Longas
filas marcaram o início da distribuição do vale alimentação para estudantes da
rede estadual na Feira de Santana hoje (20). O benefício – no valor de R$ 55 –
vai ajudar as famílias mais carentes a suplantar esse período sem aulas e sem
trabalho por causa da pandemia de coronavírus. A cena é corriqueira, pois também
são longas as filas nas lotéricas e defronte às agências bancárias. Algumas se
espicham quarteirão afora, dobram esquinas, avançam pelos becos, com gente
aflita, impaciente.
Boa
parte tem ido sacar a ajuda de R$ 600 disponibilizada para trabalhadores
informais e famílias contempladas pelo Programa Bolsa Família (BPC). Apesar dos
críticos, insensatos, esses repasses são indispensáveis no momento. Muitos
trabalhadores feirenses atuam na informalidade e ganham pouco. Com a pandemia,
estão vulneráveis, já que não podem se dedicar às suas atividades.
Quem
consegue sacar, em muitos casos, gasta no mercadinho de bairro, na padaria, no
açougue. Ou, até mesmo, nos indispensáveis produtos de higiene. Embora
insuficiente, o montante vai ajudar a atravessar os piores momentos da
pandemia. E contribui para movimentar a economia local nesse momento de
intensas dificuldades. Elementar, a medida exigiu muita pressão, já que a
sabedoria encastelada no Ministério da Economia resistia em adotá-la.
As
restrições à circulação – e às atividades econômicas – ajudam a amenizar as
graves deficiências de habitação e saneamento que potencializam a disseminação
do Covid-19 em países como o Brasil. As regiões subnormais – aquilo que se
convencionou chamar de favelas – são propícias à disseminação do vírus: vielas
estreitas, habitações precárias e elevada densidade demográfica. Caso circulem
menos, essas pessoas têm risco menor de contrair o novo coronavírus. É, no
fundo, a grande virtude do isolamento social.
Feira
de Santana ostenta uma vantagem relativa na comparação com capitais como
Salvador, Rio de Janeiro ou Recife: não é acidentada, com ladeiras e vales, e
tem poucas áreas densamente povoadas. População mais esparsa ajuda a diminuir os
riscos de contaminação. A questão é que, aqui, a infraestrutura de saúde –
hospitais, leitos de UTI, profissionais de saúde – é muito mais precária que
nas capitais. Daí a importância adicional do isolamento social.
Amanhã
(21) o prefeito Colbert Filho (MDB) deve anunciar se o fechamento de parte do
comércio vai se estender por mais tempo. Até aqui, os resultados podem ser
considerados satisfatórios, já que a rede hospitalar ainda não foi
sobrecarregada e houve apenas uma morte. É o achatamento da curva, expressão
que se tornou popular desde o início da pandemia.
A
expectativa é que as restrições sejam mantidas. Revogá-las abruptamente pode
resultar em catástrofe. Afinal, parte da população vai seguir assustada e
fugindo das aglomerações – e evitando o comércio – e o número de mortes pode
crescer sensivelmente.
Melhor investir na vida,
apesar das inegáveis agruras econômicas.
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