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A vacinação infantil contra a Covid-19 na Feira

 

Pesquisei, mas não consegui descobrir quantas crianças na faixa etária dos cinco aos 11 anos residem na Feira de Santana. Mesmo assim insisti, consultando fontes diversas para tentar alcançar, pelo menos, um número aproximado. No site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, vejo que exatos 78.349 estudantes estavam matriculados no Ensino Fundamental em 2020. É aquele nível de ensino que abrange a faixa dos 6 aos 14 anos.

É necessária, portanto, alguma dedução para a faixa dos 12 aos 14 anos. Também é essencial considerar aqueles que enfrentam o drama da distorção idade-série e, dessa forma, tem mais de 15 anos e não figuram na faixa etária que me interessa. Assim, muito grosseiramente, imagino que pelo menos 50 mil crianças entre cinco e 11 anos residem na Feira de Santana.

Dados do mesmo IBGE indicam – é uma estimativa realizada anualmente, não a contagem censitária da população – que, em 2021, 624.107 almas residiam aqui na Feira de Santana.Talvez quase 10% da população feirense tenha entre 5 e 11 anos de idade. É um contingente significativo.

Por fim, fui consultar o vacinômetro da Prefeitura da Feira de Santana e descobri que 505,3 mil pessoas tomaram pelo menos uma dose de vacina contra a Covid-19 e outras 8,6 mil receberam a dose única. Considerando todos estes números, deduzo que a imunização da faixa etária dos 5 aos 11 anos vai aproximar – e muito – o município da universalização da vacinação.

Há, porém, um empecilho significativo: a ostensiva campanha de Jair Bolsonaro, o “mito” – uma espécie de Herodes dos tempos modernos, para quem gosta de referências bíblicas – contra a vacinação infantil. Desde antes do Natal o “mito” vocifera contra a imunização deste público. Movido por sua pulsão pela morte, não poupa nem as criancinhas brasileiras, coitadas.

Depois de muita lambança os trogloditas cederam e mais à frente – sabe Deus quando – as vacinas vão chegar para as crianças brasileiras. Os acólitos mais fanatizados do “mito”, no entanto, devem segui-lo, impedindo a vacinação de seus filhos. O gesto, além de colocar em risco estas crianças, exporá as demais em escolas e espaços recreativos e, também, os adultos que convivem com elas. Enfim, o dano será amplamente socializado.

Aqui na Feira de Santana, pelo menos 443 mil pessoas tomaram as duas doses ou a dose única. Falta cerca de 180 mil pessoas fazê-lo. Avançar com a vacinação infantil será um passo significativo para a universalização e o efetivo controle da Covid-19, sem prejuízo de todos os demais cuidados que seguirão necessários.

Até aqui, não ouvi líderes políticos locais defendendo a imunização infantil. Muitos são acólitos do “mito” e, por esta razão, se calam, para não contrariar o eleitorado mais fanatizado. Os demais perdem uma excelente oportunidade de se posicionar contra a barbárie e a pulsão pela morte que empesteia o ar destes tempos ásperos...

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