Pular para o conteúdo principal

Legado do PMDB já é de quase seis mil desempregados em Feira

O primeiro ano da rasteira aplicada pelo PMDB sobre a ex-presidente Dilma Rousseff e sobre o petismo foi celebrado com júbilo pelos caciques da legenda. As realizações – vagas e, em grande medida, altamente prejudiciais à patuleia – ganharam propaganda na tevê, além dos habituais elogios que a imprensa não cansa de repisar. Um observador estrangeiro, recém-chegado ao país, julgaria estar diante de um governo há pouco legitimado pela peleja das urnas. Nada mais falso, nessa era tão rica em cínica desfaçatez.
Michel Temer (PMDB-SP), o mandatário de Tietê, alega que recolocou o país nos trilhos. E acena, jactando-se, com as reduções das taxas de juros e da inflação nesses conturbados doze meses. Malandramente, ignora a profunda recessão que se arrasta desde meados de 2014 e que, sem dúvida, contribuiu decisivamente para o baque sobre a inflação e os juros.
Sobre o quesito ético – principal argumento para a defenestração do petismo – não há nenhuma palavra do governo de plantão: as listas das empreiteiras são eloquentes demais para exigir explicações adicionais. A justificativa do emedebismo é, inclusive, exatamente idêntica à de seus antecessores no Palácio do Planalto: todas as doações foram legalmente declaradas à Justiça Eleitoral. Sorte deles é que as vozes que clamavam por ética na política, subitamente, se calaram.
Mas o grande feito do mandatário de Tietê é se esforçar para dissociar-se do descalabro econômico que o consórcio eleito em 2014 conjurou. Nas suas raras aparições públicas, exime-se, esquiva-se, contorce-se, contorna, mas não convence de sua inocência sobre o caos econômico. Que, a propósito, continua, com um legado que já é, exclusivamente, do emedebismo, admita-se ou não.

Desemprego em Feira

No trágico 12 de maio de 2016 Michel Temer abocanhou o trono da antecessora. De lá para cá, não se viu essa prosperidade alegada pelas vozes oficiais. Ao contrário: só na Feira de Santana, precisos 5.140 empregos formais esfumaçaram-se, no saldo, desde junho do ano passado. Na conta do mandatário de Tietê, ainda cabem outros 522 empregos dos 883 que se diluíram no fatídico maio da deposição, numa justa divisão entre ele e Dilma Rousseff.
Somando tudo, dá 5.662 empregos. Quando se imagina que, desde o início da recessão a Feira de Santana perdeu exatos 14.772 postos formais de trabalho, deduz-se que, sob o governo redentor, foram demitidos um terço dos trabalhadores alvejados pela terrível recessão que se arrasta desde 2014. Não é desempenho para se alardear com propaganda.
Por um lado, os entusiastas do emedebismo podem alegar que a legenda herdou a crise já em andamento. Isso é óbvio. Mas, por outro lado, percebe-se que os milhões injetados em propaganda de tevê foram jogados fora, porque os resultados do governo são, no mínimo, inócuos até aqui. Não há, portanto, motivo para celebrações.
Para o futuro, prometem-se empregos: a revogação de diversos direitos previstos na legislação trabalhista e a semiescravidão travestida de terceirização alavancarão um boom de contratações nos próximos anos. É o que apregoam os arautos do Brasil nos Trilhos. Soberbos resultados serão legados àqueles que sucederem o mandatário de Tietê.
Quem conseguir sobreviver verá. Ou não.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada fei...

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da...

O futuro das feiras-livres

Os rumos das atividades comerciais são ditados pelos hábitos dos consumidores. A constatação, que é óbvia, se aplica até mesmo aos gêneros de primeira necessidade, como os alimentos. As mudanças no comportamento dos indivíduos favorecem o surgimento de novas atividades comerciais, assim como põem em xeque antigas estratégias de comercialização. A maioria dessas mudanças, porém, ocorre de forma lenta, diluindo a percepção sobre a profundidade e a extensão. Atualmente, por exemplo, vivemos a prolongada transição que tirou as feiras-livres do centro das atividades comerciais. A origem das feiras-livres como estratégia de comercialização surgiu na Idade Média, quando as cidades começavam a florescer. Algumas das maiores cidades européias modernas são frutos das feiras que se organizavam com o propósito de permitir que produtores de distintas localidades comercializassem seus produtos. As distâncias, as dificuldades de locomoção e a intermitência das safras exigiam uma solução que as feiras...