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Micareta foi a primeira vítima do Covid-19 em Feira

Foi muito lembrado, nas mídias sociais, que a Micareta 2020 deveria começar hoje (23). A folia foi a primeira vítima do Covid-19: na primeira quinzena de março a prefeitura anunciou o adiamento, sem nova data prevista. Naquele momento muita gente se espantou com a suspensão. Não faltou quem apostasse que a festa ocorreria de qualquer jeito. Mas prevaleceu a prudência e, com o passar dos dias, a decisão se mostrou acertada.
Desde então passaram-se 40 dias. E, pelo visto, a principal festa popular da Feira de Santana vai ficar para 2021. Isso se, até lá, a pandemia for controlada por aqui. É bom não cultivar grande otimismo. Afinal, a peleja dos trogloditas no Planalto Central está tão renhida que a saúde da população fica em segundo plano. Logo, a pandemia pode durar mais que em outros países.
São grandes os prejuízos para a economia feirense com a suspensão da Micareta. E é enorme a quantidade de prejudicados com as rígidas – mas necessárias – medidas para evitar aglomerações. A indústria do entretenimento acumula prejuízos gigantescos, mas, como sempre, o ônus maior recai sobre quem trabalha e depende das atividades do dia-a-dia para sobreviver.
Os prejuízos, porém, não se restringem à dimensão econômica. Vá lá que a Micareta já não tem aquele apelo de outros tempos. Muitos viajam, vão à praia ou à fazenda. Mas o povão permanece fiel à celebração profana, acotovelando-se nos espaços exíguos da avenida Presidente Dutra, extravasando como o soteropolitano o faz no Carnaval. Esse prejuízo, subjetivo, é imensurável.
O pior é que o problema vai continuar. Ou melhor: mudará de ritmo musical. Afinal, daqui a pouco mais de um mês, começam as festas juninas. A ela os nordestinos dedicam devoção especial. Em 2020, no entanto, o modelo tradicional – com aglomerações, grandes shows e muita badalação – está comprometido pela pandemia. Alguns setores e até ofícios específicos – como os músicos – serão duplamente alvejados, sem Micareta e São João.
Não faltam excêntricos minimizando os efeitos da pandemia, considerando o novo coronavírus um problema menor, uma “gripezinha” qualquer. Efetivamente, a pandemia é passageira, mas seu alcance é amplo, profundo e vai se estender por mais tempo do que se pensava no início. Com ela, problemas inesperados estão emergindo, exigindo solução.
Nos próximos dias, não faltará quem se dedique a antigas recordações, a fotos das Micaretas passadas, à nostalgia que combina tão bem com o ócio do isolamento social. Mas é bom também aprender com a pandemia. Se fosse algo banal, a Covid-19 não faria a Micareta sua primeira vítima em solo feirense.

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