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Mostrando postagens de 2017

Brasil lança as bases do “neoclientelismo”

A abordagem aconteceu ali na avenida Getúlio Vargas, em frente a uma agência bancária. Era manhã de um feriado qualquer. Ia distraído, até ser abordado por uma jovem que sustentava uma braçada de revistas. Pretendia argumentar que aqueles produtos não me interessavam, que estava apressado, mas acabei cedendo à conversa. Estudante, queria repassar revistas antigas em troca de contribuição para sua formatura. As oportunidades de leitura eram vastas: iam da arquitetura à economia e finanças. Mas tudo publicação antiga, que desestimulavam até a solidariedade. Dedicava-se, particularmente, à recomendação de uma conhecida revista cujo público preferencial eram executivos e empreendedores. “O senhor é empresário?”, indagou a jovem, com vivacidade. “Não. Sou funcionário público”, redargui, satisfeito com o ar de ojeriza que ela esboçou. Aí o papo esfriou e segui meu caminho. À distância, notei que me julgava parasita ou algo do gênero. A repugnância ao funcionalismo público vem se tornand

Escola sem partido, mas com religião

Quando criança, assisti às inevitáveis aulas de religião na escola. A professora era uma espécie de beata, muito afável e risonha, que frequentava a igreja católica ali do Alto do Cruzeiro, nas imediações do Sobradinho. Naqueles tempos, boa parte da população era católica. Eu próprio tive formação católica: assim, embora não me recorde mais do conteúdo das aulas, lembro que aquilo não me causava estranhamento. Tudo mudou quando cheguei à antiga sétima série, noutra escola: autoritária e intolerante, a professora provocava estranhamento e, não raras vezes, ojeriza à classe. Cavoucando a memória, recordo de uma freira que, uma vez por semana, falava com voz mansa em aulas de religião, já no terceiro ano do antigo segundo grau. O que falava, também já não recordo. Mas lembro do enfado da turma adolescente ouvindo as tradicionais prédicas cristãs. Essas aulas eram obrigatórias, ministradas na rede pública, onde avultavam deficiências. Hoje, imagino que o tempo seria aproveitado mais ade

Amigo de político é a profissão do futuro

Caso eu fosse muito jovem e estivesse ingressando na terceira década de vida – com pouco mais de vinte anos – investiria nas profissões do futuro no Brasil: amigo de político ou cabo eleitoral. É bobagem estudar, gastar a vista lendo, mourejar anos a fio aprendendo uma profissão, exercitar os conhecimentos adquiridos com zelo e diligência. Sequer adianta ficar farejando as profissões do futuro, apostar numa meritocracia que só existe no plano da retórica. Tudo isso é besteira. Profissão do futuro, no Brasil, reafirmo, é cabo eleitoral ou amigo de político. Muita gente vive aí se debruçando sobre livros, estudando, tentando passar em concurso público. É besteira, reitero: os barnabés estão sofrendo arrocho salarial, serão submetidos a avaliação e demissão com base em critérios enigmáticos, levam a culpa pelo descontrole das contas públicas e ainda são acusados de incompetência e corpo mole. O futuro dessa gente, portanto, é bem mesquinho. Mas o futuro dos amigos dos políticos é rad

Rumores dos quartéis abafam a democracia

Tudo indica que, a partir daqui, quem acompanha o noticiário político vai precisar prestar atenção nos rumores que vêm dos quartéis. Afinal, um general anunciou a possibilidade de uma “intervenção militar” caso o Judiciário falhe na sua missão de combater a corrupção. Passível de punição pelas declarações, o militar teve suas palavras relativizadas pelo chefe numa entrevista. Este até saiu arranjando justificativas, colocando panos quentes, negando punição, quase aquiescendo. Acuado, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, saiu com uma nota chocha, protocolar, evasiva, acomodatícia. E o chefe supremo das Forças Armadas – Michel Temer (PMDB-SP), o mandatário de Tietê – ouviu calado toda a afronta. Sequer franziu o cenho, fez os consagrados muxoxos e – menos ainda – encenou arroubos retóricos com aquele vocabulário de rábula do século XIX. Desde os primeiros momentos da ascensão emedebista que ficou patente o medo do mandatário de Tietê dos militares. Primeiro, livrou-os da reforma da

Cunha estava certo: Brasil precisa de misericórdia divina

“Que Deus tenha misericórdia desta nação”, vaticinou o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no dia da votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), em abril de 2016. Pouco depois, acabou afastado do cargo, perdeu o mandato e, hoje, aguarda sentença de prisão em uma penitenciária no Paraná. Mas suas palavras foram premonitórias, quase proféticas: de lá para cá o Brasil segue descendo a ladeira, sob o controle de um grupelho que a própria Polícia Federal classifica de “quadrilhão”, chefiado pelo próprio presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP). Principal artífice da deposição do petismo, Eduardo Cunha falava com autoridade: afinal, confabulava com Michel Temer – principal beneficiário da manobra – e, certamente, sabia quem ascenderia a partir da derrocada de Dilma Rousseff. Mas, mesmo assim, o turbilhão político gira numa velocidade incontrolável, com desdobramentos cada vez mais imprevisíveis até para quem ocupa lugar privilegiado no palco. A úl

Centro de Abastecimento desaparece na paisagem feirense

Milhares de feirenses transitam, todos os dias, pelo Terminal Central. Quem se desloca por ali, passa pela avenida Canal ou pela própria rua Olímpio Vital vê as obras do festejado shopping popular avançando. No início, o que havia eram apenas os tapumes metálicos. Depois, foram se erguendo as colunas cinzentas que dão sustentação ao empreendimento. Por fim, nos últimos dias, vão sendo colocados o teto e os pisos que demarcarão os andares. Máquinas e operários trabalham, frenéticos. Quando a obra estiver concluída o Centro de Abastecimento vai perder visibilidade: quem circula por ali só vai enxergar o novíssimo empreendimento, portentoso, que já desperta interesses até de empresários chineses e coreanos, embora se argumente que o espaço abrigará a variada fauna de camelôs e ambulantes que se espalha pelas ruas do centro da cidade. Só quem passa pela avenida Canal é que vai seguir enxergando o Centro de Abastecimento. Porém, contrastando com o novo símbolo do progresso feirense, a

A interminável espera para o recadastramento biométrico

Tenho ouvido, com frequência, reclamações de eleitores sobre a dificuldade de fazer o cadastramento biométrico no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) aqui na Feira de Santana. O serviço, pelo que percebo, é péssimo nas duas modalidades: seja tentando agendar horário pela Internet, seja comparecendo ao posto para enfrentar filas monumentais e ficar, horas intermináveis, aguardando atendimento, exposto ao sol, à chuva e a uma humilhação injustificável. Adepto moderado das novas tecnologias – e de um mínimo de comodidade – tento, há semanas, agendar o bendito atendimento, sem sucesso. Invariavelmente, as vagas são todas preenchidas em alguns poucos minutos: nunca consegui, sequer, esboçar a marcação. Ou enxergar, sequer, a mínima disponibilidade. É irritante embora, contraditoriamente, fique comovido – quase às lágrimas – com a demonstração de civismo do feirense. Pretendo seguir tentando mais algum tempo. Quando vier a desilusão de que não conseguirei reservar uma mísera vaga, vou com

Superlotado, Conjunto Penal segue esquecido no noticiário

O Conjunto Penal de Feira de Santana abriga, no total, quase dois mil internos. São, precisamente, 1.912 pessoas encarceradas na unidade prisional. Há muito mais gente do que vaga: oficialmente, existe capacidade para abrigar 1.356 internos. A quantidade de presos excedentes, portanto, está em exatos 556. É gente suficiente para lotar um desses presídios modernos, nos quais se alojam menos internos. Note-se que, recentemente, a unidade penal feirense passou por uma ampliação. Os números acima são oficiais e integram um balanço recente, referente ao mês de julho, divulgado pela Secretaria Estadual de Administração Penitenciária e Ressocialização, a SEAP. No interior, Feira de Santana ostenta o maior excedente e, no estado, perde apenas para a Penitenciária Lemos de Brito, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, que abriga 759 presos além de sua capacidade. Na estatística, chama a atenção a situação dos presos provisórios. No Conjunto Penal feirense, há exatos 1.007 i

Emedebismo festeja crescimento da informalidade

Foi grande o estardalhaço em torno da pretensa recuperação da economia brasileira. Tudo por conta do 0,2% de crescimento registrado no segundo trimestre. Também se exaltou a redução no número de desempregados. Malandramente, Michel Temer (PMDB-SP), o mandatário de Tietê, foi à boca da cena capitalizar a festa da retomada. Seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com tom de candidato em campanha anunciou, entusiasmado, que no final do ano a economia estará crescendo a um ritmo “forte e constante”. Sobrou confete no noticiário e faltou ponderação. Não se impulsiona crescimento econômico só com mentalidade positiva ou com leituras marqueteiras dos fatos, como se tenta fazer no Brasil hoje. A finalidade da algazarra oficial é mais desorientar, tergiversar, desviar o foco do debate que, propriamente, celebrar uma incerta retomada na atividade produtiva. Segundo o IBGE, o modesto cresc imento se deveu à expansão do consumo das famílias, que embolsaram o inesperado repasse do FGTS da

O controverso problema do ordenamento do centro da cidade

É difícil circular pelo centro de Feira de Santana. A avenida Senhor dos Passos, por exemplo, conta com calçada larga e o trânsito de pedestres, ali, deveria ser tranquilo. Porém, quem passa pela avenida enxerga uma infinidade de barracas revestidas com plástico preto, voltadas para a calçada, disputando a atenção dos transeuntes. Espaço ali é artigo raro: dá trabalho encontrar uma brecha que dê acesso à avenida. Note-se que a ocupação daquela calçada é mais tardia, intensificando-se a partir da primeira metade da década passada. No calçadão da Sales Barbosa a disputa é ainda mais intensa. Sobra pouco espaço entre as portas das lojas e os mostruários das barracas metálicas dos ambulantes. O declive da rua torna a caminhada ainda mais trabalhosa, porque é comum esbarrar em confecções, bolsas e outros produtos ostensivamente pendurados. A realidade não é muito diferente no emaranhado de becos, sobretudo naqueles com maior circulação de pedestres, que conectam o centro da cidade. E t

Quase mil desempregados em sete meses de 2017

Está se tornando enfadonho torpedear o governo de Michel Temer (PMDB-SP), o mandatário de Tietê. Afinal, a popularidade estacionou em 5%, bordejando a margem de erro; escândalos de corrupção se avolumam, exigindo uma investigação que o Congresso bloqueia ao custo de bilhões de reais do erário combalido; generosas concessões aos amigos empresários contrastam com o arrocho sobre trabalhadores e beneficiários de programas sociais; e, visivelmente, o emedebismo vaga sem rumo, sem programa de governo, sem perspectiva a oferecer ao país. Assim que aplicou a rasteira que destituiu o petismo, Michel Temer e seus acólitos começaram a semear promessas com despreocupada displicência. O regozijo grosseiro da posse, o êxtase impudente, a indisfarçada gula até ajudaram a camuflar uma tragédia ainda maior: a da completa ausência de conteúdo e de rumo. Os efeitos são muito visíveis nos dias atuais. Sobretudo no que se refere à geração de emprego. Aqui na Feira de Santana, por exemplo, a crise seg

O retorno da Tribuna Feirense e algumas conjecturas

É muito positivo o retorno da Tribuna Feirense como jornal impresso. Mesmo que essa circulação, pelo menos por enquanto, se dê de forma mensal. Afinal, é um veículo de comunicação com uma trajetória respeitável, iniciada no já distante ano de 1999. Trata-se, portanto, de uma das mais longevas publicações impressas da Feira de Santana. E soma-se ao leque de opções que o feirense tem de se informar, saber das coisas de sua cidade, inteirar-se dos problemas, animar-se com aquilo que é positivo. Há vários anos muita gente profetiza que o jornal impresso, esse de papel, palpável, cheirando a tinta, está fadado a desaparecer nalguns anos. De fato, muitas publicações vêm se extinguindo ou reduzindo circulação mundo afora. Mas os jornais resistem, sustentados pela opção de quem prefere se informar à moda tradicional, sem o ritmo alucinante da Internet e de suas infinitas possibilidades e, obviamente, limitações e deformações. Talvez o que falte às publicações impressas seja, ainda, se rep

Convicção religiosa e conveniência malandra movem privatizações

Surpreendentemente, o governo Michel Temer (PMDB-SP) resolveu lançar um amplo pacote de privatizações. Assim, do nada, pegando até o onisciente mercado financeiro de surpresa. Mais um sintoma – preocupante – de que as decisões do governo de plantão são tomadas ao sabor da maré política ou conforme as conveniências do momento. Ninguém mencionou estudos, levantamentos ou pesquisas que dessem suporte a um projeto de governo, mesmo que deficiente, precário, orientado para privatizações. As convicções rasas construídas pelos militantes de redes sociais indicam que o privado, necessariamente, é superior ao público; que tudo deve ser vendido, leiloado, concedido, dado; e que, assim, alcançaremos o paraíso da eficiência. Nenhuma teoria fundamenta essa convicção: chega-se a ela a partir de uma espécie de fervor religioso, que a incessante doutrinação digital enraiza. Mas não é nem essa convicção rasteira que move o emedebismo. É a necessidade urgente de fazer caixa, já que o otimismo pangl

Economia está estagnada, na melhor das hipóteses

Tudo sinaliza que, novamente, a economia cresceu pouco no trimestre passado. Pior: houve retração em relação ao trimestre anterior. É o que aponta o monitor do Produto Interno Bruto (PIB), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que indica retração de 0,24% no período que vai de abril a junho. No primeiro trimestre – época da colheita da exaltada supersafra de grãos – o crescimento foi modesto: 0,99%. Mesmo assim, o governo festejou muito, exaltou a retomada da economia. Em comparação com o mesmo período de 2016 – segundo ano da terrível recessão – também houve queda: -0,3%. Com boa vontade, pode-se dizer que a atividade econômica permanece estagnada, atolada no fundo do poço. E lá se vai mais de um ano desde que Michel Temer (PMDB), o mandatário de Tietê, assumiu prometendo retomada econômica logo no segundo semestre - do ano passado -, pois encarnava a tão ansiada credibilidade. Nos momentos mais delirantes, alguns profetas encastelados no governo viram o PIB crescendo a 2% em 2017. U

Caravana de Lula tenta resgatar antiga mística do PT

Lula passou ontem (19) pela Feira de Santana em sua caravana pelo Nordeste do Brasil. Na véspera, esteve em Cruz das Almas. Passou também por Salvador e São Francisco do Conde. Fez discursos, recebeu homenagens, participou de reuniões com políticos e negou o tempo todo que já esteja em campanha. É claro que não pode admitir: seria crime eleitoral. Pelo que vi, o calejado ex-presidente tem três motivos para circular Nordeste afora num ônibus confortável, acompanhado por expoentes do petismo. O primeiro motivo é animar a militância: depois dos últimos revezes, o astral dos petistas caiu, conforme se viu na campanha eleitoral do ano passado, quando o partido sofreu indiscutível derrota na disputa pelas prefeituras; o segundo é ir construindo um discurso e comunicar à militância da legenda, que vai replicá-lo mais tarde; o terceiro é retirar o foco da condenação judicial, dos inquéritos em andamento e da feroz oposição que lhe fazem na Justiça, na imprensa e entre aqueles que pretendem

Rombos mostram que austeridade fiscal é fantasia

Se há algo que não combina com o PMDB é a austeridade fiscal. Os cardeais da legenda defenestraram o petismo com o discurso reluzente da responsabilidade fiscal, da redução de gastos, do equilíbrio nas contas públicas. Até no mercado financeiro surgiram crédulos, entusiasmados com a guinada fiscalista festivamente anunciada. E tome elogio à temerária equipe econômica. Pois bem: a revisão do rombo nas contas públicas – R$ 20 bilhões adicionais em 2017 e R$ 30 bilhões a mais em 2018 – mostra que, apesar dos discursos, a gastança segue sem freios. É claro que, em alguma medida, existe austeridade. Mas é uma austeridade seletiva, que abalroa basicamente os mais pobres, particularmente os beneficiários dos programas sociais. Estão aí a dramática redução do Bolsa Família e dos programas de transferência de renda para atestar. Em 2017, não houve reajuste no valor do programa – a manutenção do rigor fiscal foi a alegação – mas torraram-se R$ 13 bilhões para salvar Michel Temer (PMDB-SP) d

Viagem entre Feira e Serrinha segue como calvário

Apenas 65 quilômetros separam Feira de Santana de Serrinha através da BR 116 Norte. O intercâmbio entre as duas cidades é intenso: muita gente sai daquela cidade para fazer compras e acessar serviços por aqui, em função dos preços mais em conta; outros buscam atendimento especializado na área de saúde; há aqueles que residem numa cidade e trabalham na outra, robustecendo o fluxo entre as duas localidades; estudantes de Serrinha são alunos da Uefs e de outras instituições de ensino superior feirenses; e não falta quem resida na Feira de Santana, mas frequente o campus da Uneb lá em Serrinha, como estudante. A rodovia, que corta a vegetação agreste que se descortina em direção ao norte, foi construída décadas atrás, servindo para interligar o Nordeste às demais regiões do país. Nasceu da proposta de integração regional, com o objetivo de viabilizar a circulação de mercadorias, pessoas e dinamizar a economia brasileira. À época, carros de passeio eram raros: os caminhões constituíam os

Inverno reanima agricultura no Recôncavo

A dupla embarcou no ônibus ali na Praça Jackson do Amaury, quase ao meio-dia de sexta-feira. Chovera mais cedo, mas o sol morno do inverno, naquela manhã dourada, aquecia os passageiros que aguardavam condução. O asfalto reluzia, úmido, e o calçamento das vias transversais acumulava pequenas poças de água, que impunham acrobacias aos transeuntes. Gente gritava, frenética, tentando embarcar passageiros para Santo Amaro, Madre de Deus, Candeias, Conceição do Jacuípe e outros destinos próximos. Vendedores ambulantes supriam a freguesia com bolos, pasteis, coxinhas, cafés e sucos. Manuseavam-se malas, valises, mochilas e bolsas com cautela, já que uma lama intensamente repisada atormentava os passageiros. Um dos integrantes da dupla embarcou um carrinho de mão e um tabuleiro bojudo, de madeira forte. Folhas de couve, murchas, sobre o equipamento, denunciavam sua dupla condição de agricultor e feirante. Quando entrou, foi sentar no fundo do veículo, já entabulando uma intricada negociaçã

O golpe do Parlamentarismo

Notícias dos últimos dias indicam que Lula vai passar pela Feira de Santana na badalada caravana que pretende manter sua visibilidade, visando as eleições presidenciais de 2018. Isso deve acontecer na segunda quinzena de agosto, segundo estimativa de lideranças petistas. Jair Bolsonaro (PSC-RJ) – o deputado federal que é militar reformado – também circula pelo país, ganhando visibilidade e sendo aclamado por seus admiradores. O Nordeste é uma das regiões que conta com sua presença constante. Ninguém sabe se Lula vai, de fato, viabilizar-se como candidato: já há uma condenação da Justiça em primeira instância que, caso se confirme, vai tirá-lo do páreo. Bolsonaro é figura controversa e não se sabe se terá o aval do mercado financeiro para ser alçado à presidência. Mas, sem dúvida, vai ser beneficiário do voto de “protesto” de parcela insatisfeita da sociedade. Exatamente como ocorreu com Donald Trump, lá nos Estados Unidos. Todavia, o cenário político no Brasil é inteiramente impre