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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Catarse em mesa de bar

  Tempos atrás, numa dessas despretensiosas cervejadas de uma ensolarada tarde de sábado, um amigo à mesa respirou fundo e cultivou um angustiante silêncio por alguns instantes. Bêbado? Não consumira tanto, era resistente ao álcool. Mas o olhar perdido, lançado sobre a calçada encardida, inquietava. Até ali o papo fluíra, banal. Não se incursionara por nenhuma delicada questão familiar e não se bebera o suficiente para enveredar por quaisquer especulações existenciais. Eu aguardava, entretido com a barulhenta celebração do sábado nas mesas próximas. – Dia desses, mexendo nuns papeis, encontrei uma fotografia. Coisa antiga, dos tempos de movimento estudantil... eu lá, junto com a galera... E aí abriu muito os olhos, mergulhando naquelas antigas recordações. Depois, descreveu a fotografia: oito ou dez estudantes, sorrindo, abraçados, naquelas aglomerações comuns às micaretas. Coisa antiga: a micareta ainda era na Getúlio Vargas e o registro ocorrera defronte a um dos barracões univer