Publicado originalmente em Junho/2020
Tentei entender o avanço do novo
coronavírus na Feira de Santana a partir dos dados disponibilizados pela
Secretaria Municipal de Saúde. Infelizmente as informações divulgadas são
incompletas e não ajudam, sequer, quando se quer enxergar o cenário sob um
prisma – quem sabe – positivo. O fato: desde o começo da semana o número de
novos infectados, na média diária, saltou de pouco mais de 30 para quase 100.
Para evitar pânico e tentar
enxergar sob uma perspectiva mais favorável – descartando um súbito e abrupto aumento
de registros – busquei dados sobre o número de casos aguardando resultado do
exame. Há poucas informações disponíveis e o que é possível é, no máximo,
especular. Ontem (04) havia 215 confirmações pendentes; na véspera, eram 304;
na terça-feira, 360; e, no dia 1º de junho, 416. Na semana anterior só
encontrei informação para o dia 27: 341 exames pendentes.
O número de casos, conforme se
afirmou, saltou ao longo da semana: foram 34 na segunda-feira e começou a
sequência vertiginosa: 111 na terça (02), 82 na quarta (03) e ontem, por fim,
mais 103 casos. Aí surge a dúvida: nesses quase 300 casos em três dias pode-se
abater os 201 – que correspondem à diferença entre os casos pendentes de
segunda (416) e quinta (215)? Eis a dúvida.
Caso afirmativo, sobram cerca de
100 casos. Divididos pelos três dias, chega-se à média de pouco mais de 30 – a
matemática é imprecisa, porque os dados também o são – o que equivale àquela
quantidade que se verificava semana passada. Há motivos para comemoração?
Haverá – caso a hipótese se confirme – a constatação de que a quantidade de
casos notificados se estabilizou num aparente platô. Caso seja por aí, é bom
divulgar a informação.
Há, porém, dois aspectos que não
podem ser negligenciados. Um deles é a subnotificação: cientistas afirmam que,
no Brasil que não faz testes, o número real de casos pode variar entre oito e
15 vezes mais. Assim, esses 30 casos diários, na média, são, no mínimo, 240.
Então, não há razões para sair comemorando, nem julgando que o pior já passou e
que todos podem sair de casa.
O outro aspecto é justamente
esse: o feirense está pelas ruas – sobretudo no centro da cidade – sem máscara,
sem pressa, sem cautela. Não há orientação, nem advertência, que o faça
retornar para casa, evitar se expor, sair o mínimo possível. Note-se que não me
refiro a quem trabalha: há turmas no dominó, na cerveja, nos animados
bate-papos nas esquinas. Tocam a vida como se a pandemia não pudesse
alcançá-los.
Os dados são quantificáveis e
divulgados pela própria prefeitura: os índices de isolamento não alcançam,
sequer, os 50%. O ideal seria 70%. O que esses números significam? Que, quanto
menor o isolamento, mais tempo vai demorar para os números de pandemia
declinarem.
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