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Mostrando postagens de abril, 2018

Chuvas reanimam agricultor familiar

Passou a Micareta, está chegando a época dos festejos juninos – logo mais o forró vira a trilha sonora do feirense – e, em junho, também acontece a Copa do Mundo, que pode levar o futebol brasileiro a se redimir do vexame doméstico de 2014. Mais adiante acontecem as eleições gerais – de presidente da República a deputado estadual – quando, espera-se, os ânimos comecem a serenar. A agenda do ano é intensa, mas para o agricultor familiar da Feira de Santana e das cercanias, há outro marco igualmente importante. São as chuvas que começaram a cair nos primeiros dias de abril. A estação seca se estendeu desde meados de setembro, quando as providenciais garoas que permitiram uma colheita farta no inverno passado cessaram. Ficou a tensa expectativa sobre as trovoadas – que ajudam no armazenamento da água que serve aos animais, ao plantio e até mesmo ao consumo humano – que não se precipitaram com a intensidade desejada no verão. Por aqui, os primeiros meses do ano foram de expectativa: t

Estatização da Micareta abala a fé liberal

O Brasil vive uma época de intensa apologia do setor privado. Alguns, movidos por uma espécie de fé pagã, enxergam – na alienação do patrimônio público, na prestação de todo e qualquer serviço pela iniciativa privada, na ascendência do Capital sobre todas as demais dimensões da vida – um fim em si mesmo, uma fórmula mágica para a resolução dos problemas que afligem a humanidade, no geral, e a brasilidade, no particular. A lógica do raciocínio binário legado pelas redes sociais e pelo proselitismo religioso – eternamente movido pela dicotomia do “Bem” contra o “Mal” – ajudam a explicar a intensidade do fenômeno. A explicação também está no fato de que boa parte dos privatistas mais desenvoltos – o “liberal-digital” – não costuma ir além dos conceitos mais elementares apresentados com extrema parcimônia nesses sites que substituíram as antigas enciclopédias impressas. Conhecem pouco de História – costumam trafegar pelos clichês – mas destilam uma sabedoria pretensamente incontrastável

Micareta começa informalmente amanhã

Amanhã (18) começa, informalmente, a Micareta de Feira de Santana. É que, embora a abertura oficial aconteça apenas na quinta-feira à noite, muita gente já vai às ruas antecipar a folia feirense. Blocos alternativos – como o Zero Hora, que reúne os profissionais da imprensa –, puxados por bandas de sopro que tocam marchinhas de antigos carnavais, costumam garantir a animação do feirense mais boêmio e ansioso, que prefere antecipar o início da folia. Há menos gente na avenida, mas mesmo assim sobra animação. No domingo já houve uma prévia na rua São Domingos, lá nos Capuchinhos – batizada como “esquenta” –, iniciativa recente, que começa a se firmar no calendário pré-micaretesco. Outra iniciativa interessante foram os ensaios realizados no Mercado de Arte Popular (MAP), desde fevereiro, que atraíram muitos feirenses. Eventos do gênero constituem alternativa interessante – e gratuita – de lazer para o feirense nos finais de semana e, ao mesmo tempo, ajudam na promoção dos artistas l

Redes sociais incubam o ódio no Brasil

Há quase quatro anos que o Brasil se arrasta sob a atmosfera pestilenta do ódio político. Na verdade, a coisa começou a efervescer nas jornadas de junho de 2013, quando desassombrados simpatizantes dos arranjos autoritários foram às ruas com uma agenda que, até aquele momento, parecia ter sido enterrada com a ditadura militar. Na campanha eleitoral de 2014 o ódio regurgitou, estabelecendo uma cisão de classes que ganhou, inclusive, um enganoso recorte geográfico: de um lado, o moderno e progressista eixo Sul/Sudeste e, do outro, o Norte/Nordeste com suas mazelas e sua gente atrasada, votando no petê. Dilma Rousseff (PT) prevaleceu nas urnas – reelegeu-se no segundo turno – mas não experimentou, sequer, uma semana de trégua: recontagem de votos, crime de responsabilidade, abuso de poder econômico e, finalmente, impeachment tornaram-se expressões comuns no noticiário político logo na semana seguinte às eleições. A catástrofe econômica que se seguiu – a maior recessão das últimas

Prisão de Lula não provocou clamor popular

Faz uma semana que Lula foi preso. O notici á rio informa que, à frente da carceragem da Pol í cia Federal, l á em Curitiba, h á um acampamento. S ã o manifestantes que defendem a liberta çã o do ex-presidente e, at é o momento, pr é -candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à presid ê ncia da Rep ú blica. Anunciam que s ó saem de l á quando for concedida a liberdade. Ao longo da semana, em v á rias partes do Brasil, outras manifesta çõ es ocorreram. Aqui na Feira de Santana, por exemplo, houve pelo menos dois atos. O primeiro deles foi na véspera da prisão, na Praça de Alimentação. O segundo foi uma caminhada na BR 116 Norte, em direção ao centro da cidade. Ambos os eventos, basicamente, mobilizaram lideranças políticas e militantes petistas e de partidos aliados. Foi comum também a interdição de rodovias, com a queima de pneus que desprenderam imensos rolos de fumaça, provocando engarrafamentos quilométricos. Esses atos, dispersos por diversos estados, reuniram dezenas

Apesar das negativas, oposição baiana permanece estupefata

O clima na oposição baiana ainda é de estupefação diante da desistência do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), de disputar as eleições para governador da Bahia. É claro que poucos admitem publicamente, mas nos bastidores houve surpresa, espanto e desalento. Liderança mais destacada da oposição ao PT na Bahia, o chefe do Executivo soteropolitano era aposta certa, inclusive, para alavancar no estado a indefinida candidatura de centro-direita que ainda não se firmou no cenário eleitoral. Com a desistência, se estabeleceu um clima confuso, carregado de incertezas. O apressado lançamento de duas candidaturas de oposição – José Ronaldo de Carvalho (DEM) e João Gualberto (PSDB) – e a troca de farpas com o MDB, que também anunciou que vai lançar candidato, mostram a oposição atabalhoada, a apenas seis meses das eleições. Milhares de matérias, comentários e artigos foram dedicados à chapa de oposição nos últimos meses. Nela, invariavelmente, ACM Neto figurava como candidato a governador.

Mercado de trabalho dá sinais de melhora

O triênio de 2015 a 2017 foi extremamente danoso para o mercado de trabalho formal na Feira de Santana. No intervalo, foram extintos, no saldo, 12.208 postos. Quando se considera que 2014 também não foi nada auspicioso – 914 vagas evaporaram, no saldo – chega-se a uma cifra impressionante: 13.122 vagas extintas, no saldo. A catástrofe reflete a mais aguda crise econômica enfrentada pelo País em décadas, com forte efeito sobre o município, conforme atestam as estatísticas. Mas parece que, de fato, a crise começa a arrefecer por aqui. É o que mostram os números mais recentes sobre o desempenho do mercado de trabalho. A recuperação vem sendo consistente: em 2017, o saldo final foi positivo em apenas 389 postos. Mas isso graças ao desempenho do último trimestre do ano, quando foram criados 1.076 empregos, no saldo. A arrancada prosseguiu no primeiro bimestre de 2018: em janeiro e fevereiro foram gerados, no saldo, 703 empregos. Janeiro foi o mês com resultado mais favorável: 502 novos

Perfil partidário das prefeituras é mais equilibrado desde 2016

Pouca gente vem comentando, mas o perfil partidário das prefeituras baianas mudou nas eleições de 2016. Desde sempre a situação fazia – no mínimo – 300 prefeituras aliadas. O cenário era válido até 2006 – quando o então PFL, atual DEM, dominava a política local – e, depois, permaneceu parecido com a ascensão petista. Há dois anos, porém, a dinâmica mudou: mesmo na Bahia, o PT sofreu derrota expressiva, passando de 92 prefeituras para apenas 39; e a oposição avançou, conquistando, sobretudo, as prefeituras das cidades maiores. Três dos quatro maiores municípios estavam com o DEM: Salvador, Feira de Santana e Camaçari. A legenda conquistou também as prefeituras de Barreiras e Alagoinhas. O MDB – então aliado preferencial – levou Vitória da Conquista, Simões Filho e Valença e, agora, herda Feira de Santana com a saída de José Ronaldo de Carvalho e a ascensão de Colbert Filho. No total, a oposição levou oito das 20 maiores prefeituras. Graças às prefeituras de Salvador e Feira de Sant

Fim de semana de intensa agitação política

O final de semana foi pulsante na política brasileira e aqui na Bahia também. Confirmando aquilo que se esperava, Lula foi preso no sábado, em São Bernardo do Campo (SP). Seguiu, na sequência, para a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. Embora episódios mais dramáticos de violência não tenham sido registrados – houve confronto entre policiais e militantes lulistas na capital paranaense – a tensão política no Brasil se aprofundou. Ninguém sabe o que virá pela frente, porque o presente, hoje, é muito diferente do que já foi no passado. As perguntas se avolumam porque o cenário vai ficando cada vez mais imprevisível. Isso apesar de as eleições estarem marcadas para outubro o que, em tese, garantiria o restabelecimento da normalidade democrática no Brasil, enodoada pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016. A prisão do líder petista vem, apenas, atear mais gasolina à fogueira. Pelo que se vê no noticiário, o PT pretende sustentar a indicação de Lula – mesmo preso – até s

Prisão de Lula ampliará instabilidades

Ontem (04) o Supremo Tribunal Federal (STF) negou o pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula, pela polêmica condenação no episódio do triplex no Guarujá (SP). Isso significa que a ordem de prisão do todo-poderoso dirigente petista pode ser expedida nos próximos dias. O Partido dos Trabalhadores (PT), porém, anunciou que não recua da decisão de mantê-lo candidato à presidência, mesmo preso. É mais lenha na fogueira das instabilidades políticas que abalam o País há quatro anos. Nos dias que antecederam o julgamento do habeas corpus houve pressão intensa pela rejeição do pedido. Na véspera, o comandante do Exército – general exaltado como “democrata” – despejou uma nota alarmante numa rede social, insinuando a hipotética possibilidade de intervenção do Exército na vida política do País, caso a “impunidade” gerasse reações da sociedade. Órgãos de comunicação não perderam a oportunidade de fustigar o petista em diversos flancos. Valeu tudo: matérias sobre reações desfavoráveis d

Passeio na orla do rio do Prata

No rio do Prata, o que primeiro chama a atenção do visitante é o ruído manso das águas. Elas formam ondas permanentes, tranquilas nos dias calmos, mas que se encrespam, se encorpam nos dias de tormenta. A tonalidade dá sempre a sensação de que varia pouco: quando o céu está limpo e o sol despeja uma luz branca sobre suas águas, o Prata exibe uma coloração verde limosa, monótona; mas, subitamente, para espanto do observador, insinua-se uma coloração avermelhada, barrenta, que se desfaz em alguns instantes, sob a espuma que se forma, abrupta, à orla. Às vezes, quando o observador espicha o olhar enxerga, a meia distância, espumas que o vento forma e que arremetem, indóceis, em direção às margens. Naquele momento em que o céu exibe azul indevassável, a linha do horizonte assume uma discreta coloração azulada: na média, porém, o que há é a coloração metálica, plúmbea, que flerta pouco com outros tons. Diverge – e muito – com o espetáculo de cores da Baía de Todos os Santos, na porção tr

E aquele encanto que Salvador exercia sobre o feirense?

Posso estar enganado, mas parece que Salvador perdeu parte do encanto que exercia sobre o feirense. Isso era comum em outras épocas, décadas atrás. As viagens eram mais difíceis, mais raras, configurando-se verdadeira aventura até o início da segunda metade do século passado. Hoje o serviço de ônibus entre as duas cidades se profissionalizou, há farta oferta de transporte clandestino – ou alternativo, segundo preferem alguns – mas, sobretudo, a frota particular se expandiu de maneira formidável, tornando mais cômodo vencer os 108 quilômetros que separam a Feira de Santana de Salvador. Noutras épocas aqui havia pouca disponibilidade de serviços: a oferta de saúde era limitada e a educação – principalmente de nível superior – era demanda que exigia fixar residência na capital, aventurar-se uns quantos anos por lá, até adquirir a desejada formação; muitos nem retornavam, rendendo-se aos encantos da capital. Emprego também era artigo raro por aqui, embora, hoje, não haja exatamente gr

Feira deve ter novo prefeito semana que vem

Se tudo sair conforme se anuncia, semana que vem Feira de Santana terá um novo prefeito: Colbert Martins da Silva Filho (MDB), vice-prefeito, assumirá o posto com a renúncia de José Ronaldo de Carvalho (DEM), que sai para tentar uma vaga no Senado, integrando a chapa das oposições. É o que se anuncia há tempos. O próprio chefe do Executivo, inclusive, desde meados do ano passado confirma essa intenção. Há quem aposte até numa candidatura para governador, caso o prefeito de Salvador, ACM Neto, desista da corrida sucessória. A ascensão de Colbert Filho marca um momento ímpar na História do município, pois será o primeiro filho de prefeito a assumir o cargo. Herdeiro do lendário Colbert Martins – chefe do Executivo da Feira de Santana duas vezes nas décadas de 1970/1980/1990 – ele terá um intervalo razoável para mostrar seu trabalho: dois anos e nove meses, aproximadamente. A mudança vem gerando inúmeros comentários pela cidade. Com eles surgem, inevitáveis, as especulações sobre mod

As necessidades e fragilidades logísticas de Feira

Ninguém fala mais sobre os grandes investimentos em infraestrutura que foram anunciados no primeiro governo de Dilma Rousseff (PT). Em julho serão completados cinco anos da realização de uma festiva audiência pública para recolher propostas sobre os projetos, que estavam em fase de gestação. O evento foi tocado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e os dirigentes prometiam, naquela oportunidade, que as licitações seriam lançadas ainda no segundo semestre de 2013. Segundo o que se anunciava, Feira de Santana seria interligada a quatro destinos diferentes por ferrovias. Eram eles: Ipojuca, na região do Grande Recife, em Pernambuco; Juazeiro e Petrolina, às margens do São Francisco, na fronteira da Bahia com Pernambuco; Belo Horizonte, a capital das Minas Gerais; e Candeias, na Região Metropolitana de Salvador. A soma a ser aplicada no celebrado Plano de Investimento em Logística (PIL) era pra lá de vultosa: cerca de R$ 91 bilhões, do Governo Federal, em valores da

Católicos celebram Semana Santa, mas ódio se dissemina pelo País

A Semana Santa costuma ser um período de celebração religiosa, de espíritos mais desarmados, de reflexão sobre o sofrimento de Jesus Cristo. Na Sexta-feira da Paixão – apesar do jejum e do silêncio dos católicos mais fervorosos – o baiano costuma celebrar com mesa farta e não falta quem se arrisque a abrir uma garrafa de vinho tinto. Não é raro as reuniões se estenderem pela tarde, às vezes invadindo a noite, com música, risos e muita conversa. Famílias e amigos próximos integram essas celebrações. Os próximos dias prometem ser de movimento intenso pelos supermercados, pelas feiras-livres dos bairros e, sobretudo, no Centro de Abastecimento. É nesses locais que se compram o peixe e o dendê, a cebola, o tomate e o pimentão para preparar a moqueca, o quiabo para o caruru e os condimentos que vão dar sabor ao vatapá. Os preços da castanha, do camarão seco e do gengibre vão subindo ao longo da semana, aproveitando a demanda mais elevada. Mas, apesar da crise, do desemprego e do desale

Mais um passo no desmanche da Educação

A notícia surgiu no final de semana: foi lançada uma proposta no Conselho Nacional de Educação, o CNE, de autorizar que 40% da carga horária do Ensino Médio seja ministrada remotamente, na modalidade à distância. Coisa do MDB de Michel Temer, o controverso mandatário de Tietê. Mendonça Filho (DEM-PE), ministro da Educação até abril – é pré-candidato ao governo de Pernambuco – disse que discorda. Porém, parece que a indagação, a essas alturas, cabe mais ao seu sucessor, que vai arrastar o governo até o estertor final. Com professor em sala – e assistência supostamente contínua – a Educação pública no Brasil já é sofrível. Imagine com o aluno à distância, aprendendo e executando tarefas sem o devido acompanhamento. Tem tudo para ser um desastre – e vai – caso a ideia prospere. No fundo, o emedebismo parece pouco preocupado com a qualidade da educação na rede pública. O que prevalece, pelo jeito, são outros interesses, mais compatíveis com o perfil de quem vai arrastando o Brasil à r