– Começou a chover, mas essa chuva que caiu ainda não é suficiente, não... Quem me informa isso é um morador da Matinha dos Pretos. Quilombola, dispõe de um emprego na Feira de Santana, mas não abdica de plantar seu milho e seu feijão em época de lavoura. Conta que se antecipou: antes mesmo da chuva que caiu ontem, tratou de plantar sua roça de milho. Muitos fizeram o mesmo, esperançosos de que as chuvas da primeira quinzena de abril não falhariam. – Não choveu no dia de São José, mas mesmo assim a gente manteve a confiança – confidenciou. Tomara que as chuvas persistam e garantam safra boa, como em 2020. Imagino que, pelo rural feirense, a gente já está nas roças, cavoucando a terra, semeando, com esperanças renovadas. Tudo indica que, em função da pandemia, as celebrações juninas serão, mais uma vez, canceladas. Mas que, ao menos, a agricultura familiar na Feira de Santana se oxigene com safra, colheita, comida na mesa e dinheiro no bolso de quem lida com a terra. Um sol ma
Hoje é 7 de abril, dia do jornalista. Não sou muito ligado nestas efemérides, mas em 2021 – em função dos terríveis acontecimentos dos últimos anos – é necessária uma referência especial. Não há tantas razões para comemoração: o desemprego e a precarização são quase a regra, os salários são baixos, a violência contra os profissionais da comunicação cresce, a praga das notícias falsas se alastra e qualquer troglodita fuxiqueiro se julga credenciado para julgar e condenar jornalistas. Mas o verdadeiro jornalismo – que se exerce com ética e com técnica – segue fundamental e o horror da pandemia apenas reforça essa importância. Só não vê quem não quer. Poderia, aqui, tentar discorrer sobre a profissão. Mas julgo que há gente muito mais qualificada do que eu para fazê-lo. É até irônico, mas constato que exerci – e sobretudo vivi – muito mais o jornalismo que, propriamente, pensei ou refleti sobre ele. Talvez isso se deva ao fato de que não cheguei até ele pela via tradicional – a for