A
semana começou com mais gente circulando pelas ruas da Feira de Santana.
Defronte aos bancos, filas imensas. Mais do que isso: em algumas agências,
havia quase aglomeração. Nenhum cuidado em relação à distância recomendada para
evitar o contágio pelo coronavírus. Despreocupados, alguns entabulavam
conversas, lançando perdigotos sem qualquer pudor. Muitos dos que penavam à
espera de atendimentos eram idosos, segmento mais expostos aos riscos da
doença.
As
lojas de autopeças funcionaram à toda. Ali nas imediações do antigo Minadouro
quase todo mundo abriu as portas. O caos habitual de veículos, pedestres,
motociclistas e ciclistas misturando-se na batalha por espaço foi pouco intenso.
Mas os magotes nas esquinas, as conversas despreocupadas diante das lojas, os
lanches coletivos em torno da bicicleta do vendedor de salgados foram
corriqueiros.
Nem
todo mundo está preocupado com as recomendações sanitárias: numa loja de peças
para motocicletas, os balconistas atendiam sem máscara ou álcool gel, alisando
o balcão enquanto o cliente recitava sua demanda. Naqueles espaços exíguos, é
impossível respeitar a recomendada distância de 1,5 metro.
Pelas
calçadas pouca gente exercitou a prudência, mantendo essa distância de quem
passava. Não falta quem retire a máscara para conversar, aos berros, com
interlocutores distantes. Também não é difícil encontrar, descartadas com
displicência pelo chão, as máscaras usadas para reduzir a exposição aos vírus.
É dos itens mais comuns no lixo feirense.
“O
movimento caiu mas está dando para segurar. Pior é fechar, como aconteceu por
aí, né”? comentou um comerciante lá no Centro de Abastecimento. Pelas vias
maltratadas do entreposto, muita gente para os padrões de uma terça-feira. E
pouca compra, porque os preços estão subindo. Gente que trabalha por lá se
reúne em pequenos grupos, comentando as novidades da epidemia.
Um
vendedor de carne estava desconsolado: “Eles fazem essa guerra e a gente é que
paga...”. Para ele, a pandemia de coronavírus é parte de uma guerra biológica
entre potências econômicas. Pelas ruas da Feira de Santana não é difícil
encontrar quem cultive essas fantasias conspiratórias.
À
tarde, tem sido comum o movimento declinar. Há menos veículos e menos gente
circulando. Quem precisa sair, resolve suas pendências pela manhã. À noite –
depois do crepúsculo curto do outono que tinge o céu de um amarelo avermelhado
– a quietude é maior. O trânsito declina abruptamente e os intervalos de
silêncio, sem os ruídos dos motores, tornam-se mais longos.
É o cenário de uma cidade
que vai retomando sua rotina? Não, porque o problema, por aqui, está apenas
começando. Hoje não faltaram comentários, lúgubres, sobre o aumento no número
de casos da doença aqui na afamada Princesa do Sertão.
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