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Mostrando postagens de agosto, 2009

A agenda negativa do transporte coletivo

Semana passada, mais uma vez, o transporte coletivo em Feira de Santana voltou ao noticiário de forma negativa. Moradores do Corredor dos Araçás, revoltados, fizeram uma manifestação protestando contra o serviço prestado. Interditaram uma rua, exigiram providências, a imprensa divulgou o episódio e até vereador apareceu no local, mesmo não sendo ano de eleição. De imediato, programou-se reunião na prefeitura e o sindicato das empresas anunciou que novos ônibus estarão em circulação nos próximos dias, o que sempre ocorre nesses casos. Em abril, quando o reajuste para R$ 2 foi anunciado, tornando a tarifa no município uma das mais caras do Brasil, inclusive em relação às capitais, houve muita indignação e alguns exageros. Cercar o carro do prefeito na avenida Getúlio Vargas foi um gesto infeliz dos estudantes, mas nem por isso eles deveriam abandonar o debate sobre a questão, o que acabou acontecendo. Mais que infeliz, patético, foi o jogo de empurra entre o prefeito e o Conselho Mun

Lições da crise no Senado

Essa semana o leitor da Tribuna Feirense nos permitirá uma pausa para abordar um tema que não se relaciona diretamente à vida do município. E, embora corramos o risco de aporrinhar o leitor com um tema tão batido, ainda assim vamos nos arriscar. Muito já se falou e se esbravejou, muita tinta já foi gasta com versões e interpretações disparatadas sobre os escândalos recentes no Senado, mas tentaremos fazer uma leitura da questão sob uma outra ótica, certamente pouco original, mas que não costuma ser enfatizada. Antes de tudo, porém, é preciso constatar um fato. O fato é a existência política de José Sarney. Último remanescente dos coronelões do Nordeste, ex-presidente da República, mandatário político em dois dos estados mais pobres do Brasil, político influente há pelo menos três décadas, artífice de muitas das inconfessáveis concertações no Senado, o literato maranhense foi reconduzido à presidência do Congresso Nacional há apenas alguns meses, o que foi saudado como uma d

Notícias da Feira de Santana nos anos 30 (V)

Afirma o senso comum que o povo brasileiro não tem memória. No que se refere à conservação de informações estatísticas importantes sobre a História Brasileira, este raciocínio se confirma, principalmente em relação às cidades. Feira de Santana, infelizmente, não foge a esta regra e as referências às décadas passadas, quase sempre, são relegadas à memória dos que as viveram. A década de 1930 (particularmente o intervalo entre 1931 e 1937) em parte constitui uma louvável exceção. Nela começou a se construir uma estatística com informações econômicas e sociais sobre a Bahia e seus municípios. Estes dados constam no Anuário Estatístico da Bahia publicado então. Através da leitura e da comparação, o leitor poderá acompanhar como evoluiu a Feira de Santana, que em contínua transformação, embora lenta, começava a ganhar as feições sob as quais a conhecemos hoje. A Feira de Santana em 1935 O visitante que passasse pela Feira

Inclusão Digital: desafio do presente e do futuro

Houve um tempo em que governar era, essencialmente, investir em infraestrutura. Afinal, o país saíra do Império como mero exportador de produtos primários: café, banana, cacau, borracha e uns poucos produtos, além disso. Na República Velha (1889-1930) começou uma mobilização para dotar o País de rodovias, ampliar a malha ferroviária existente e modernizar os portos brasileiros. Educação não era prioridade: investiu-se pouco na construção de escolas, particularmente na Bahia. As razões eram duas: os governantes não tinham visão de futuro e a mão-de-obra, mesmo mal qualificada, dava para o gasto, para as modestas pretensões do Brasil no cenário mundial. Quando as atividades agrícolas perderam importância relativa para a indústria, foi surgindo a necessidade de contar com trabalhadores treinados, o que exigia alguma escolaridade. Como o Nordeste permaneceu vinculado às atividades primárias, esse sopro de modernidade só chegou à região em meados dos anos 1960. Vivia

Notícias da Feira de Santana nos anos 30 (IV)

Afirma o senso comum que o povo brasileiro não tem memória. No que se refere à conservação de informações estatísticas importantes sobre a História Brasileira, este raciocínio se confirma, principalmente em relação aos municípios. Feira de Santana, infelizmente, não foge a esta regra e as referências às décadas passadas, quase sempre, são relegadas à memória dos que as viveram. A década de 1930 (particularmente o intervalo entre 1931 e 1937) em parte constitui uma louvável exceção. Nela começou a se construir uma estatística com informações econômicas e sociais sobre a Bahia e seus municípios. Estes dados constam no Anuário Estatístico da Bahia publicado então. Através da leitura e da comparação, o leitor poderá acompanhar como evoluiu a Feira de Santana, que em contínua transformação, embora lenta, começava a ganhar as feições sob as quais a conhecemos hoje. A Feira de Santana em 1934 As mudanças lentas constituíam a tônica da

Gestão do futebol na mesma toada

Em 2010, Feira de Santana vai ter três times na primeira divisão do futebol baiano. Até então, jamais uma cidade do interior conseguiu feito semelhante. É mais, inclusive, que em Salvador, que permanece na toada monocórdia de Vitória e Bahia como principais forças do futebol estadual. Para o feirense, aparentemente, é mais um motivo para comparecer ao Jóia da Princesa, que deve sofrer uma overdose de futebol com tantos times em campo. Noutros tempos, a ascensão do Bahia de Feira reacenderia a tradicional rivalidade com o Fluminense. Ambos, somados ao Feirense – que já teve sua fase de Independente e Palmeiras Nordeste –, deveriam atrair plateias excelentes e a rivalidade contribuir para recuperar o combalido futebol baiano. Afora isso, no entanto, não há nada de novo no futebol baiano. A própria trajetória dos times do estado no Brasileiro já sinaliza, para 2010, a repetição do cenário dos anos anteriores. E o cenário dos anos anteriores – à exceção de 2006, qua

Uma pá de cal sobre o passado

Semana passada foi divulgada a notícia de que o jornal “A Tarde” ganhou uma ação milionária contra o Estado, por conta do bloqueio publicitário movido pelos à época ocupantes do Governo da Bahia. Os R$ 10 milhões de indenização ao jornal – que vão ser bancados pelo contribuinte baiano – representam mais uma pá de cal sobre a forma despótica com que a Bahia foi governada durante cerca de 40 anos e que finalmente chegou ao final em 2006. Em meados da década de 1990, o “último dos coronéis baianos” desfrutava do ápice de seu poder: tutelava mais de 20 deputados federais e três senadores, indicava ministros, contava com a cumplicidade de centenas de prefeitos e, conforme se gabava, elegeu dois “postes” para o governo em 1994 e 1998. Um desses postes iniciou o bloqueio contra o jornal “A Tarde” por uma razão singela: o jornal cumpria seu papel de noticiar. Mas, como as notícias contrariavam o clima festivo que marcava a dinastia, com muita propaganda anestesiando a população, a represália f