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Mostrando postagens de abril, 2019

Governo segue acumulando declarações desastrosas

- Bolsonaro calado é um poeta. A frase trafega pelos comentários das mídias sociais com desenvoltura. Não é original, mas define com rara felicidade quem é o atual mandatário do Brasil, o controverso Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Bastam umas poucas horas para irem se avolumando frases bizarras, algumas delas inacreditáveis. Caso, de fato, permanecesse calado, causaria menos danos ao próprio governo. Um hipotético compilador de matéria-prima para um novo “Febeapá” – o Festival de Besteiras que Assola o País, do brilhante jornalista Sérgio Porto – acumularia muito conteúdo nos últimos dias. A trágica e inexplicável morte de um músico negro no Rio de Janeiro – foram 80 tiros disparados por integrantes do Exército no carro em que ele se deslocava com a família – virou “incidente”, nas palavras do mandatário do Vale do Ribeira. Com direito a arremate com uma pérola: “O Exército não matou ninguém”. A valentia que sobra para afrontar certos segmentos faltou na lida com os caminhoneiros. Bas

Feirense se prepara para a Semana Santa e a Micareta

A partir da semana que vem a Feira de Santana ingressa em dois períodos consecutivos de celebrações. O primeiro tem motivação sagrada: é a Semana Santa, época de imensa importância para os católicos, período de jejum e recolhimento pelo martírio de Jesus Cristo. Logo na sequência vem a Micareta, com todos os apelos da tradicional celebração profana que anima o feirense há oito décadas. De quebra, mais adiante, ainda tem o 1° de maio, dia do trabalho. A Semana Santa marca o final da Quaresma. No passado, era período que se atravessava com respeito e reverência. À exceção dos católicos mais devotos, a data incorporou-se à agenda festiva do brasileiro – e do baiano em especial – com mesa farta, confraternizações familiares e generoso consumo de vinho. No domingo, mastigam-se os ovos de chocolate na Páscoa, sacramentando a data comercial das celebrações. Logo depois vem a Micareta. Graças ao fato do Carnaval este ano começar quase em março, a maior festa popular da Feira de Santana fi

Um retrato da situação do trabalhador em Feira

Em 2016, no auge da crise econômica cujos efeitos ainda se fazem sentir no Brasil, o trabalhador recebia, em média, dois salários mínimos aqui na Feira de Santana. Naquele ano, o mínimo equivalia a R$ 880. Ou seja: a remuneração média alcançava R$ 1.760. Não era muito em relação à realidade do País: no ranking elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, o município fica na longínqua 1.807ª posição, bem distante de diversos municípios menores e mais dinâmicos no Sul e no Sudeste. Mas, mesmo aqui na Bahia, a posição não era das mais animadoras: no estado, a Feira de Santana fica em um modesto 59º lugar. Aliás, mesmo na microrregião, não conseguimos garantir o protagonismo: a Princesa do Sertão fica apenas em terceiro lugar.  Isso significa que, apesar da pujança econômica do município, a ocupação do feirense remunera menos e ele, provavelmente, é menos qualificado que os trabalhadores de cidades do mesmo porte. Isso fica mais claro quando se analisa o con

MEC vai seguir combate quixotesco contra “marxismo cultural”?

Desde janeiro que a vida dos humoristas ficou mais difícil. É que os governantes de plantão falam e fazem tanta besteira que concorrer com eles ficou complicado. Autores como Stanislaw Ponte Preta – pseudônimo do brilhante jornalista Sérgio Porto – e seu inesquecível “Festival de Besteiras que Assola o País”, o Febeapá, precisariam se esforçar muito mais, mesmo dispondo de talento indiscutível. Uma das mais prolíficas fontes de bobagens é – quem diria – o Ministério da Educação. Um obscuro professor colombiano, indicado por um ex-astrólogo, teria poucas probabilidades de sucesso, mesmo sob o governo que está aí. Não deu outra: apenas três meses depois da posse, sai quase escorraçado. Esse intervalo de 90 dias de gestão foi suficiente para caudalosas páginas, dignas de um “Febeapá”. Chamar brasileiros que viajam de gatunos e negar a existência de uma ditadura militar que durou 21 anos figuram como exemplos. Apesar do tom moderado no discurso de posse, o sucessor desperta pouco otim

A peleja das “tchutchucas” e dos “tigrões” na reforma da Previdência

Foi no mínimo patético o desempenho do ministro da Economia, Paulo Guedes, na audiência na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, no debate sobre a reforma da Previdência. Chamado até de “tchutchuca”, reagiu mal: “Tchutchuca é a mãe, é a avó”, rebateu a provocação do deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho de Zé Dirceu. Enquanto a oposição fustigava Guedes, a bancada governista – formalmente restrita ao PSL, o partido do presidente – se limitava à condição de plateia. Quem circula pelos corredores do Congresso Nacional afirma que a proposta, do jeito que foi apresentada, não passa. Será expurgada a capitalização, o corte no Benefício de Prestação Continuada (BPC), as regras mais rígidas para a aposentadoria rural e o aumento do tempo mínimo de contribuição, que penaliza os mais pobres. É o que comentam parlamentares e alguns profissionais da imprensa divulgam. Caso isso se confirme, parte das danosas propostas que produzirão prejuízos permanentes sobre muit

A celebração do golpe e a cortina de fumaça

Pretendiam comemorar, no próximo dia 31 de março, o aniversário de 55 anos do golpe militar. Na verdade, tratou-se de uma quartelada, desfechada em 1º de abril de 1964. Para evitar associação com o folclórico dia da mentira, anteciparam a data, para efeito de historiografia oficial. Bastaram, portanto, umas poucas horas para a verdade começar a ser distorcida no regime que despontava. Agora, flertaram ressuscitá-lo, provavelmente com aquelas intragáveis celebrações. A determinação foi do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), segundo revelaram auxiliares à imprensa. Depois ele desmentiu. Não faltou quem especulasse, na oposição, se a ideia não era uma tentativa de tergiversar, desviar o foco do sofrível governo que, até aqui, não mostrou a que veio. Manobra ou não, o fato é que se tratava de uma inquietante demonstração de simpatia pelo arbítrio, pelos regimes de exceção. O mais estarrecedor foi o pretexto utilizado para justificar a excentricidade. Informou-se

Após redução, Bolsa Família cresce um pouco em Feira

O número de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) caiu no início do governo Jair Bolsonaro (PSL-RJ), mas agregou algumas centenas de famílias nos últimos dois meses em Feira de Santana. Mesmo assim, o total de contemplados está muito distante dos tempos áureos da iniciativa, que começou a declinar em 2016. Segundo relatório do Ministério da Cidadania – o substituto do antigo Ministério do Desenvolvimento Social – há, exatamente, 31.662 famílias beneficiárias do PBF no município. Esse número fez jus a um repasse de R$ 3,736 milhões nesse mês de março. É mais do que o total repassado em fevereiro (R$ 3,664 milhões) e do que foi repassado em janeiro (R$ 3,607 milhões). Só que, em dezembro do ano passado, o valor repassado foi maior (R$ 3,790 milhões), embora o valor atual, nominal, seja mais elevado que em praticamente todos os meses de 2018. Cresceu também, em março, o número de famílias beneficiárias. Eram 30.817 em janeiro e passaram a 31.157 no mês seguinte; agor

Governo vai naufragando nas águas de março

O outono começou com muita chuva na Feira de Santana e na região. Em 2019, as afamadas águas de março de fato se precipitaram por aqui, fechando o verão. Desde a quinta-feira são constantes o acúmulo de nuvens e os relâmpagos intensos – os clarões se estenderam por quadrantes inteiros do horizonte – e, por fim, caíram generosas tempestades. É bom porque, para quem mora na cidade, atenua o calor sufocante; para quem reside no campo são os primeiros sinais de que chegou o momento de plantar; e também começa a se formar uma reconfortante reserva hídrica, que pelo menos garante água para os animais. Os raios no céu feirense, porém, não são nada perto da tempestade política que estacionou em Brasília desde o janeiro escaldante. É claro que os meteorologistas políticos já previam o mau tempo desde o ano passado, quando as nuvens densas, pesadas, encardidas, avançaram a partir do horizonte eleitoral. O que ninguém esperava era que a tempestade – que já ameaça com o naufrágio do País – fo

Ato contra a reforma da Previdência movimentou o centro de Feira

A manhã de sexta-feira (22) amanheceu igual a tantas outras no centro da Feira de Santana. Pela avenida Getúlio Vargas, os ônibus avançavam em direção ao Terminal Central. O comércio nas ruas centrais da cidade funcionava normalmente. E os pedestres circulavam como sempre, pisando as pedras portuguesas nas calçadas. Era a rotina habitual de uma sexta-feira ensolarada. A diferença estava no estacionamento ali defronte à Prefeitura, aonde começava a se aglomerar gente. O som de um mini trio amplificava o alerta sobre o que espera o trabalhador caso seja aprovada a reforma da Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro (PSL-RJ). “O governo não cobra R$ 450 bilhões de dívida dos sonegadores”, “O benefício do idoso vai ser cortado pela metade” e “20 milhões de trabalhadores perderão o abono do PIS” eram algumas das advertências para quem passava, curioso com aquela aglomeração. À medida que a manhã avançava, as sombras iam encurtando e a multidão se adensando. Ali, havia muitas

Retrospecto favorece Bahia contra o Carcará

Se dependesse apenas do retrospecto para avançar às finais do Campeonato Baiano de 2019, o Bahia poderia ficar tranquilo: nos confrontos com o Atlético de Alagoinhas – adversário da semifinal – o Esquadrão de Aço venceu 60 vezes, empatou outras 22 e perdeu apenas nove. Isso em jogos válidos pelo Campeonato Baiano, desconsiderando os amistosos. O primeiro encontro entre as duas equipes aconteceu há quase 50 anos, em 28 de março de 1971 e terminou empatado em 0 a 0. Meses depois, em 6 de julho, os dois times se reencontraram pelo Baiano e o Bahia venceu por 3 a 1. Na Fonte Nova – palco da partida de hoje – o tricolor sempre prevaleceu. Mas o Carcará sentiu o sabor de algumas vitórias no antigo estádio. A primeira delas foi em 1977, no dia 03 de abril, quando surpreendeu e aplicou um 2 a 0. A partir de 1985 o Atlético experimentou uma impressionante série de derrotas contra o Bahia pelo Baiano. Nelas, destacam-se o 6 a 1 aplicado em 09 de abril de 1986 e, mais ainda, o inesquecível 9

Apesar da expectativa, não choveu no dia de São José

O dia amanheceu com o céu muito limpo na Feira de Santana. Sem nuvens, a luminosidade estava esplendorosa. É que a luz já vai perdendo aquele tom metálico característico do verão e assumindo as cores suavemente alaranjadas do outono. Mais tarde, lá pela metade da manhã, começaram a surgir fiapos de nuvens, muito alvos, na orla que céu. Depois foram avançando aos poucos, encorpando-se, até, às vezes, encobrir o sol por alguns instantes. O cenário passaria despercebido se não fosse pela data: 19 de março é dia de São José, padroeiro da agricultura familiar e das boas colheitas no semiárido nordestino. A sabedoria sertaneja aponta que, caso chova na data consagrada ao santo, é sinal de boa colheita e fartura mais adiante, nos meses de inverno. Por isso as procissões, as missas e as promessas. Durante o dia, nas cercanias do rural feirense, o trabalhador investigou com apuro se a chuva desenhava-se, se no horizonte longínquo enxergavam-se sinais de mudança do tempo. As esperanças, por