Michel
Temer (PMDB-SP), o mandatário de Tietê, disse outra vez, numa solenidade, que
não renuncia. Assim, à primeira vista, dá a sensação de coragem, de força, de resistência.
Mas, à luz de quem frequenta os bastidores de Brasília, enxerga-se exatamente o
contrário: não passa de uma demonstração de medo. Afinal, renunciando, perde o foro
privilegiado; perdendo o foro privilegiado, corre o risco de ser preso. É esse o
receio que alavanca seu pretenso desassombro.
Renunciando
à renúncia, porém, o mandatário de Tietê talvez apenas empurre o problema com a
barriga até 31 de dezembro de 2018. Afinal, terá que deixar a presidência no
dia seguinte: caso fique de bobeira pelo Brasil, flanando, como fazem Dilma
Rousseff (PT) e Lula (PT), por exemplo, poderá ser surpreendido pelas habituais
visitas da Polícia Federal. Afinal, pelo que se vê, razões estão aí, se
acumulando.
Risco
zero só ocorrerá se houver uma inédita transmissão de cargo fora do Brasil. E
isso em País que não tenha tratado de extradição com nossa pobre nação. É
improvável, mas, do jeito que as coisas estão nada pode ser descartado. Resta
saber que republiqueta se disporia a abrigar solenidade tão excêntrica.
Piadas
à parte, só falta ao país um presidente que reproduza aquelas cenas de
República de Bananas, escapando na surdina e pedindo asilo sob alegação de
perseguição de inimigos, ou alguma outra desculpa do gênero. Tempos atrás, isso
soaria impensável, pois muita gente achava que, enfim, estávamos nos dando ao
respeito. Não é bem por aí, conforme se vê.
Revelações
O
fato é que as revelações acumulam-se, estarrecedoras. E quem ontem brandia a
ética, empunhava a moralidade, acenava com a dignidade, se calou, cúmplice.
Pois não é que muitos dos fiadores do impeachment
de Dilma Rousseff, que transpiravam decência, foram flagrados pilhando o Estado
com voracidade redobrada? Bastou um ano para a máscara se decompor, pútrida.
Há
quem defenda a permanência do mandatário de Tietê em nome de uma pretensa
estabilidade. Bobagem: o que há é que os grupos que disputam o butim da
presidência não conseguem indicar um nome que, chegando ao Palácio do Planalto,
não pretenda por lá permanecer, disputando as eleições de 2018. Só por isso sua
deposição não prospera.
Por
outro lado, parte do empresariado e o mercado financeiro esperam que o
mandatário de Tietê, mesmo recendendo a formol, toque as propaladas reformas,
aprovando-as. Daí o discurso da permanência, da estabilidade, da responsabilidade.
Talvez a crise profunda até ajude, potencializado pelo discurso apocalíptico da
urgência e do descalabro.
O fato é que são cômicos os
arroubos de valentia de Michel Temer. Pena que tudo isso seja realidade e não
uma comédia qualquer sobre uma dessas republiquetas de bananas que se vê nos
cinemas...
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