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Mostrando postagens de junho, 2018

A rotina agitada da vizinha cidade de Cachoeira

O vizinho município de Cachoeira está se preparando para o São João. Na praça que abriga os festejos já existem bandeirolas verde-amarelas, balões e a montagem de palcos e barracas segue frenética. Pelas ruas estreitas, densas em História e Cultura, placas anunciam o afamado licor de Cachoeira. Nesses estabelecimentos, as garrafas são exibidas em arranjos, multicoloridos pela diversidade de sabores. A decoração do comércio, o estalar dos fogos, as fogueiras empilhadas à porta das casas, tudo lembra o São João. Por lá tem chovido bastante, nesse outono generoso.  As nuvens avançam ao longo do Rio Paraguaçu ou surgem sobre os paredões verdejantes na margem oposta do rio, aonde se enxerga o casario multicor da vizinha cidade de São Félix. Quando a chuva se precipita, o horizonte se dilui numa cortina prateada que dança ao sabor do vento rijo. Na zona rural o que se vê é fartura: os milharais estão robustos, graciosos, espicham-se, mais altos que uma pessoa de estatura média. Em Belém

Verde e amarelo predominam nas ruas feirenses

Demorou, mas o brasileiro – e, particularmente, o feirense – entrou no ritmo da Copa do Mundo. As indumentárias verde-amarelas reapareceram inicialmente tímidas, mas nesses dias que antecedem o início da competição vem se tornando muito frequentes. São camisetas, bonés, moletons, agasalhos e toucas numa infinidade de modelos diferentes, com a predominância do amarelo e do símbolo da patrocinadora oficial da Seleção Brasileira. Antenados, os camelôs do calçadão da Sales Barbosa exibem os produtos desde o mês passado. Inicialmente despertavam pouca atenção: os consumidores lançavam olhares discretos para os produtos em exposição, mas seguiam adiante, indiferentes. Com os últimos amistosos e a proximidade da abertura oficial – a competição começa hoje – a demanda cresceu. Pelas áreas de comércio popular – muita gente vende estendendo lonas plásticas nas calçadas ou no asfalto – podem-se encontrar camisetas até por R$ 10. O uso tende a ser efêmero: vai, no máximo, até o final da compe

Bahia se destaca no genocídio juvenil

É estarrecedora a escalada de homicídios no Brasil e na Bahia, divulgada no Atlas da Violência 2018. Os números, referentes a 2016, assumem dimensão ainda mais dramática quando se projeta o futuro do Brasil a partir de 2019: pouco se fala em pacificar o País, reduzir a assombrosa quantidade de assassinatos. Pelo contrário: faz sucesso, na corrida presidencial, quem alardeia que pretende enrijecer a legislação, distribuir armas, estimular mais matança para – ironicamente – elevar a segurança pública, assegurar tranquilidade ao cidadão. Se isso funcionasse, a Bahia estaria às vésperas de se tornar um paraíso na terra. Afinal, aqui se extermina em escala genocida, sobretudo quem é jovem. Em 2006, por exemplo, foram mortos 1.947 jovens com idade entre 15 e 29 anos. Dez anos depois, essa cifra saltou para 4.358. Acréscimo de estarrecedores 123,8%. O estado é recordista nacional: na sequência aparece o conflagrado Rio de Janeiro, com 3.386 mortes. Quando o critério é taxa de jovens mort

Jornalista Juarez Bahia segue esquecido em Feira

Infelizmente não conheci Juarez Bahia. Quando comecei a labutar na imprensa feirense, em meados dos anos 1990, no extinto jornal Feira Hoje, o reconhecido jornalista já não residia na cidade havia décadas. Ele faleceu pouco tempo depois, em janeiro de 1998. Lá se vão mais de 20 anos e, pelo que se percebe, não houve a preocupação de homenagear a um dos mais importantes profissionais da imprensa surgidos aqui na Feira de Santana. Juarez Bahia nasceu na vizinha Cachoeira, palco pujante da cultura baiana e berço de muita gente célebre. Foi em 18 de outubro de 1930. Pesquisando pela internet, descubro que, ainda criança, depois de uma primeira temporada em Santos-SP, Juarez Bahia retornou à Bahia e à Feira de Santana. Aqui começou a trabalhar com o advogado Arnold Ferreira da Silva. Aos 15 anos já atuava como jornalista na “Folha do Norte”, mais longevo jornal da cidade. Lá adiante, decidiu tentar a sorte novamente em Santos: foi estivador no porto, tipógrafo na “Tribuna de Santos” e,

Com a eleição, fala-se novamente no Centro de Convenções

Quem passa pelo lado de fora não deixa de sentir indisfarçável mal-estar. O polêmico Centro de Convenções da Feira de Santana, localizado ali no bairro São João, próximo à avenida João Durval, segue aguardando uma decisão sobre o seu destino. Hoje, como está, não deixa de constituir um monumento à “não-decisão” dos sucessivos governos petistas que se revezam no comando da Bahia desde 2007. As obras foram paralisadas há mais de dez anos e, embora a cidade careça do equipamento, não se resolve o interminável imbróglio. A novela é longa: as obras c omeçaram no segundo governo Paulo Souto, na primeira metade da década passada. Com a entrega do equipamento, esperava-se fomentar o turismo de negócios no município e assegurar um espaço para a realização de grandes eventos na Feira de Santana. Só que, em 2006, antes da conclusão da obra, Paulo Souto foi derrotado na disputa pelo governo da Bahia e o drama começou. Nesses mais de dez anos foram apresentadas várias versões para a interrupçã

Presidenciável em debate amanhã na Uefs

Amanhã (05) o primeiro pré-candidato à presidência da República, Guilherme Boulos (PSOL), visita a Feira de Santana. Vai à Uefs, fazer uma palestra a partir das 18h30. O convite circula pelas redes sociais. O evento deve atrair público expressivo: é no meio acadêmico, entre jovens órfãos de lideranças políticas à esquerda, que a legenda faz mais sucesso. Guilherme Boulos é liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto lá em São Paulo, mas o movimento conta com ramificações em diversos estados. Ele começou a ganhar protagonismo nacional, ironicamente, a partir da derrocada do petismo e de Dilma Rousseff, a partir de 2015. Participou da mobilização em São Bernardo do Campo (SP), após a ordem de prisão de Lula. Muita gente enxerga Boulos como um potencial herdeiro de Lula, uma nova liderança de massas. É jovem, carismático e, hoje, encarna certos ideais da esquerda que foram sendo abandonados pelo petismo à medida que a legenda se aproximava do poder. Seu desempenho eleitoral, at

Lançado “Feira”, livro do jornalista Jânio Rêgo

Finalmente veio a público “Feira”, do jornalista potiguar Jânio Rêgo, longamente radicado na Feira de Santana. Parto difícil, adiado por um ano ou mais, mas que chegou de repente, como essas intensas trovoadas aguardadas com ansiedade pelos sertanejos, que desabam de uma vez. “Feira” começa feliz já pelo título: não é “a Feira”, mas um mosaico de “Feiras” que, mescladas, entrelaçadas e, sobretudo, múltiplas e singulares, convergem para se tornar a “Feira” que o jornalista busca retratar. O inusitado da obra começa pela estratégia comercial do autor: nada de noite de autógrafo ou lançamento num desses espaços sofisticados. Não: “Feira” é produto de feira-livre, artigo de papel, similar aos cordéis que se veem à venda por aí no meio do povo, entornando a criatividade e a cultura sertanejas pelas feiras-livres. Então, quem quiser apreciar a palavra de Jânio Rêgo, que vá à procura da obra no Mercado de Arte Popular, o MAP. Lá, o livro está em exposição, à venda, na banca de Jurivaldo

Ascensão da extrema-direita é o legado da greve dos caminhoneiros

Depois de encerrada a greve dos caminhoneiros, que paralisou o País durante dez dias, é chegado o momento de contabilizar os prejuízos. Os danos econômicos – produtos deteriorados, animais sacrificados, desabastecimento, suspensão na prestação de serviços – tudo isso é, de certa forma, facilmente me nsurável. Especialistas indicam que os valores bordejam os R$ 75 bilhões e o movimento vai impactar sobre a claudicante recuperação do Produto Interno Bruto, o PIB. Esse, pelo que se estima, não deve crescer mais do que 2% em 2018. Péssimo para quem precisa, com urgência, deixar a terrível recessão para trás. Mas há coisa pior de dimensionar por aí. É a anarquia que se espalhou pelo Brasil e que qualquer cidadão – com acesso a um aparelho celular e a esses aplicativos de rede social – pôde constatar, bestificado. Impressionante foi o volume de mensagens mentirosas – as “fake news”, conforme a expressão importada, já consagrada – que circularam desde o primeiro momento em formato de vídeo

Desabastecimento no Centro de Abastecimento

Maior entreposto comercial do interior da Bahia, o Centro de Abastecimento esteve à míngua nessa segunda-feira (28). Quase não há mais o que vender e os frequentadores – sobretudo aqueles que desembarcam de municípios próximos – não compareceram. “O pessoal está com medo de não ter como voltar para casa”, resumiu um comerciante, que examinava com atenção a tela do celular, já que não havia clientes para atender. Essa, a propósito, foi a regra pela manhã, horário de intenso movimento em dias normais. Com a prolongada greve dos caminhoneiros, a queda no fluxo foi drástica. Que o Centro de Abastecimento vive dias atípicos é facilmente constatável: nos galpões atacadistas, que ficam à margem da Avenida de Canal, não havia o tradicional frenesi de desembarque e embarque de mercadorias. Pelo contrário: não havia caminhões descarregando e raros eram os utilitários que estavam por lá, transportando mercadorias revendidas em mercadinhos e feiras-livres de bairro. Muitas barracas permanecia

Balanço preliminar da greve dos caminhoneiros

O leitor vai perdoar certa confusão na organização das ideias: é que, nos últimos dias, o País mergulhou em um turbilhão de acontecimentos com a greve dos caminhoneiros e, nesse momento, está difícil organizar as informações, hierarquizá-las, atribuir-lhes um sentido mais geral. Sendo assim – e, de antemão, contando com a gentil compreensão – vai se instituindo aqui uma prosa errática, repleta de lacunas e que vai oscilar de direção, sem rumo preciso nesse primeiro momento. Lá adiante, quando o turbilhão serenar – isso quando o fizer – será possível pesar e medir cada acontecimento, atribuir valor e, a depender dos desdobramentos, aprofundar aquelas análises mais necessárias. Há muita confusão no ar, muito burburinho e especulação e, no momento, investir em determinadas vertentes pode se traduzir em resultados estéreis. Desde já, é bom mencionar uma lembrança antiga. Tem sido comum ver, nos postos de combustíveis, filas de consumidores esperando o momento de abastecer e não falta

Contribuinte é quem vai bancar acordo de governo com caminhoneiros

No fim de julho de 2012 fiz uma longa viagem rodoviária entre Vitória, a capital do Espírito Santo, e a Feira de Santana. A viagem coincidiu com uma paralisação de caminhoneiros, pois parte se indispunha com uma lei que regulamentava a jornada de trabalho da categoria. À noite, ao longo da BR 101, testemunhei piquetes em cidades como Serra, Linhares e São Mateus, municípios cortados pela rodovia. Na oportunidade, a categoria se mobilizava fora das grandes cidades, distante dos olhos da população. Sob a leitosa neblina de uma noite sem lua, acenderam-se imensas fogueiras às margens da pista, aonde muitos caminhoneiros se aqueciam. Infindáveis fileiras de carretas iam se sucedendo, mesmo nos trechos mais sinuosos da BR 101. Havia, no ar, certa tensão: nem todo mundo concordava com a mobilização e, aqui ou ali, as divergências afloravam. A partir do Extremo Sul da Bahia – onde predominam monótonas plantações de eucaliptos e extensos pastos que alimentam o gado leiteiro – o movimento