Pular para o conteúdo principal

Faleceu Hélder Alencar, referência da imprensa feirense

 

Hoje a Feira de Santana amanheceu de luto e o jornalismo feirense ficou mais pobre. Faleceu o jornalista, procurador aposentado da Uefs e historiador Hélder Alencar. Fundador do extinto jornal Feira Hoje – um dos marcos do jornalismo impresso local durante quase três décadas –, Hélder desempenhava a função de editor-chefe da publicação nos anos 1970, época em que os impressos alcançaram seu auge mundo afora, mas também por aqui. Embora não o tenha vivido, sei que foi um período fervilhante.

Considero-me um dos legatários da iniciativa de Hélder Alencar e de Egberto Costa, dois dos jornalistas fundadores do Feira Hoje: em meados dos anos 1990, já na fase final do jornal, tive a oportunidade de trabalhar na redação do Feira Hoje, à época sob a chefia do jornalista Valdomiro Silva. Foi lá que comecei esta já longa trajetória, foi lá que cursei, no batente, o jornalismo na prática. O débito com os pioneiros fundadores do jornal, portanto, é imensurável.

Só muito recentemente – a partir de 2017 – tive a oportunidade de conviver com Hélder, trabalhando na reitoria da Uefs. Até então, conhecia-o só de encontros eventuais com amigos jornalistas. Hélder era mestre na arte da conversação, que podia se estender por horas sem que o interlocutor percebesse a passagem do tempo.

No curto, mas marcante convívio profissional conversava com ele frequentemente. Aprendi muito sobre a Feira de Santana e suas personagens, me inspirei em sua serenidade e sabedoria para lidar melhor com os desafios que marcam a administração pública. Nos corredores da Uefs ou no estacionamento defronte ao prédio da Administração Central, sempre parava para ouvi-lo. Era um prazer ouvi-lo. Quando dizia que ia almoçar na casa do meu pai, ele fazia um comentário engraçado:

– Vai filar o pirão do velho, hein?

Infelizmente, no seu sepultamento, Hélder não pode receber as homenagens dos seus inúmeros amigos e admiradores, porque foi vítima da Covid-19 e não houve velório. Para mim, vai-se uma das maiores referências jornalísticas, que admirava desde os tempos em que, pouco mais que adolescente, comecei a labutar na redação inesquecível do jornal Feira Hoje.

Hélder Alencar, a partir de agora, é parte da História do jornalismo feirense. Diria mais: torna-se parte da própria História feirense. Pesaroso, faço este texto pálido à guisa de homenagem...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Parlamento não digere a democracia virtual

A tentativa do Congresso Nacional de cercear a liberdade de opinião através da Internet é ao mesmo tempo preocupante e alvissareira. Preocupante por motivos óbvios: trata-se de mais uma ingerência – ou tentativa – da classe política de cercear a liberdade de opinião que a Constituição de 1988 prevê e que, até recentemente, era exercida apenas pelos poucos “privilegiados” que tinham acesso aos meios de comunicação convencionais, como jornais impressos, emissoras de rádio e televisão. Por outro lado, é alvissareira por dois motivos: primeiro porque o acesso e o uso da Internet como meio de comunicação no Brasil vem se difundindo, alcançando dezenas de milhões de brasileiros que integram o universo de “incluídos digitais”. Segundo, porque a expansão já causa imensa preocupação na Câmara e no Senado, onde se tenta forjar amarras inúteis no longo prazo. Semana passada a ingerência e a incompreensão do que representa o fenômeno da Internet eram visíveis através das imagens da TV Senado:

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada feira-livre que mobilizava comerciantes e consumidores da região. Isso na época em que não existia a figura do chefe do Executivo, quando as questões administrativas eram resolvidas e encaminhadas pela Câmara Municipal.           

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da