Pular para o conteúdo principal

A pendenga da LDO no Legislativo feirense

 

Impressionante a pendenga envolvendo a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na Câmara Municipal aqui da Feira de Santana. Pelo jeito, a atual legislatura é traquejada em temas áridos como planejamento e orçamento. Provavelmente no segundo semestre o caldo vai entornar ainda mais. É que, nele, será apreciada a Lei Orçamentária Anual, a LOA, e, ainda mais importante, o Plano Plurianual, o PPA. São conteúdos mais candentes que a LDO.

Juntos, PPA, LDO e LOA compõem o tripé dos instrumentos de planejamento legados pela Constituição de 1988. O Plano Plurianual tem vigência de médio prazo e abriga diretrizes, objetivos e metas da administração pública para um intervalo de quatro anos. É elaborado logo no primeiro ano de mandato, estendendo-se pelo quadriênio seguinte. No ciclo do planejamento, é o instrumento mais estratégico, com horizonte temporal mais amplo.

A LDO – motivo de tanta celeuma aqui na Feira de Santana – desempenha função tática, articulando o estratégico (O PPA) com o operacional, a LOA. Em suma, cumpre o papel de mediar a relação entre o estratégico e o operacional, o médio prazo com o curto prazo, o idealizado com o palpável.

O leitor, provavelmente enfastiado, deve estar lembrando que tento ensinar padre-nosso a vigário: afinal, o noticiário atesta a ampla desenvoltura do Legislativo feirense com questões orçamentárias. Imagino que sim. Mas é bom lembrar que, caso de fato pretendam favorecer a população feirense – isso é repetido ad nauseam na tribuna da Câmara – a discussão essencial tem que se dar nos debates sobre o plano plurianual e o orçamento.

Caso tenham acesso a alguma cópia do PPA 2018-2021 os vereadores podem começar fazendo o dever de casa, aprendendo com o plano em vigência. Até para contestar, questionar, discordar, endossar, apresentar suas emendas. A partir deste debate, com certeza poderão favorecer a população feirense, conforme se repete com tanta frequência.

Vozes discordantes veem na peleja da LDO só um pretexto para muitos vereadores espezinharem o prefeito, fustigá-lo como represália. Represália ao quê? À resistência em abrigar parentes e cabos eleitorais na Prefeitura, nomeá-los para cargos. É o que se comenta nas esquinas do centro da Feira de Santana, sem meias-palavras, praticamente aos berros.

Os próximos meses indicarão se estas vozes discordantes estão com a razão. Ou não.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Parlamento não digere a democracia virtual

A tentativa do Congresso Nacional de cercear a liberdade de opinião através da Internet é ao mesmo tempo preocupante e alvissareira. Preocupante por motivos óbvios: trata-se de mais uma ingerência – ou tentativa – da classe política de cercear a liberdade de opinião que a Constituição de 1988 prevê e que, até recentemente, era exercida apenas pelos poucos “privilegiados” que tinham acesso aos meios de comunicação convencionais, como jornais impressos, emissoras de rádio e televisão. Por outro lado, é alvissareira por dois motivos: primeiro porque o acesso e o uso da Internet como meio de comunicação no Brasil vem se difundindo, alcançando dezenas de milhões de brasileiros que integram o universo de “incluídos digitais”. Segundo, porque a expansão já causa imensa preocupação na Câmara e no Senado, onde se tenta forjar amarras inúteis no longo prazo. Semana passada a ingerência e a incompreensão do que representa o fenômeno da Internet eram visíveis através das imagens da TV Senado:

Cultura e História no Mercado de Arte Popular

                                Um dos espaços mais relevantes da história da Feira de Santana é o chamado Mercado de Arte Popular , o MAP. Às vésperas de completar 100 anos – foi inaugurado formalmente em 27 de março de 1915 – o entreposto foi se tornando uma necessidade ainda no século XIX, mas só começou a sair do papel de fato em 1906, quando a Câmara Municipal aprovou o empréstimo de 100 contos de réis que deveria custear sua construção.   Atualmente, o MAP passa por mais uma reforma que, conforme previsão da prefeitura, deverá ser concluída nos próximos meses.                 Antes mesmo da proclamação da República, em 1889, já se discutia na Feira de Santana a necessidade de construção de um entreposto comercial que pudesse abrigar a afamada feira-livre que mobilizava comerciantes e consumidores da região. Isso na época em que não existia a figura do chefe do Executivo, quando as questões administrativas eram resolvidas e encaminhadas pela Câmara Municipal.           

Patrimônio Cultural de Feira de Santana I

A Sede da Prefeitura Municipal A história do prédio da Prefeitura Municipal de Feira de Santana começou há 129 anos, em 1880. Naquela oportunidade, a Câmara Municipal adquiriu o imóvel para sediar o Executivo, que não dispunha de instalações adequadas. Hoje talvez cause estranheza a iniciativa partir do Legislativo, mas é que naqueles anos os vereadores acumulavam o papel reservado aos atuais prefeitos. Em 1906 o município crescia e o prédio de então já não atendia às necessidades do Executivo. Foi, então, adquirido um outro imóvel utilizado como anexo da prefeitura. Passaram-se 14 anos e veio a iniciativa de se construir um prédio único e que abrigasse com comodidade a administração municipal. Após a autorização da construção da nova sede em 1920, o intendente Bernardino Bahia lançou a pedra fundamental em 1921. O engenheiro Acciolly Ferreira da Silva assumiu a responsabilidade técnica. No início do século XX Feira de Santana experimentou uma robusta expansão urbana. Além do prédio da