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Mostrando postagens de setembro, 2019

Vexame à vista lá na Assembleia da ONU

A imprensa brasileira noticia que amanhã (24), na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, Jair Bolsonaro, o “mito”, vai fazer um discurso para tentar mudar a imagem do Brasil lá fora. O noticiário insinua que as palavras vão produzir um efeito mágico: diluirão a fumaça das queimadas, as ações de desmonte dos órgãos ambientais, o descaso e o desrespeito com o meio ambiente, uma das marcas da desastrosa gestão iniciada em janeiro. A questão é que, lá, na plateia, não estará um crédulo magote de piraquaras brazucas. O “mito” passou décadas arrotando macheza. Na campanha eleitoral, esbravejava aqui ou ali, cercado da tradicional claque. Só que acabou salvo dos debates por uma facada providencial. Mas, quando assumiu a presidência da República, os brasileiros tiveram noção exata de suas constrangedoras limitações. Bastaram uns poucos dias para se perceber que o ex-capitão não tem credenciais nem para despachar certificado de reservista em Tiro de Guerra

Novo ato pela Educação na sexta-feira (20)

Na próxima sexta-feira (20) haverá mais uma greve geral na Educação contra o governo de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o “mito”, segundo seus acólitos. As manifestações se sucedem desde o primeiro semestre do ano. Ganharam muita musculatura entre maio e junho – quando, basicamente, eram os estudantes que estavam à frente – mas perderam força à medida que o “Lula Livre” foi sendo imposto pelo petismo. Mas, como o descalabro não concede trégua, razões para ir às ruas não faltam. O ato vem logo depois da “Semana da Pátria” – uma patética tentativa do “mito” de botar sua turma na rua trajando verde e amarelo – o que resultou num fiasco. Numa licença de trabalho, pude acompanhar o 7 de Setembro em São Paulo: nos metrôs, nos badalados bares da Vila Madalena, no elegante bairro de Pinheiros – recantos da turba que, iracunda, babava pelo impeachment – não havia nenhum patriota empedernido. Pelo contrário: alguns ostentavam camisetas com uma provocação jocosa: “Eu avisei”. Noutras, havia uma bi

Comércio se reanima com o Dia dos Pais

O sábado foi movimentado no comércio da Feira de Santana. Tudo por conta da comemoração do Dia dos Pais. A garoa fina, feito poeira d’água, as poças de lama, o vento frio, nada disso desanimou o feirense que foi em busca do presente para o pai. As lojas de confecções da Sales Barbosa, as modernas lojas de departamento da Senhor dos Passos e as sapatarias envidraçadas fervilhavam de gente inquieta, em busca da lembrança que coubesse no orçamento. Mãos ágeis remexiam prateleiras buscando camisas da cor desejada e no número adequado; nas vitrines, cada detalhe do calçado era examinado para caprichar na escolha; naquelas barracas espalhadas pelo calçadão da Sales Barbosa também não faltaram clientes que, nos intervalos das compras, recuperavam as energias devorando lanches expostos em mostruários de vidro. As lojas do centro da Feira de Santana – sobretudo aquelas da Sales Barbosa – lembram o Brás paulistano, com suas dezenas de ruas que se espalham a partir do largo da Concórdia. As

Zoeira do “mito” repercutiu lá fora

Todo dia o “mito” produz uma polêmica nova. É o seu método: sem preparo ou projeto, vai empurrando o governo aos trombaços e encontrões, torcendo para que a plateia não perceba. Metódico, não deixa de fornecer sua porção de ódio para as matilhas digitais que o reverenciam, ensandecidas. Também não descuida de favorecer a própria família, nem abdica da claque que o saúde aos gritos histéricos de “mito, mito”, nessas solenidades à qual só comparecem seus acólitos. É o roteiro de um governante mesquinho e de um governo medíocre. Até aqui, a galhofa leviana de quem considera as atrocidades q ue ele vomita nos microfones como “zoeira” o tem ajudado. A própria imprensa brasileira atenua essas barbaridades, como se não tivessem consequências. Mas tem. Os incêndios crescentes na Amazônia decorrem não apenas das ações hostis ao meio ambiente, mas também das declarações aberrantes. Isso funcionou como senha para o avanço do desmatamento. Os acólitos do “mito”, obviamente, recorrem a firulas

A interminável peleja dos camelôs e ambulantes feirenses

Na segunda-feira (26), a Feira de Santana viveu um dos momentos mais polêmicos do prolongado épico que envolve o festejado Shopping Popular, que está sendo construído ali na área do malcuidado Centro de Abastecimento. Inconformados com taxas e valor de aluguel, um grupo de camelôs e ambulantes marchou pelas ruas do centro da cidade, levando sua insatisfação para a Câmara Municipal. Foram recebidos pelos vereadores que, desta vez, não puderam ignorar o quiproquó cujo desfecho está longe do fim. Pelo contrário: tudo indica que, mesmo depois da entrega formal, as altercações vão prosseguir. Quem sobrevive há décadas pelo calçadão da Sales Barbosa, pela praça Bernardino Bahia, pela fervilhante Marechal Deodoro, pelos estreitos becos de gastas pedras portuguesas provavelmente não tem como arcar com os custos estabelecidos para quem vai se instalar no afamado entreposto. Principalmente porque a economia brasileira não deslancha, apesar e todas as promessas dos empertigados ministros de pl

O horror de Altamira em um vídeo de celular

No início da tarde de ontem (29) recebi um vídeo que, segundo quem compartilhava, foi feito na cadeia de Altamira, lá no Pará, durante o massacre que vitimou 57 presos, na manhã do mesmo dia. Chegou logo depois que o assunto ganhou as manchetes de todos os sites e telejornais do País. É difícil encontrar palavras que traduzam o horror que se desenrola em ínfimos 17 segundos. Logo no começo é possível identificar o vozerio grosseiro, grave, típico dos espaços de confinamento. A câmera foca cinco cabeças dispostas junto a uma parede. É possível perceber que os decapitados são gente muito jovem. Um deles até exibe um corte da moda, estilo moicano, desses que a garotada adota com frequência. “É nóis, é nóis”, berra alguém, talvez o próprio cinegrafista. Depois aparece uma mão fazendo um gesto de celebração ou de deboche. Mais uma cabeça é lançada sobre as demais: um barbudo, com o rosto ensanguentado. Agora, só ali, são seis infelizes decapitados. A contabilidade oficial apurou 16 cab

Sensação de que o trabalho infantil cresce em Feira

Nos intervalos das conversas, entre goles cerveja e a mastigação do tira-gosto, os frequentadores dos bares feirenses costumam ser abordados por incontáveis ambulantes. Vendem de tudo: amendoim cozido ou torrado, meias, cintos, pen drives e cd´s, capas de celular e mais uma infinidade de quinquilharias. A maioria é homem que, com a crise, perdeu o trabalho modesto e foi forçada a recorrer a essas empreitadas pelas ruas feirenses. Às vezes, vêem-se mulheres, mercadejando os mesmos produtos. Profunda e interminável, a crise ampliou muito o contingente de pessoas que tentam sobreviver vendendo coisa miúda pelas mesas dos bares. A pele parda ou preta, a origem periférica, a instrução escassa e a distância do mercado formal de trabalho são características comuns. Tragicamente, a faixa etária vem se ampliando: quem observa com alguma atenção nota que cresceu – e muito – o número de crianças nessas atividades. Boa parte é bem jovem: há meninas que não chegaram, sequer, aos 10 anos de ida