Está
prevista para o fim de março toda a remoção dos camelôs do centro da cidade
para o festejado Shopping Popular construído na área do Centro de
Abastecimento. É o que a prefeitura noticiou amplamente nos últimos dias. Até o
momento, porém, praticamente ninguém migrou para o novo entreposto. Nos últimos
dias surgiu um elemento a mais que tende a embaralhar tudo: a epidemia de
coronavírus, que vai aos poucos se alastrando pelo país.
Basta olhar
lá para fora para perceber que os impactos da disseminação do vírus sobre a
atividade econômica são significativos. A China parou e a Europa – começando
pela Itália – caminha na mesma direção. Alguns, mais audaciosos, falam até em
recessão global em 2020. Mas já há, no mínimo, consenso entre especialistas de que
haverá ao menos uma vigorosa desaceleração.
O que isso
tem a ver com o pessoal que mercadeja seus produtos pela Sales Barbosa, pela
Senhor dos Passos e pela Marechal Deodoro? Muita coisa. Tudo indica que, nos
próximos meses, o Brasil – e a Feira de Santana – mergulharão numa robusta
retração da atividade econômica. Até o mês de junho – quando acontecem as
festas juninas que mobilizam os nordestinos – os impactos da epidemia do
coronavírus ainda serão sentidos.
Quando forem
transferidos – o que é incerto e vem gerando muita polêmica – os camelôs terão
que arcar com taxas bem salgadas no novo entreposto. Removê-los em pleno ciclo
recessivo – mesmo que, espera-se, de curta duração – é condená-los às agruras no
curto prazo e, provavelmente, à inadimplência. Isso sem mencionar o transtorno
de recomeçar num novo espaço no meio de uma epidemia.
Imagina-se
que, nos próximos dias, a prefeitura vai anunciar – mais uma vez – o adiamento
da remoção. Principalmente porque, deduz-se, todos os esforços das autoridades
devem se voltar para conter a epidemia. Uma intervenção nessa escala – tensa,
recheada de incertezas e de insatisfações – exige, no mínimo, relativa
tranqüilidade para acontecer. Não é o que se vê por aí.
Mesmo porque
muitos camelôs seguem indóceis com as mudanças anunciadas. No início da semana,
mais uma vez, registrou-se manifestação em frente à prefeitura, inclusive com a
interrupção no trânsito. A causa? As taxas previstas e que, segundo eles, não
cabem no bolso de quem mercadeja enfrentando muitas agruras no dia-a-dia.
Percebe-se,
caminhando pelo centro da cidade, que praticamente ninguém fez a mudança até
agora. Não é incomum ouvir comentários que refletem a insatisfação e as dúvidas
de quem tem até o fim de março para a mudança. Publicamente, porém, prevalece
um silêncio bem eloqüente.
O prefeito Colbert Martins Filho demonstrou
sensatez ao adiar a Micareta que deveria acontecer em meados de abril.
Espera-se a mesma atitude em relação à abertura do Shopping Popular. Sobretudo
porque – é bom reiterar – hoje, a saúde pública é a prioridade absoluta no país
e por aqui também e conter a epidemia de coronavírus exige os esforços de
todos...
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