Está
se tornando enfadonho torpedear o governo de Michel Temer (PMDB-SP), o
mandatário de Tietê. Afinal, a popularidade estacionou em 5%, bordejando a
margem de erro; escândalos de corrupção se avolumam, exigindo uma investigação
que o Congresso bloqueia ao custo de bilhões de reais do erário combalido; generosas
concessões aos amigos empresários contrastam com o arrocho sobre trabalhadores
e beneficiários de programas sociais; e, visivelmente, o emedebismo vaga sem
rumo, sem programa de governo, sem perspectiva a oferecer ao país.
Assim
que aplicou a rasteira que destituiu o petismo, Michel Temer e seus acólitos
começaram a semear promessas com despreocupada displicência. O regozijo
grosseiro da posse, o êxtase impudente, a indisfarçada gula até ajudaram a
camuflar uma tragédia ainda maior: a da completa ausência de conteúdo e de
rumo. Os efeitos são muito visíveis nos dias atuais. Sobretudo no que se refere
à geração de emprego.
Aqui
na Feira de Santana, por exemplo, a crise segue dizimando postos de trabalho:
no ano, de janeiro a julho, o saldo é negativo em 989 vagas. E não se pode
dizer que o pior está ficando para trás: em julho, foram 105 empregos a menos
no saldo. Sinal de que, apesar de ter perdido fôlego, a tragédia se arrasta e a
reiteradamente anunciada retomada vai ficando para um futuro incerto.
Esses
dados são do Ministério do Trabalho e Emprego. E refletem o estrago no naco
nobre do mercado de trabalho, onde estão os empregos formais. Em parte, quem
vem atenuando o impacto é o setor industrial, que gerou empregos de auxiliar de
linha de produção (56), seguido de oportunidades para promotor de vendas (25) e
pedagogo (23).
Mais desemprego
Em
julho, o estrago seguiu entre comerciários (-56), faxineiros (-44) e auxiliares
de escritório (-20). No ano, os comerciários (-299), os serventes (-229) e os
pedreiros (-179) constituem as principais vítimas da derrocada, no saldo entre
admissões e demissões. Sinal que, na construção civil, o ciclo recessivo ainda
não se completou.
Um
entusiasmo artificial, forjado, que contaminou muitos incautos, cercou a posse
de Michel Temer em maio do ano passado. Parecia que, finalmente, o Brasil
enxergava alguma perspectiva de médio prazo. Em pouco tempo, porém, muitos
perceberam o embuste já que, objetivamente, o novo governo pouco tinha o que
mostrar. Menos ainda o que sinalizar em termos de rumo. Daí foi declinando
aquela aceitação reticente, encalistrada.
A
sensação de falta de rumo que marcou o segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) se
manteve com o novo regime. Com um agravante: as denúncias de corrupção –
inclusive envolvendo o mandatário de Tietê – avolumam-se de maneira
incontornável, conforme bem apontou a Procuradoria Geral da República. Com um
governo tão ruinoso, 2018 está logo ali, mas parece uma miragem distante,
tamanho é o desalento nos dias atuais.
Mas, ao contrário do que
muitos podem pensar, talvez 2018 não traga alento e menos ainda a ansiada
normalidade a partir de 2019. Os nomes colocados no tabuleiro presidencial não
reúnem credenciais para unir o país, aproximar os divergentes, sinalizar para
que se volte a construir consensos. Nem mesmo Lula, que circula pelo Nordeste
prometendo mais do mesmo para a quadra presidencial que se aproxima...
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