Publicado originalmente em Junho/2020
As
eleições 2020 acontecerão em novembro. Primeiro e segundo turno ocorrerão,
respectivamente, nos dias 15 e 29 daquele mês. A emenda constitucional que
retardou a data do pleito também empurrou para adiante os prazos. As convenções
partidárias, por exemplo, estão previstas para agosto e setembro. Nelas
definem-se os candidatos e, a partir de então, começa a campanha propriamente
dita. Com a pandemia do novo coronavírus, os ambientes virtuais ganharão
importância. Em alguns casos, talvez determinem os resultados.
Apesar
de toda a movimentação dos bastidores, no momento se fala pouco de eleição. É
que as atenções estão voltadas para o combate à pandemia. A quantidade de
contaminados cresce e os mortos se avolumam. Sobretudo porque o horror contou
com o impulso nefasto irradiado a partir do Planalto Central. Lá, uma
verdadeira confraria de mentecaptos vomita bestialidades, regurgita esgotos
interiores, torna a pandemia um pandemônio.
Mas
a Covid-19, lá na frente, vai embora. Na pior das hipóteses, o horror vai
perder força. E há a expectativa do surgimento de uma vacina. Parece que
ninguém acredita mais que jejum, genuflexões e patéticas orações vão varrer a
pandemia num estalar de dedos. Passado o pior da Covid-19, o brasileiro vai se
deparar com a urna eletrônica, com a obrigação de eleger prefeitos e
vereadores.
É
claro que o desempenho no combate à Covid-19 vai influenciar o voto naqueles
prefeitos que tentam a reeleição. Só que é necessário ir muito além. O Brasil
vai emergir arrasado da pandemia. O que é que os candidatos às prefeituras
pretendem fazer, em nível local, para que se saia do atoleiro? O que pensam
sobre a educação – entregue, em Brasília, a lunáticos e a fanáticos –, sobre a
saúde cujos recursos encolhem, sobre a assistência social que claudica?
E
mais: que impulso pretendem dar ao mercado de trabalho, à delicada questão
ambiental – sob franco bombardeio dos milicianos virtuais –, à cultura, tão
vilipendiada? Dispensável até mencionar a dramática situação da infraestrutura
urbana em muitos lugares, inclusive aqui na Feira de Santana. Essas são
dimensões que norteiam as intervenções da administração pública, que inspiram
programas, projetos e ações dos governos.
Não
falta pré-candidato à prefeitura de Feira de Santana aí na praça. Até agora,
não ouvi nenhuma referência de qualquer deles sobre o que pretendem fazer. No
máximo, alguns recorrem a chavões que serão repetidos à exaustão nos debates,
nos programas e nas incursões junto ao eleitorado, que tendem a ser mais raras
em 2020. Talvez aleguem que ainda há prazo para entregar o programa de governo
à Justiça Eleitoral. É uma bela desculpa.
Confesso
que tenho repisado o tema com insistência. Mas, ao contrário do que pensam os
iracundos ultraliberais aí de plantão, sociedade nenhuma avança sem
planejamento. E planejamento governamental se conhece de véspera, no período
eleitoral. Quem não recorre a ele não tem rumo, por mais que esfregue a barriga
no balcão do vetusto toma-lá-dá-cá...
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