Quem tem o
hábito de viajar com certeza lembra como o movimento era intenso nas rodovias
da região da Feira de Santana. Vans de passageiros, utilitários, automóveis,
motos e motonetas agitavam os dias com o seu intenso ir-e-vir. É evidente que
tudo foi mais vibrante antes da eclosão da crise econômica de 2015, que se
estendeu até 2016 e resultou em crescimento econômico anêmico nos anos
seguintes. Mas, mesmo assim, ainda se via gente circulando, naquela azáfama
típica do interiorano.
A mudança na
política de preços da Petrobras vem elevando absurdamente o custo dos
combustíveis e reduzindo os deslocamentos da população. Hoje se vê menos
carros, motos e até motonetas nas rodovias. Noutros tempos, conduziam gente –
até carga – reduzindo a dependência dos transportes coletivos, – formais ou
informais – sobretudo em regiões densamente habitadas, com cidades próximas e
diversas povoações.
É o caso do
Recôncavo, próximo aqui da Feira de Santana. Lá, além da proximidade das cidades,
há a infinidade de povoados, distritos, comunidades rurais. No soluço de
prosperidade do começo da década passada, essa gente recorria aos próprios
veículos quando demandava comércio, serviços e até prosaicas visitas
familiares. Foi um tempo de otimismo, de esperança em relação ao futuro, que
cedeu lugar à desolação atual.
Quem ainda
mantém seu veículo próprio – a pandemia e as agruras econômicas forçaram muitos
a se desfazer dos seus bens – circula menos com os preços impraticáveis dos
combustíveis. O que se vê, então, são rodovias secundárias desertas por longos
trechos. Sem gente circulando, compra-se menos, vende-se menos, o que se traduz
no paradeiro econômico comum nas cidades menores.
Essa
prosperidade às avessas se irradia pela economia, alcançando amplos segmentos,
mas prejudicando, sobretudo, aqueles que têm a população mais pobre como
clientela. É o caso dos mercadinhos, padarias, salões de beleza, bares e
restaurantes, só para mencionar alguns setores mais afetados. Principalmente
aqueles localizados em bairros populares.
Contrariando
a realidade, o desgoverno de plantão alardeiaretomada, crescimento em “v” e
outras sandices que números e expectativas desmentem. É óbvio que a economia crescerá
em 2021, mas os desarranjos decorrentes da pandemia e – sobretudo – da feroz
revogação de direitos, com o aumento da desigualdade, alvejam a população mais
pobre, os pequenos municípios. Para esses, não há essa retomada e, menos ainda,
a prosperidade que a claque, impudente, arrota.
O fato é que
a pandemia vai arrefecendo – especialistas alertam que cuidados seguem
necessários – e, aos poucos, os brasileiros vão se deparando com o cenário
pós-pandemia. Sob qualquer circunstância, este seria funesto. Mas, sob a batuta
da horda aboletada no Planalto Central, assume feições trágicas.
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