Tudo
sinaliza que, novamente, a economia cresceu pouco no trimestre passado. Pior:
houve retração em relação ao trimestre anterior. É o que aponta o monitor do
Produto Interno Bruto (PIB), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que indica
retração de 0,24% no período que vai de abril a junho. No primeiro trimestre –
época da colheita da exaltada supersafra de grãos – o crescimento foi modesto:
0,99%. Mesmo assim, o governo festejou muito, exaltou a retomada da economia.
Em
comparação com o mesmo período de 2016 – segundo ano da terrível recessão –
também houve queda: -0,3%. Com boa vontade, pode-se dizer que a atividade
econômica permanece estagnada, atolada no fundo do poço. E lá se vai mais de um
ano desde que Michel Temer (PMDB), o mandatário de Tietê, assumiu prometendo
retomada econômica logo no segundo semestre - do ano passado -, pois encarnava
a tão ansiada credibilidade.
Nos
momentos mais delirantes, alguns profetas encastelados no governo viram o PIB
crescendo a 2% em 2017. Um deles, o ministro da Fazenda, que se assanha acalentando
uma candidatura presidencial, passou o primeiro trimestre profetizando o engodo.
Hoje, já há quem enxergue os 0,3% previstos pelo Fundo Monetário Internacional –
FMI como um desempenho a ser comemorado.
Mas
a empulhação não para: agora, os prognósticos otimistas estão sendo empurrados
para outubro em diante. Ironicamente, a equipe de Michel Temer foi saudada como
douta na delicada ciência econômica e sábia zeladora da austeridade fiscal e da
previsibilidade econômica. A algazarra dos balconistas, mercadores e negocistas,
porém, calou toda essa pretensa sabedoria, que se recolheu a um silêncio
sideral.
E o povão?
A
esgrima estatística, a retórica redentora, os renhidos embates políticos,
porém, só são inócuos entre os nababos cuja vida está arrumada, assentada em
sólidos patrimônios. Quem labuta pela manhã para assegurar o jantar à noite; quem
moureja para pagar aquelas contas básicas – água, luz, a despesa do mercadinho
– que asseguram, apenas, o mínimo de conforto na vida feroz; ou quem verga sob
o flagelo do desemprego é que sofre com a desastrada condução econômica.
Esses,
por enquanto, estão calados. A rasteira da PEC do Teto de Gastos está apenas
começando a produzir efeitos, com o corte nos gastos sociais, com o atendimento
precário nos hospitais, com a queda nos recursos para a educação. Mais que
transitório produto da crise, isso é perene: a rotina vai traquejar, ao longo
dos anos. Isso, claro, se o traquejo for
aceito passivamente, o que ninguém sabe.
A
reforma trabalhista, mais ou menos, revogou a Lei Áurea. É outra medida que vai
sendo sentida com o passar do tempo. Quando os rendimentos minguarem, os direitos
de outrora forem negados e o trabalho árduo render menos que o necessário para
ir sobrevivendo, talvez as vozes se ergam, insatisfeitas, indignadas. Mas é
coisa lá para o futuro: hoje, o que há é muito rumor, mas pouco efeito por
enquanto.
É por isso que as promessas
de redenção vão reverberando, sendo postergadas, para, mais adiante, serem
novamente retardadas, num infindável adiamento do futuro luminoso. Por enquanto
faz efeito, o consórcio no poder se autocongratula, superando-se na retórica
vazia. Mas ninguém sabe até quando.
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