Publicado originalmente em Maio/2020
Saiu há pouco o decreto da Prefeitura determinando o fechamento do comércio feirense a partir de quarta-feira (20). A medida vai se estender até o dia 01 de junho. Há exceções, evidentemente: supermercados, açougues, padarias, farmácias, postos de combustíveis e lojas de autopeças. O essencial e mais alguns setores. Tudo indicava que a medida ia se tornar necessária mais uma vez: os casos de Covid-19 começaram a crescer na Feira de Santana de maneira consistente desde o decreto de reabertura, em 21 de abril.
Naquela
ocasião criticamos a medida: o abre-e-fecha – tudo sinalizava para novo
fechamento mais adiante – poderia ser mais nocivo ao comércio que um fechamento
mais longo, mas que freasse o avanço do novo coronavírus. Mas, contrariando
protocolos adotados em lugares que enfrentaram com sucesso a pandemia, a Feira
de Santana trilhou caminho diverso. Agora, dá meia-volta.
É
bom ressaltar que as medidas mais duras são necessárias. Descontando os
impenitentes acólitos de Jair Bolsonaro, o “mito” – há fanáticos que parecem
dispostos a morrer só para demonstrar crença cega –, ninguém está disposto a
agonizar até a morte num corredor de hospital. Daí a aceitação da população às
medidas restritivas, apesar dos inegáveis prejuízos econômicos.
Será
que o comércio vendeu bem nesses dias de abertura? É uma indagação interessante
para os lojistas feirenses. Aposto que o movimento foi bem abaixo do normal.
Afinal, as pessoas estão temerosas de se expor ao Covid-19. Melhor, então,
aguardar que a pandemia decline para voltar a comprar com segurança.
O
risco do abre-e-fecha reside justamente aí: fecha, abre, vende pouco, fecha,
depois abre e vende pouco e lá adiante fecha novamente e assim vai. Na prática,
qual o efeito? Retardar o fim da pandemia e estrangular a atividade econômica.
Projeções sofisticadas de renomados economistas mundo afora sinalizam nessa
direção.
Intuitivamente,
aliás, nem precisa ser economista para perceber isso. Basta um pouco de atenção
e inteligência. Inteligência que, aliás, anda escassa no Planalto Central,
mas... deixa pra lá. Pensar demais na economia, a propósito, é até uma afronta
à memória de quem já morreu com o novo coronavírus. E indica pouca preocupação
com quem, infelizmente, ainda vai morrer.
É
óbvio que ninguém fica feliz com a economia parada e as pessoas em casa. É
visível também que o isolamento vem cansando as pessoas que o respeitam. Mas,
como não existe vacina – a panaceia da cloroquina é delírio de um magote de
malucos – a única solução, no momento, é essa. Qualquer outra proposta é pulsão
genocida.
Lá adiante, quando os riscos declinarem, os brasileiros voltarão com a gana habitual para o trabalho. Na Feira de Santana isso não será diferente. Mesmo que, até lá, os desvairados em Brasília permaneçam atrapalhando...
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