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Mostrando postagens de maio, 2020

O desafio para frear a pandemia do Covid-19 em Salvador

– Falam que é o pessoal da favela que não cumpre isolamento. E aqui? A frase é de um agente de limpeza pública de Salvador. Ele transitava pelo calçadão da Barra num início de tarde. À distância, o Morro do Cristo, muito verde, destacando-se contra o fundo azul do céu e do mar. Em volta, dezenas de pessoas: ciclistas, corredores e transeuntes misturando-se ao trânsito de veículos do espaço famoso. Pouca gente usava máscara, como é a praxe entre aqueles atletas amadores. Transportando um ancinho, o gari balançava a cabeça, indignado. As chuvas têm sido intensas e frequentes em Salvador desde abril. Quando o sol desponta – às vezes basta um curto armistício, mesmo sob o céu plúmbeo – muita gente vai à orla exercitar-se. É da índole do soteropolitano saudar o sol depois de extensos períodos chuvosos. Com a pandemia e o isolamento social parece que essa necessidade cresceu. O problema é que pouca gente usa máscara e respeita aquela distância de 1,5 metro. Na capital a prefeitura não

Abre-e-fecha pode arruinar comércio feirense

Cresceu bastante o número de infectados com o novo coronavírus na Feira de Santana desde a reabertura do comércio no dia 21 de abril. Do início da pandemia até aquela data foram confirmados 58 casos. Desde então, são mais 61 casos, até a mais recente atualização hoje (11). A contabilidade, obviamente, não inclui a subnotificação, que é grande, porque no Brasil não se aplicam testes em massa. Quantos infectados assintomáticos estão circulando pela cidade? Isso só as sofisticadas projeções científicas podem responder. O prefeito Colbert Martins (MDB) vinha acompanhando a sensata posição de boa parte dos governantes brasileiros, sintonizados com as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas, pela imprensa, percebia-se que a pressão dos comerciantes locais pela reabertura era imensa. Foram só três semanas de restrições ao comércio. Muitas atividades, na prática, só enfrentaram uma semana de suspensão. As pressões, inclusive, seguem. Há shopping querendo reabrir. Academias e igr

A fusão entre o bolsonarismo e o “centrão”

É patético o retorno do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) ao cenário político brasileiro. Voltou logo em grande estilo: empunhando um fuzil e prometendo caçar os “comunistas”. Agora, é dedicado aliado de Jair Bolsonaro, o “mito”. No passado, ele foi leal a Fernando Collor até os estertores, no longínquo impeachment , em 1992. Depois, navegou sem constrangimento no “mensalão” petista. Lá adiante, se converteu num loquaz delator. Mesmo assim, não escapou de uma temporada na cadeia. Nas mídias sociais – esses cemitérios da sensatez – os acólitos do “mito” conservam um silêncio constrangedor depois da controversa aliança. Afinal, até outro dia eles desancavam o difamado “centrão” que Jefferson representa tão bem. Internautas maldosos dizem que, disciplinados, os discípulos do “mito” aguardam a versão do “gabinete do ódio” para saírem, desembestados, defendendo a parceria. Que, no fundo, nem é tão heterodoxa. Imagino que, nos próximos dias, eles vão assimilar a guinada. Afinal, o “

As cidades gêmeas às margens do São Francisco

Cresci ouvindo, no fim da tarde, um programa de rádio que só tocava forró. Era na Rádio Sociedade de Feira, no começo dos anos 1980. Por lá desfilavam os clássicos deste ritmo genuinamente nordestino: Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro e outros e outros talentos. Lembro que meu pai ligava o velho aparelho de rádio – daqueles grandes, de madeira, no qual depois em ouvi as grandes vitórias do Bahia – e o som inconfundível da sanfona, da zabumba e do triângulo invadiam a sala, já imersa na meia-penumbra. Foi numa daquelas tardes que ouvi, pela primeira vez, “Juazeiro e Petrolina”. Quem cantava? A versão era do Trio Nordestino, então no auge. Fiquei encantado com duas cidades unidas por uma ponte, cortadas pelo mítico rio São Francisco. E em dois estados diferentes, Bahia e Pernambuco. Mais ainda quando meu pai revelou que conhecera as duas cidades em suas andanças profissionais. Nasceu, então, a convicção infantil de que um dia eu visitaria aquelas cidades mágicas, que n

Zona rural feirense volta a sofrer com transporte coletivo

Segue o calvário dos moradores da zona rural da Feira de Santana em relação ao transporte público. A novidade agora foi a suspensão dos ônibus que fazem linha para os distritos e comunidades rurais feirenses. A prefeitura alegou, em nota, que não foi avisada. Como fizeram uma manifestação ontem (05), defronte ao Terminal Central – até causando aglomeração nesses tempos de pandemia – e foram hoje (06) à Câmara Municipal e, de quebra, fizeram novo ato em frente à prefeitura, os moradores destes distritos conseguiram visibilidade para sua causa. À imprensa relataram que não foram previamente informados da lastimável novidade. Só pela manhã souberam que vans e micro-ônibus fariam o transporte para a zona urbana, substituindo os ônibus. Em quantidade insuficiente, óbvio. À noite, promoveram a manifestação, que repercutiu de imediato. Em nota, a prefeitura alegou que não autorizou a medida adotada pelas empresas. Se é assim, é inadmissível que as empresas façam o que querem, prejudicando

Temporada de arrocho sobre servidor municipal

Servidor público não está tendo sossego no Brasil. E na Feira de Santana também não. A Câmara Municipal aprovou hoje (05) o aumento da alíquota de contribuição previdenciária dos servidores municipais para 14%. A votação passou quase despercebida e, com a pandemia do novo coronavírus, o trabalho dos vereadores foi facilitado. Afinal, ninguém pôde ir se manifestar nas galerias da Casa da Cidadania. Como desgraça pouca é bobagem, vem mais chumbo grosso por aí. É que tramita a toda velocidade no Congresso Nacional a proposta do governo de Jair Bolsonaro, o “mito”, de “ajuda” a estados e municípios. Serão repassados, de imediato, R$ 60 bilhões, conforme divulga a imprensa. Há, porém, uma exigência draconiana embutida: a suspensão de reajustes e promoções ao funcionalismo público nas esferas federal, estadual e municipal. Fica proibida também a contratação de novos servidores públicos no intervalo. A medida vai valer até o final do ano que vem. No fim das contas, a “ajuda” sequer compen

Mantido esquema de funcionamento do comércio

Decisão anunciada hoje (04) pelo prefeito Colbert Filho (MDB) prorrogou até o dia 18 de maio o decreto que estabelece critérios para o funcionamento de diversos estabelecimentos em função da pandemia do covid-19. No comércio, continuarão abertas as lojas com até 200 metros quadrados. As maiores seguem proibidas de funcionar. Shoppings, instituições de ensino e academias permanecem fechadas até aquela data. Lá adiante, haverá nova avaliação da situação. Houve pressão para a reabertura das academias, como a própria imprensa feirense noticiou. A lógica do lucro, obviamente, sustentou a investida. Os critérios de saúde pública – conforme se vê no Brasil de hoje – ficam em segundo plano. Pelo menos dessa vez o prefeito Colbert Filho resistiu e a insensatez foi descartada. Até agora não houve pressão na imprensa pela reabertura dos shoppings. Noutros estados há dezenas deles abertos. O movimento, noticiado pela imprensa, é pífio: lojistas estimam queda de até 80% nas vendas em relação ao

Não há o que comemorar no Dia do Trabalho

Há pouco o que comemorar hoje (01), no Dia do Trabalho. A pandemia do Covid-19 vai impedir a realização daquelas tradicionais manifestações que reúnem milhões mundo afora. No Brasil, a restrição é danosa. Afinal, sem mobilização, quem trabalha assiste a uma nova ofensiva contra direitos trabalhistas, desta vez capitaneado pelo catastrófico governo de Jair Bolsonaro, o “mito”. Com a pandemia, muita gente já perdeu o emprego. E encorpará aquele contingente de 11,2 milhões de desempregados legado pela infindável crise econômica que assola o Brasil desde meados de 2014. Outros milhões tiveram os salários reduzidos e direitos suspensos. Já os informais amargam filas insanas em agências bancárias e lotéricas para sacar um benefício ínfimo de 600 reais. A escalada de supressão de direitos não findou. Isso apesar da aprovação de uma lesiva reforma trabalhista no controverso governo de Michel Temer, o mandatário de Tietê. A trupe do “mito” manteve a ofensiva e, agora, peleja para aprovar no