Publicado originalmente em Junho/2020
Mais duas pessoas morreram de Covid-19
na Feira de Santana. Já são, portanto, 22 óbitos confirmados. O dado foi
divulgado ontem (10), pela Secretaria Municipal de Saúde. Foram confirmados,
também, mais 77 casos. Quem acompanha o noticiário percebe que a mortalidade
começou a se intensificar agora, nas últimas semanas.
As primeiras mortes foram esporádicas,
quase pontuais. Depois, começaram a acontecer com frequência semanal, passando
a ocorrer, na sequência, quase todo dia. Desde o começo da semana, houve duas
mortes diárias. Sem as medidas restritivas adotadas com variável intensidade
desde março, provavelmente seriam dezenas de mortos todos os dias.
O problema é que o índice de
isolamento, por aqui, não alcança sequer 50%. Fica oscilando entre 45% e 47%, a
depender do dia da semana. Especialistas apontam que o ideal é 70% de
isolamento. Com este índice, freia-se a disseminação da doença.
A situação na Feira de Santana está se
tornando mais preocupante porque, cada vez mais, se respeita menos o isolamento
social. Semana passada – numa incontornável urgência – fui até o centro da
cidade. Vi gente sem máscara, gente com máscara no pescoço, gente passeando
despreocupada, gente se aglomerando em fila de banco, gente vendendo roupa,
discretamente, ali na Sales Barbosa.
Pelos bairros, não falta quem relate
aglomerações idênticas. O que fazer? Há quem reivindique mais fiscalização,
mais punição, mais rigor. Mas parece que, no patamar atual, o problema é muito
mais de consciência que de fiscalização. Alguns, que se julgam imunes, circulam
despreocupados, ajudando a disseminar o novo coronavírus.
O detalhe é que mais fiscalização exige
mais fiscais, mais equipamentos, mais veículos. Será que a prefeitura dispõe
desses recursos? Provavelmente não. Imagino que ninguém defenda aumento da
carga tributária para contratar mais gente, mesmo que seja para a fiscalização
e a repressão.
Problema adicional são os lunáticos
negacionistas e os empresários que só pensam no lucro. Para essa fauna
pitoresca, o comércio devia funcionar, como se nada estivesse acontecendo. Atrapalham
muito, porque se somam àqueles insensíveis a qualquer esforço de bem-estar
coletivo.
A pandemia do Covid-19, aí na praça
desde março, está expondo quem, de fato, somos nós, os brasileiros e os
feirenses. Não se trata de um julgamento, nem de uma sensação. Não tem nada de
subjetivo. Trata-se de uma constatação. Vá lá – uma dolorosa constatação – mas,
antes de mais nada, uma constatação.
A partir dela é que devemos traçar
nossas estratégias. Inclusive de sobrevivência.
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