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Bahia deve replicar polarização nas eleições estaduais

 

O encontro do eleitor brasileiro com as urnas é só daqui a 11 meses. Mas a movimentação nos bastidores políticos já é intensa na Bahia. Tudo indica que a polarização – a palavra se banalizou, mas aplica-se ao contexto baiano – das últimas eleições vai se repetir no estado. Numa trincheira, o petismo e seus aliados sustentando a candidatura do senador Jaques Wagner (PT); do outro lado, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, que tenta desbancar o petismo liderando o União Brasil, legenda que é fruto da fusão em andamento do DEM com o PSL.

Há um ano o cenário na situação – o petismo governa a Bahia há quase 16 anos – era bem mais confuso. Além do ex-governador Jaques Wagner, o senador Otto Alencar (PSD) e o vice-governador João Leão (PP) também figuravam como potenciais postulantes ao Palácio de Ondina.

A anulação dos processos contra o ex-presidente Lula (PT) – maior cabo eleitoral no estado – cacifou o ex-governador Jaques Wagner e freou os ímpetos de Otto Alencar e João Leão, embora este último ainda insista no discurso da pré-candidatura. Tudo indica, portanto, que a situação lançará a candidatura única de Jaques Wagner, chancelada pela popularidade e pela força política do ex-presidente Lula.

Líder nas pesquisas até o momento, o ex-prefeito ACM Neto, por sua vez, enfrenta uma dissidência no seu grupo: João Roma (Republicanos), alçado à condição de Ministro da Cidadania, até aqui, figura como pré-candidato a governador. Sua função seria garantir palanque para Jair Bolsonaro, o “mito”, na Bahia. O atual ministro será mesmo candidato? Não se sabe.

O que se sabe é que se especula muito sobre eventuais cisões, deserções, adesões, cooptações. Um dos pilares que dá sustentação ao projeto petista na Bahia, o PP de João Leão, vem sendo alvo de inúmeras especulações: manterá a aliança com o petê em 2022? Migrará para a base de ACM Neto, conforme se cogita há tempos? A legenda detém dezenas de prefeituras e é fiel na balança nas eleições estaduais. Suas opções podem ser decisivas em 2022.

Circulando pela Bahia, ACM Neto já contabiliza algumas adesões da base petista. Notícias indicam que, no começo de dezembro, sua pré-candidatura será formalizada em um evento na capital. Em entrevistas, ele já alveja as políticas de segurança pública e de educação do atual governo. E, ao que tudo indica, aposta em renovação, na saturação do ciclo petista de 16 anos.

Os petistas, por sua vez, apostam no carisma e na popularidade de Lula para alavancar a candidatura de Jaques Wagner, que já foi governador duas vezes. Daí o esforço para nacionalizar a eleição, associando ACM Neto ao desastroso desgoverno de Jair Bolsonaro. É indiscutível o peso eleitoral de Lula na Bahia. Mas será que a estratégia dará certo?

Essas e outras dúvidas se desfarão com o passar dos meses. Mas já é evidente que o cenário ficou muito mais nítido nos últimos meses. Nele, destacam-se as pré-candidaturas de ACM Neto e Jaques Wagner.

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