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Mostrando postagens de abril, 2021

Feira no macabro Top 10 mundial dos homicídios em 2020

  Muita gente ficou indignada na Feira de Santana com a divulgação de um ranking que coloca o município como o mais violento do Brasil e o nono mais violento do mundo em 2020. Isso em relação aos homicídios. A pesquisa – realizada anualmente – é de uma organização não-governamental mexicana, o Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal. Esta instituição emprega, como recorte metodológico, municípios com mais de 300 mil habitantes. Os dados utilizados, no caso dos municípios baianos, são os que a Secretaria de Segurança Pública disponibiliza em seu site para acesso público. A partir dessas informações, calcula-se a taxa de homicídios por 100 mil habitantes. Li e ouvi muitos “metodólogos” de plantão questionando a metodologia. Com base em quê? No mesmo “achismo” largamente empregado em papo de botequim. Há quem creia que Iraque e Afeganistão são mais letais; uma simples simpatia por algum lugar justifica contestações ao levantamento; outros fincam pé numa espécie de fé,

Bate-papo casual com um eleitor de Bolsonaro

  – Os comunistas sumiram. Estão desnorteados com a porrada que levaram... Ouvi isso logo depois da vitória de Jair Bolsonaro, o “mito”, em 2018. Quem celebrava era um idoso na mesa de um bar muito frequentado ali na Kalilândia. Lançava olhares em volta, numa provocação àqueles que ele rotulava, genericamente, de “comunistas”. Nos meses seguintes mantinha a provocação, julgando o Brasil livre da “praga vermelha”. Revi-o há pouco, já vacinado contra a Covid-19 com a Coronavac. – Não era a vacina chinesa do Dória? – Provoquei, numa referência ao governador de São Paulo, João Dória, responsável pela importação do medicamento. Ele fez um gesto de desdém; queria evitar o papo, desagradável. Lembrei que o conheci há cerca de dez anos, quando o Brasil era a sexta economia do mundo. Desde lá, deslizou para a décima segunda posição e, em 2021, deve cair mais ainda, terminando o ano em 14º lugar. Antes que tomasse fôlego, acrescentei que, nesta queda, já há a contribuição do “mito” Jair Bo

Vacinação em massa é a alternativa para a retomada econômica

  O mês de março foi o mais letal da pandemia em Feira de Santana e abril não será muito diferente. Os números refletem os efeitos da segunda onda, que começou intensa no Amazonas e alcançou os estados de todas as regiões do Brasil. Dados do Centro de Informações de Registro Civil – CRC Nacional apontam que, em março, 111 pessoas morreram de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 em Feira de Santana. Foi o maior número, para um mês, desde o começo da pandemia. Em abril, até o dia 20, mais 62 casos suspeitos ou confirmados tinham sido registrados. Em julho do ano passado Feira de Santana tinha alcançado o patamar mais alto, com 94 óbitos pela doença suspeitos ou confirmados. No mês seguinte, agosto, os números começaram a cair e houve 63 mortes suspeitas ou confirmadas. Abril de 2021 já pode ser considerado, portanto, o terceiro mês mais letal da pandemia no município, com base nas informações do CRC Nacional. Em um ano, mais de 0,1% da população feirense morreu de Covid-19: até

Vaca do Touro do Sertão já está quase no brejo

  O Fluminense de Feira está vendo a vaca ir para o brejo do Campeonato Baiano pela segunda vez nos últimos oito anos. Tudo indica que, novamente, o heroico Touro do Sertão vai disputar a Série B do Campeonato Baiano. Só os torcedores mais otimistas apostam suas fichas numa reviravolta: para evitar a degola, é necessário vencer o Vitória, no Barradão, e ainda torcer para uma altamente improvável combinação de vários resultados. Esta deve ser a terceira queda da agremiação, no Baianão, em seus 80 anos de história. A primeira vez já faz tempo: foi há 23 anos, em 1998. Naquela época, o Touro do Sertão ainda impunha algum respeito, vinha de dois vice-campeonatos baianos (1990 e 1991) e de um vice da Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro (1992). Talvez por isso o rebaixamento tenha causado comoção entre os torcedores feirenses naquele momento. No ano seguinte, em 1999, o Touro do Sertão tratou de garantir o retorno: numa eletrizante disputa de pênaltis contra o Galícia – venceu por

O primeiro contato com a poesia de Manuel Bandeira

  Amanhã é 19 de abril, Dia do Índio. Lembro das celebrações escolares na década de 1980. Naquele tempo, a garotada pintava o rosto e saía com penachos de papel e cartolina, em desfiles marciais pelas ruas ensolaradas do Sobradinho. Até então, os índios ainda figuravam como parte da identidade nacional. Hoje, coitados, fanáticos querem convertê-los à força ao cristianismo farisaico que se vê aí na praça; garimpos ilegais violam suas reservas; criminosos extraem madeira impunemente e a Covid-19 avança como mais recente flagelo. Mas, até para preservar a sanidade, é bom lembrar também de coisas alegres, do que é vida e exaltação da vida. Afinal, 19 de abril é a data de nascimento de Manuel Bandeira. Há exatos 135 anos, em 1886, o poeta – um dos mais importantes do século XX – nascia no Recife. Mas foi no Rio de Janeiro que ele passou boa parte da vida. Lá produziu sua obra, contribuindo para firmar a capital fluminense no imaginário da poesia brasileira. Há três décadas deparei-me co

Abril é o fevereiro do feirense

  Em tempos normais, abril costuma ser o fevereiro do feirense. Em Salvador, o ciclo de festas populares emenda-se com o Carnaval nos verões de sons, luzes e cores sempre cinematográficos da capital baiana. Em fevereiro, o soteropolitano vive o apogeu do calendário. O mês desperta até suas disposições cosmopolitas, com a chegada de levas de turistas estrangeiros. Além, claro, das legiões de paulistas, mineiros, goianos e gaúchos. Tudo é festa na antiga Cidade da Bahia. Aqui na Feira de Santana, em abril, o feirense engata também uma sequência de datas especiais que o tornam mais efusivo. Não há turistas, mas há uma energia similar no ar. Na época, as vozes e os risos têm até um quê de Recôncavo, de Baía de Todos os Santos. Abandona-se aquela circunspecção, o silêncio e a sisudez comuns ao sertanejo. Tudo começa com a Semana Santa e suas tradições católicas. Apesar da solenidade do período – celebra-se a morte e a ressurreição de Jesus Cristo – há ânimo no preparo dos pratos típic

Absolvição de Lula mudará cenário político baiano?

  O Supremo Tribunal Federal, o STF, confirmou hoje (15) a anulação dos processos contra o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT). Com isso, caso queira, Lula pode se candidatar em 2022, já que não ostenta mais a condição de ficha-suja. A decisão não muda só o cenário das eleições presidenciais – Jair Bolsonaro, o “mito”, tem agora um adversário que visivelmente o amedronta –, mas repercute também nos estados. Aqui na Bahia não é diferente. Até esta decisão o consórcio que sustenta o PT no governo da Bahia exibia trincas e alguns apostavam na sua dissolução. Otto Alencar (PSD) assumira uma pré-candidatura ao governo do estado; o PP do vice-governador João Leão caminhava para firmar uma aliança com ACM Neto (DEM), ex-prefeito de Salvador e pré-candidato ao governo baiano, segundo especulações; e o PT parecia isolado, apostando na candidatura do senador e ex-governador Jaques Wagner. A candidatura de Lula – muitos apostam – vai induzir à manutenção do arranjo: Otto Alencar recu

Economia só engata com vacinação

  – Não estou indo na rua, não. Compro o que preciso perto de casa e quando a situação melhorar, vou no centro da cidade. Não quero pegar transporte cheio, ficar em aglomeração, essas coisas. O comentário é de uma dona-de-casa num mercadinho feirense. Acrescentou que nem quando a pandemia da Covid-19 arrefeceu – naquele breve intervalo entre as duas ondas – ela se arriscou. O que ela aguarda? A vacina, conforme comentou com a interlocutora, uma idosa de máscara azul, cabelos acaju e olhos muito vivos. “O pior é que ainda vai demorar até chegar na minha idade”, lamentou, arrematando com um suspiro. – Tô precisando fazer uma reforma lá em casa, mas agora não dá para meter a cara, não. Esperando a poeira da pandemia baixar... Quem comentou isso foi um moto-taxista aguardando passageiro numa manhã ensolarada de abril. Pardo, meio calvo, barba por fazer, a pança arredondada. O interlocutor era um branquelo muito magro, de cabelos ralos. Explicou detalhadamente o que pretende: desmanch

Auxílio emergencial não compra nem a cesta básica em Feira

  As lotéricas voltaram a ficar cheias na Feira de Santana. Imagino que por conta do pagamento do auxílio emergencial, que foi suspenso durante três meses. Em meio aos volantes da Loteca, da Lotofácil e dos banners que anunciam prêmios milionários da Mega-Sena, muita gente suspira, espicha o olhar, percorrendo os guichês de vidros baços e as paredes repletas de tabuletas e cartazes. No que pensam? Certamente nas agruras para sobreviver na pandemia e, também, à própria pandemia. Implacável com os mais pobres, o governo de Jair Bolsonaro, o “mito”, reduziu o auxílio a valores simbólicos: R$ 150 a R$ 375. Houve redução também no número de famílias beneficiárias. Os R$ 150 são para quem mora só; os R$ 375 para mulheres que chefiam família. Valores bem distantes dos R$ 600 e R$ 1.200 pagos ano passado, por conta de pressões do Congresso Nacional naquele momento. Quem recebe o maior valor não vai conseguir comprar nem uma cesta básica: em março, aqui na Feira de Santana, a cesta básica

Março foi o mês mais mortífero da pandemia em Feira

  Março foi o mês mais letal da pandemia da Covid-19 na Feira de Santana. Dados de boletins da Secretaria Municipal de Saúde indicam que, em 01 de março, o total de mortes confirmadas pela doença na Feira de Santana alcançou 466 registros. Um mês depois, em 01 de abril, o número saltou para 554. Um incremento de 18% ou, em termos concretos, 88 mortes formalizadas no intervalo de um mês. Foi grande o salto em número de casos ativos da Covid-19 no mesmo intervalo. No primeiro dia de março eram 739 casos. Na mesma data do mês seguinte, impressionantes 4.252 pessoas tinham a doença. O salto percentual foi vertiginoso: escalada de 575%. As informações também são oficiais, da mesma Secretaria Municipal de Saúde. A Central de Informações de Registro Civil – CRC Nacional também faz o acompanhamento dos casos. Mas com uma diferença metodológica: considera os casos confirmados e também os suspeitos. Em relação a março, verificou-se a mesma tendência: 110 mortes suspeitas ou confirmadas no in

Duplicação do Anel de Contorno é prometida de novo

  Não é de hoje que se promete solução para o Anel de Contorno da Feira de Santana. Há mais de duas décadas que ministros da Infraestrutura ou dos Transportes garantem que, nos próximos meses, a duplicação da perigosa via com cerca de 22 quilômetros de extensão vai sair do papel. Essas promessas atravessaram os mandatos de quatro presidentes – Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula (PT), Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) – e, com Jair Bolsonaro, o “mito”, não vem sendo diferente. Sábado (10) houve mais um pitoresco capítulo da extensa novela. Em visita à região, o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), disse que Jair Bolsonaro o incumbiu de resolver a questão do Anel de Contorno, embora sua pasta não tenha nenhuma relação direta com a iniciativa. Mas revelou que já tratou do tema com o titular da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Não forneceu detalhes, nem prazos, nem eventuais recursos previstos. Apesar da consistência de algodão, o anúncio foi recebido com estarda

Que venham mais chuvas e mais vacinas

– Começou a chover, mas essa chuva que caiu ainda não é suficiente, não...   Quem me informa isso é um morador da Matinha dos Pretos. Quilombola, dispõe de um emprego na Feira de Santana, mas não abdica de plantar seu milho e seu feijão em época de lavoura. Conta que se antecipou: antes mesmo da chuva que caiu ontem, tratou de plantar sua roça de milho. Muitos fizeram o mesmo, esperançosos de que as chuvas da primeira quinzena de abril não falhariam. – Não choveu no dia de São José, mas mesmo assim a gente manteve a confiança – confidenciou. Tomara que as chuvas persistam e garantam safra boa, como em 2020. Imagino que, pelo rural feirense, a gente já está nas roças, cavoucando a terra, semeando, com esperanças renovadas. Tudo indica que, em função da pandemia, as celebrações juninas serão, mais uma vez, canceladas. Mas que, ao menos, a agricultura familiar na Feira de Santana se oxigene com safra, colheita, comida na mesa e dinheiro no bolso de quem lida com a terra. Um sol ma

O Dia do Jornalista em tempos de pandemia

  Hoje é 7 de abril, dia do jornalista. Não sou muito ligado nestas efemérides, mas em 2021 – em função dos terríveis acontecimentos dos últimos anos – é necessária uma referência especial. Não há tantas razões para comemoração: o desemprego e a precarização são quase a regra, os salários são baixos, a violência contra os profissionais da comunicação cresce, a praga das notícias falsas se alastra e qualquer troglodita fuxiqueiro se julga credenciado para julgar e condenar jornalistas. Mas o verdadeiro jornalismo – que se exerce com ética e com técnica – segue fundamental e o horror da pandemia apenas reforça essa importância. Só não vê quem não quer. Poderia, aqui, tentar discorrer sobre a profissão. Mas julgo que há gente muito mais qualificada do que eu para fazê-lo. É até irônico, mas constato que exerci – e sobretudo vivi – muito mais o jornalismo que, propriamente, pensei ou refleti sobre ele. Talvez isso se deva ao fato de que não cheguei até ele pela via tradicional – a for

O doloroso olhar da miséria

  O olhar me surpreendeu numa calçada do Sobradinho. Foi semana passada. Difícil descrever todas as sensações que aqueles olhos transmitiam na manhã ensolarada de outono. A princípio, parecia destilar uma raiva contida, que flertava com o ódio, cintilando, com chispas. Depois, insinuou-se como um ressentimento mudo, quase palpável de tão profundo. Por fim, aquilo se assemelhou à inveja e a um desejo vago, distante, improvável de se concretizar. Arrematando, havia a dor. Tudo durou um segundo ou dois. A sucessão de medos, de desejos, de receios, porém, alargou aquele instante por uma eternidade. Parecia que nunca ia terminar. Uma singela sacola com umas poucas compras – embalagem vulgar, plástica, dessas distribuídas em mercadinhos ou micromercados – provocou todo aquele turbilhão de sensações e de impressões. Ela só olhava a sacola: em nenhum momento levantou o olhar para quem a transportava. Quem olhava? Era uma mulher malcuidada, sentada na calçada. Trajava vestido verde clar

A fé que desafia a Covid-19

  – Jesus te ama! Ouvi a frase de um sujeito que empurrava uma bicicleta ali na avenida Maria Quitéria. Baixo, atarracado, malvestido, a barba alva. Como ele estava sem máscara, julguei prudente afastar-me, passar o mais distante possível. Então descrevi um longo arco. Percebi que as máscaras que utilizo – uma de tecido sobre a outra, cirúrgica – despertaram sua indignação. Coisa de incréu, de descrente: caso cultivasse sua fé, circularia por aí desassombrado, destemido, indiferente à Covid-19. Foi embora louvando o Senhor: – Ô glória! Numa dessas noites de silêncio intermitente – há momentos em que se ouve até a brisa sacudindo as árvores lá fora – ouvi, com nitidez, uma frase que me assombrou: – Não precisamos de vacina, temos Jesus! Era uma mulher que pregava para um grupo. O vento trouxe a sentença firme, que caixas de som amplificavam. Frases insignificantes se seguiram, outras se perderam porque o vento indócil mudava de direção. Mas ficou claro que o discurso era um ve

A sibipiruna em flor e fruto sob a janela

  Há uma sibipiruna em flor e fruto aqui sob a minha janela. Deu trabalho, mas pesquisando na internet descobri o nome correto da árvore. Ignorante, cheguei a confundi-la com as catingueiras vizinhas. Cientificamente, é a Caesalpinia peltophoroides . Mas há nomes populares, muito mais simpáticos: sibira ou coração-de-negro. Num site especializado em plantas e jardins, me informo que “a floração ocorre de setembro a novembro, com as flores amarelas dispostas em cachos cônicos e eretos”. Vejo também os frutos e obtenho mais detalhes no mesmo site: “Os frutos, que surgem após a floração, são de cor bege-claro, achatados, medem cerca de 3 cm de comprimento e permanecem na árvore até março”. Pois é: eles estão aí e devem permanecer até o começo de abril. Espantado, descubro que a sibipiruna pode viver 100 anos e alcançar até 18 metros de altura. Ainda bem que a árvore é jovem e sua altura ainda não vai além da copa das catingueiras próximas. Assim, aqui do alto, posso apreciar sua forma

O Brasil atual nas páginas de “Memórias do Cárcere”

  “Tudo se desarticulava, sombrio pessimismo anuviava as almas, tínhamos a impressão de viver numa bárbara colônia alemã. Pior: numa colônia italiana. Mussolini era um grande homem [...]. Uma beatice exagerada queimava incenso defumando letras e artes corrompidas, e a crítica policial farejava quadros e poemas, entrava nas escolas, denunciava extremismos”. Não, não fui pescar a frase acima em nenhum autor contemporâneo. É que a frase parece se referir à trajetória do Brasil desde, pelo menos, 2016. Até mesmo a alusão a Mussolini não parece deslocada no tempo. Quem lê tem a sensação de que, adiante, vai se deparar com referências à “escola sem partido” ou às invasões e censura a exposições artísticas realizadas há pouco tempo. Mas não. Vamos adiante: “Um professor era chamado à delegacia: - ‘Esse negócio de africanismo é conversa. O senhor quer inimizar os pretos com a autoridade constituída’”. Vá lá que os professores ainda não começaram a ser intimados às delegacias. Pelo menos

A gênese dos acólitos do “mito” em quatro frases

  – Eu vou votar em Bolsonaro é para f... a p... toda logo de uma vez! Ouvi a declaração pouco antes das eleições de 2018. Mais adiante, quando a pandemia arrefecer, pretendo parabenizar o autor da frase, já que não o vejo há tempos. É inegável que suas aspirações foram plenamente atendidas: o Brasil naufraga, estertorando na repugnante cloaca da extrema-direita, sob os olhares perplexos do planeta inteiro. As mais de 310 mil mortes por Covid-19 são apenas uma das faces – a mais terrível, é óbvio – da catástrofe em andamento. O próprio autor da frase já foi alvejado múltiplas vezes: perdeu o emprego, a aposentadoria ficou mais distante com a redentora reforma da Previdência e, até onde sei, é casado com uma servidora pública que vai ficar sem reajuste salarial até 2036. Mas creio que esteja satisfeito. A não ser, claro, que tenha imaginado que a desgraça só ia chegar para os outros. De qualquer forma, considero-o o mais sincero eleitor de Jair Bolsonaro, o “mito”, que conheço. Outr