12 meses. Esse número supera com folga 2008 – com 295 homicídios –, que por sua vez ultrapassou facilmente 2007, quando houve 235 assassinatos. A macabra espiral ascendente, no entanto, não termina aí: 192 homicídios ocorreram em 2006 e outros 141 no ano anterior. Se não estivessem em jogo vidas humanas, os governantes até poderiam buscar um alento estatístico para esses números: o percentual de crescimento vem caindo desde 2005, quando se toma como referência o ano anterior. Entre 2005 e 2006 o salto foi de 36,1%. Na comparação entre 2006 e 2007 houve redução percentual: 22,3%. Entre 2007 e 2008 ligeira alta – 25,5% - para uma redução um pouco maior no aumento – 15,9% - entre 2008 e 2009. O problema é que o número absoluto não para de crescer. Num otimismo precipitado poderia se