Quem
quiser comprovar nem precisa fazer muito esforço: basta
se deslocar para qualquer ponto de ônibus de alguma via mais movimentada da
Feira de Santana. Pelo transporte coletivo convencional – os badalados ônibus
novos e, posteriormente, “seminovos” – espera-se bastante: às vezes, até 20 ou
30 minutos, em vias como a Maria Quitéria e a João Durval, roteiro habitual de
diversas linhas de ônibus. Aqueles mais apressados, porém, contam com um leque
vasto de opções para se deslocar.
Motociclistas
devidamente regulamentados – ou não – são os mais comuns. Costumam recrutar
passageiros próximos aos pontos de ônibus ou vão recorrendo à buzina pelas vias
da cidade, despertando a atenção de eventuais passageiros. Transportam
passageiros pela Feira de Santana há pelo menos duas décadas e têm clientela
cativa, pelo que se observa. Afinal, o feirense anda de moto-táxi com
naturalidade
Os
moto-taxistas clandestinos – os que circulam sem autorização formal da
prefeitura – multiplicaram-se com a eclosão da crise econômica a partir de 2015
e não costumam ser bem-vistos pelos que trabalham legalizados. Há quem tente
arrebatar passageiros empregando aquelas motonetas que viraram febre na cidade
nos últimos anos, circulando de bermuda e até de sandália de dedo. Aberrações
do gênero não são incomuns.
Alguns
taxistas – pressionados pelos demais alternativos – também fazem lotação em
grandes avenidas. Não é muito corriqueiro, mas podem ser vistos com alguma
frequência, recrutando gente pela cidade. Discretamente, encostam nos pontos e
indagam por quem vai para o centro da cidade. Mas são mais raros: preferem
apostar nas promoções para garantir parte da clientela, já que andar em táxi em
tempo de crise se tornou proibitivo para muita gente.
Carros e Vans
Novidade
crescente são os automóveis particulares que estão aderindo ao chamado
“ligeirinho”. As abordagens são muito frequentes nos pontos. Carros novos são
raros: quase todos são veículos populares com alguns anos de uso, mas há
automóveis em situação deplorável. Mesmo assim circulam abarrotados com os
feirenses que não querem perder tempo nos pontos de ônibus.
Por
fim, surgiu o famoso Uber, aquele do aplicativo. Nem bem chegou e as polêmicas
se multiplicam já. Taxistas, moto-taxistas e adeptos do “ligeirinho” veem os
associados ao aplicativo como ameaça potencial. E a própria prefeitura promete
fiscalização e punição, já que o sistema não é legalizado aqui. Pelo menos por
enquanto. Noutras cidades, o discurso inicial foi o mesmo.
Caso
pretenda punir os adeptos do “ligeirinho” e afins, a prefeitura vai precisar empregar
esforços hercúleos; afinal, em qualquer esquina se requisita um desses transportes;
parte da população é favorável, porque usa e isso lhe facilita a vida, evitando
as intermináveis esperas nos pontos de ônibus; e a crise empurra muita gente
endividada – ou desempregada – para o sistema que, pelo menos, lhe garante
alguma renda extra.
Colocar em circulação
ônibus mais novos que aqueles que rodavam pela cidade até 2014 foi uma medida elogiável,
mas insuficiente. Afinal, parte da frota já foi substituída por “seminovos”
meio surrados; e as esperas seguem extensas e imprevisíveis. Aprimorar o
sistema de transporte coletivo na Feira de Santana seria um primeiro – e
pacífico – passo para deter a vigorosa e arriscada expansão indiscriminada dos
chamados “alternativos” na Feira de Santana.
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