Nem
é preciso mais dizer que, todo dia, sai uma notícia favorável sobre a economia
brasileira. Que isso ou aquilo dá sinais de melhora, que tais indicadores
sinalizam para dias melhores logo ali, ainda em 2017. E que, mais adiante, as
exaltadas reformas funcionarão como senha para um paraíso que, para a imensa
maioria dos brasileiros, nunca vai chegar. Dose é contrapor o otimismo do
noticiário com a contundência dos resultados econômicos. A fornada de números
sobre o desemprego, em março, reforça a sensação de empulhação.
O
feirense fechou o primeiro trimestre sem razões para otimismo em relação ao
mercado de trabalho: em três meses, foram precisas 1.271 demissões a mais que
admissões. Isso significa que o mercado formal de trabalho continua encolhendo,
mesmo com todas as promessas de redenção penduradas no noticiário. Os dados são
oficiais, divulgados pelo Ministério do Trabalho.
Só
em março, foram 502 empregos a menos. É o saldo entre admissões (2.428) e
desligamentos (2.930). Os três meses de 2017 registraram saldo negativo: foi
assim em janeiro, com 513 empregos a menos; foi assim em fevereiro também, com
nova leva de 256 demitidos; e foi assim em março, conforme indicamos. Em
fevereiro, a propósito, o país registrou tênue e surpreendente melhora, com 35
mil empregos gerados. Por aqui, permanecemos descendo a ladeira, à margem da
efêmera melhora nacional.
Os
1.271 empregos a menos sinalizam uma tendência preocupante: a de que o
desemprego no município persiste, com fôlego semelhante àquele registrado nos
dois últimos anos – 2015 e 2016 –, terríveis para o mercado de trabalho
feirense. Nos 12 meses encerrados em março, 6,2 mil empregos deixaram de
existir, um sintoma do fôlego da recessão.
Catástrofe
Desde
2013 a Feira de Santana não registra saldo positivo no seu mercado de trabalho.
A bonança se encerrou em 2014, quando até o primeiro semestre o saldo foi
positivo. A partir de então, veio a derrocada e, ao final do ano, o saldo foi
negativo em precisamente 914 empregos. Pior do que esse resultado, eram as
expectativas sobre o que estava por vir.
Em
2015, em meio às intensas turbulências políticas provocadas pelo Congresso que
planejava aplicar uma rasteira em Dilma Rousseff (PT) e no petismo, a crise se
intensificou. Aqui na Feira de Santana, foram espantosos 6.595 empregos
extintos. Isoladamente, foi o pior ano da história do mercado de trabalho no
município.
Em
maio do ano passado Dilma Rousseff caiu e o emedebê, de Michel Temer (PMDB-SP),
assumiu prometendo retomada do crescimento econômico ainda em meados do ano. A
fórmula proposta para a redenção foi um forte arrocho. Só que a festejada
retomada é aguardada até os dias atuais e, na cidade, perderam-se mais 6.002
empregos naqueles 12 meses. E, conforme os números acima, a recessão vai
seguindo feroz por aqui.
Neste 1º de Maio o
trabalhador brasileiro tem pouco o que comemorar. Aqui na Feira de Santana,
além da ofensiva contra seus direitos, já são exatos 14.772 empregos formais
extintos desde o segundo semestre de 2014. Caso a coisa estivesse
desacelerando, tudo bem: não é o que mostram os números. E números oficiais, do
Ministério do Trabalho.
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